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VENDO DEUS
"Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus", Mat.5:8

É um privilégio ter como e porque ver Deus. Sabemos que muito pouca gente o consegue, pois, ver como Ele é, é algo sublime e algo mais a ter em conta no nosso dia-a-dia. Mas nunca deveria ser coisa difícil, pois nada mais fácil de se conseguir deveria haver para qualquer Criatura, que contemplar seu Criador. Deveria ser mais fácil ver Deus do que respirar, se não levarmos em conta pecados não lavados pela confissão e liquidação através da sua exposição na luz.

Mas o que é isto de ver Deus e o que acontece quando vemos nosso Senhor e Rei? O que é, o meu caro leitor terá necessariamente de descobrir por si, pois não tenho palavras as quais possam exprimir tal coisa em nós. Posso adiantar que é uma manifestação interior, intensa, real e a qual não necessita de força duma fé fictícia para que O experimentemos como Ele é – nada mais conclusivo existe na face de toda a terra, nada mais real e verdadeiro se nossa fé não for fingida. Mas, as condições de se poder e ter como e porque ver Deus, deveriam ser as únicas preocupações de todo o crente e não de como é vê-Lo. O que acontece será uma realidade quando acontecer porque as condições foram cumpridas. Essas mesmas condições deveriam ser o único dilema para todo o ser humano - não como é vê-lo, mas antes tudo o que impede de fazê-lo, tudo que tira dessa realidade.

Mas, a quem vê Deus quero dirigir estas palavras. Quando alguém experimenta algo sublime, se ainda por cima essa coisa sublime é algo em que se descria anteriormente, logo torna-se essa experiência algo de outro mundo – precisamente aquilo que não é. Há, então, que voltar à normalidade da criação, onde a criatura é habitada pelo Criador sem que tal coisa fosse algo demais para se ter em conta como tal. Deus, Emanuel, ou como Elias afirmou, "Deus em cuja presