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O OUTRO LADO DA PRESUNÇÃO
"Todo homem arrogante é abominação ao Senhor; certamente não ficará impune", Prov.16:5

A presunção, tal qual qualquer outra característica humana, divina, boa ou má tem sempre seu outro lado correspondente. Todo coração reage mediante circunstâncias, toda circunstância terá um efeito num coração e numa conduta: mas tudo depende do coração que se tem. Um coração santo reage bem ou mal mediante aquilo que o confronta, quer seja bom ou mau. Se aquilo que confronta é mau, reage mal, mas se for de Deus reagirá bem. Um coração mau também reage favoravelmente ou não consoante o que o confronta também. Um coração mau reage bem para com aquilo que é mau. Reagir bem ou mal é a capacidade de todos os tipos de coração. Nem se pode julgar o reagir de alguém senão levarmos em consideração porque reage. A ira de Deus não é pecado porque é uma reacção adequada a um coração bom. A ira do homem é egoísta e adaptada a si mesmo e às suas próprias circunstâncias.

A presunção é algo egocêntrico e contraditório e contradiz-se a ela própria como forma de vida, pois ela nunca leva em conta a verdade dos factos quando estes mudam, estão presentes ou aparecem diante de si como verdade. E os pecadores agarram-se a uma maneira de ser e não a reacções espontâneas e naturais. A maioria dos pecadores aprendem a presumir porque mentem até para si mesmos, para depois se manterem presumindo sempre, quer seja adequado ou oportuno, quer não seja. Todo presunçoso tem tendência para achar que a verdade é mentira e que a mentira é verdade por causa do coração que tem dentro de si. Quando os factos são reais, todo o tipo de presunção os terá como irreais, para que, quando eles forem irreais os possa ter como reais em sua mente e conduta. A presunção vive de sonhos que nunca alcança e todos os sonhos são, de algum modo, inspirados na presunção. Um homem, para fazer grandes coisas em Deus, não necessita sonhar sobre elas: basta ver Deus como Ele é e ser realista sobre tudo que vê e verifica por ele mesmo.

Nós fomos feitos para engrandecer nosso Deus, porque Ele é grande. Nascemos com uma característica de engrandecer para podermos entender e conviver com Deus, nosso Criador. E sabemos que quem é grande faz coisas pequenas, mas quem é pequeno não faz coisas grandes mas pode entendê-las como grandes porque Deus deu aos homens essa característica de engrandecer. Na ausência de Deus em nossas vidas e afazeres, partimos com essa característica para longe de Deus. E assim vemos a presunção nascer porque não conseguimos ser naturais nas coisas que fazemos devido à ausência de nosso Deus. Esta característica individual com a qual todos nós nascemos, mantém-se connosco sempre que estamos afastados do nosso Criador. Ora, assim sendo, teremos muito poucas hipóteses de vir a fazer pleno uso desta nossa constituição dentro daqueles parâmetros de criação e constituição pessoal que somos. Logo, só nos restará consolidar esse anseio beneficiando o pior dos tiranos sobre a terra: nós próprios.

Toda a presunção é uma forma de arrogância e todo tipo de arrogância é um culto privado – até mesmo quando bajulamos os outros, será sempre por motivos de contentamento próprio. O oposto do amor é o egoísmo e não o ódio. E presunção é egoísmo que se mantém apenas porque floresce sobre uma maneira de ser quando distante de seu Criador. Ódio é apenas mais uma forma do egoísmo. O oposto da lei de Deus é o egoísmo e o egocentrismo – seja ele de que tipo for. A presunção é apenas e tão só a locomotiva dessa vida – dessa forma de vida – longe da essência do verdadeiro amor. "Deus é amor", 1João4:8. Isto quer apenas dizer e afirmar que Ele é o oposto do egoísmo. Logo, como sente a falta de existência duma vida real dentro de si, duma essência daquele amor líquido, verdadeiro e real, cada humano usará as suas características para uso exclusivo e para oferecê-lo à ilusão e à alusão. Já que não o usa para aquilo que foi criado porque se acha afastado de Deus sem o saber, não podendo passar sem se usar dele devido à sua criação e constituição pessoal, passa a usá-la para beneficiar um tirano: o próprio. O pecado não será propriamente a falta de amor, mas será antes a presença de amor em si por si, a presença dum tipo de amor e servidão a tudo quanto qualquer tipo de egocentrismo exige e pede de nós, tanto em bons quanto em maus momentos e em maus e bons termos. A simpatia nem sempre é uma atitude prestável e louvável aos olhos de Deus, pois muitos são simpatiquíssimos devido ao que querem dar a entender de si mesmos, ou devido àquilo que querem alcançar para si próprios. Mas a simpatia nem será coisa errada quando natural e com os motivos por trás dela que glorificam e dignificam Deus como Ele é. Logo, quando se está longe de Deus, forma-se um certo mecanismo  que começa por funcionar por ele, o qual tem por obrigação saber efectuar mas de forma errada e cambaleante, para com o ser errado, sempre preenchido e locomovido através do vento da ilusão, pois apenas o Espírito de Deus presente em nós terá como e porque nos levar a fazer e ser de forma constante e concreta aquilo para que fomos inicialmente feitos e concebidos – dar glória a Deus que, somente, é grande. Nessa ausência de Deus, faremos como somos, só que a nós mesmos ou para nós e servindo a ilusão pela Sua ausência sentida, pois em nada somos grandes e nem mesmo quando nossos instintos influenciados, depravados e enganados por nossos anseios, conseguiremos mudar nosso tamanho e dimensão, seja de que jeito for. Todo e cada homem respirará pelo seu nariz – sempre; e também respirará um ar que nunca lhe pertence e que nunca deixará de ser uma dádiva comum a qualquer homem.

O homem acha-se grande, sendo pequeno, por causa disso mesmo. Mas existe sempre uma realidade que se contrapõe sempre que cada homem pensa iludir-se sobre algo grande ou grandioso a seu respeito. O homem é pequeno e humildade é assumir aquilo que somos. Humildade em Deus é assumir aquilo que Ele é também. É essa proeza enganadora a responsável por reiterar ou retirar a confiança de dentro de cada homem, pois, sem Deus só existe alguém em quem confiar e servir, mas que não é de confiança: o próprio.

Vemos, então, que a incredulidade é uma ilusão e uma pretensão. A incredulidade nunca é coisa inerte e inexpressiva, mas é uma inimizade declarada e activa. O facto da pessoa criar um rancor contra o Opositor que se acha directamente oposto à concretização de sonhos e ilusões muito próprias, cria nele um semblante que afirma que Deus não existe apenas por conveniência e que, caso exista, será para servir suas próprias pretensões, paixões e devaneios peculiares. É aqui que nascem as religiões, pois cada um concebe uma para lhe servir, servindo-a. Deus e religião são as coisas mais opostas que existem na face da terra, pois Deus é real quando toda a religião moral ou imoral é irreal e O torna irreal rezando a quem e com quem se deveria falar aberta e simplesmente, obtendo d'Ele correspondência e retorno nessa mesma conversa.

A religião permite ao homem fazer o que ele quer mesmo falando sobre o que não deve como norma de lei. Um religioso dirá sempre que não se pode matar quando mata e conjuga sempre as duas coisas dentro de si. Dirá que não pode pecar vivendo em adultério e promiscuidade descarada para ele mesmo. Foi assim que os "amorosos" da Inquisição puderam matar seu próximo, será assim que continuarão sempre enquanto existirem. Nenhum ídolo, que nem se mexe por ele (pois tem de ser carregado em procissão), terá como castigar uma infracção. Por isso, os homens facilmente se dedicam a ele e gostam dele, pois tal coisa é-lhes favorável e não tem como castigar a infracção. Logo, toda a bênção e toda a maldição serão sempre uma miragem e uma alusão que cada qual faz consoante o que quer crer. Só que, existe ainda uma esfera real, pois Deus não deixou de existir apenas porque os homens não crêem n'Ele, ou tenham-no como Ele não é e nem pode ser. Deus punirá a infracção, seja ela achada em quem for.

A religião serve o homem mediante a cultura e os anseios de cada qual. A religião não serve Deus na prática, mas coloca Deus a servir todos os anseios de cada religioso como o próprio homem pretende, concedendo o que ele próprio imaginou e desejou para si mesmo. O homem torna-se religioso porque se acha longe de Deus e a sua própria constituição e criação "lembra-lhe" de Deus. Por essa razão dedica-se a servir a ele mesmo consoante os ódios ou os rancores que tem em si mesmo, consoante as necessidades e anseios de alma que o pecado criou nele e desenvolveu dentro dum sistema cultural ao qual se possa referir. Por essa razão a religião terá um santo casamenteiro, um Deus que abençoa em dinheiro e outras coisas mais. Por essa razão, também, a religião põe Deus a servir o pecado do homem e o homem como ele é. Nenhuma religião, por bíblica que ela se haja tornado, serve Deus como Ele é enquanto permanecer religiosa. Quem não conhece Deus pessoalmente nunca O terá como e porque servir. Os que já O conhecem, podem servi-Lo ou não. Mas, o facto é que, a incredulidade é uma presunção humana e até a Bíblia a tem como tal. "Diz o tolo no seu coração: Não há Deus. Corromperam-se e cometeram abominável iniquidade; não há quem faça o bem. Deus olha lá dos céus para os filhos dos homens, para ver se há algum que tenha entendimento, que busque a Deus. Desviaram-se todos e juntamente se fizeram imundos; não há quem faça o bem, não há sequer um", Sal. 53:1-3. Eles só dirão que Deus existe por conveniência simples e poderão até dizer e afirmar que Deus os ama, mas será sempre através daquele intuito de se poderem servir e desse jeito e através deles cultivarem ou continuarem o hábito de ceder a seus próprios anseios em seu interior. Há quem não mate, mas assista com deleite a um filme onde se mata. Esse deleite manifesta o tipo de coração que se tem por dentro: mesmo que não pratique a matança, irá irar-se e metralhar a seu próximo com a língua – o que, para Deus, irá dar no mesmo. Para Deus não existe diferença entre terrorismo e a má-língua. Não existe pecado pequeno e nem diferente, porque quem o pratica tem um tipo de coração.

Quem pode presumir, tanto o fará para um lado quanto para o outro. Todo o presunçoso é egoísta e a sua presunção é uma forma de ilusão e egocentrismo. Mas a capacidade de engrandecer existe dentro de todos os homens e mulheres deste mundo. Um presunçoso é um oportunista que espreita sua oportunidade, ou para enfrentar, ou para poder escapar do que não lhe convém enfrentar. Digamos que, um presunçoso que acha que consegue fazer tudo, também será pessoa para dizer que não consegue sempre que o desafio se torna real e realista. Presunção e desanimo andam lado a lado e o desanimo será sempre o outro lado de todo tipo de presunção. Quem desanima tem certas presunções, com toda a certeza, pois Deus nunca concretizará nem as coisas boas dentro de qualquer homem que presume e é pretensioso.

Presunção é um jogo de conveniência e tem sempre segundas intenções por detrás dela. Será por essa razão que, quem presume de si mesmo (ou de outros), é dado a uma hipocrisia em constante ebulição e mutação, pois muda de face mediante as circunstâncias com as quais se venha a cruzar. Um presunçoso nunca dirá que não pode quando não pode – só dirá que não pode quando pode e não quer. Como as bússolas buscam o pólo norte para orientarem, também o coração de quem presume busca sempre o irreal, pois não sabe buscar outra coisa por ele com o coração que tem. A incredulidade e a presunção são parentes muito próximas, pois uma convive com a outra através dum entendimento celular, entendimento esse que nem precisa ser discutido entre elas sequer. Como a presunção domina o coração, é natural que o coração busque quem o possa dominar ainda. Por essa razão, sempre que alguém tentar passar por humilde dizendo que não pode fazer algo por sua salvação em Deus, temos de levar em conta que esse é apenas o outro lado do orgulho e da contrariedade dentro do homem, pois ele não quer parar de pecar e esconde-se falando que cabe a Deus fazer tudo, usando-se duma verdade para mentir para si mesmo e para se desculpar diante dos outros. Um homem que não se quer ver livre de seu pecado por alguma razão escondida, afirmará sempre que não se pode salvar do mal em questão e atribui o poder a Deus do qual não faz uso. Muito diferente será a versão dum vivente que achou realidade em Cristo, pois tal pessoa dirá: "Posso todas as coisas n’Aquele que me fortalece", Fil.4:13. E nem por isso deixa de ser humilde porque está falando a verdade - se for verdade. Mas, qualquer presunçoso poderá, efectivamente, afirmar também que Deus está com ele e que o fortalece sempre que é o seu pecado e desejo que o fortalece. O presunçoso dirá que Deus está com ele sempre que não está, também. Mas, se Deus estiver efectivamente com ele, sentir-se-á hesitante e fora de seu ambiente natural. Isto é o que está acontecendo dentro das igrejas cristãs. Fé verdadeira é crer na verdade: fé é dizer que Deus não está connosco sempre que Ele não está e sempre que não pode estar devido a pecado por limpar. Fé é realista e real em relação a tudo que vê e não vê e seja verdade e verdadeiro. Fé é acreditar naquilo que é verdade - ou naquilo que irá ser verdade. Nem tudo aquilo que se vê é o que parece ser e nem tudo que não se vê é irreal. Como o presunçoso confia nele mesmo em exclusivo, confiará e crerá só naquilo que vê, conforme vê. Se não pode ver Deus, nem pode crer. Por isso Jesus falou "naquele que pode crer", pois existem os que nem conseguem crer mas dizem que crêem e agem como se estivessem a crer. Querem com isso achar um galardão da parte de Deus e só obterão engano porque se entregam ao engano e provocam Deus à ira.

Quem presume, é do contra. Quem é do contra, será contra Deus, contra ele próprio, contra qualquer coisa – desde que seja do contra não se importará contra quê, pois apenas age e reage mediante o coração que é contrariante e reside nele para impor, até a ele próprio, dentro de si. Quando um presunçoso é contrariado, ele vive bem e em seu meio ambiente, mesmo que se queixe disso, pois entramos em seu território favorito. Todos os lutadores deste mundo buscam com que lutar luta, todos os tristes buscam suas mágoas e tristezas favoritas, todos os bêbados buscam com que cambalear e todos os cachorros buscam algo que os faça latir. Se formos a favor de quem presume e não houver quem o contrarie, ele irá ver como achar algo para contrariar quem está a seu favor, pois busca lenha para seu fogo e seu coração aponta para o conflito, buscando o que alimenta e supre seu coração e pecado favorito nele. Por essa razão se regozijam e se enaltecem quando acham um justo em seu caminho. "Os reis da terra se levantam e os príncipes juntos conspiram contra o Senhor", Sal.2:2.

Logo, um presunçoso age como um animal irracional e pensa pouco, é irascível e impaciente e vive conforme o próprio coração que tem nele constituído. Por essa razão se lê que "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu próprio caminho", Is.53:6; nem se lê aqui que um pecador ande no caminho de outra pessoa, senão em seu próprio apenas. "Mas não ouviram, nem inclinaram os seus ouvidos; antes andaram cada um na obstinação do seu coração malvado (…) uma conspiração se achou entre os homens…", Jer.11:8,9. Esta conspiração é, na verdade, contra eles próprios. Mas nenhum presunçoso e enganado sabe ver o que é verdadeiro e verdade acerca das suas próprias coisas. Amem.    

José Mateus

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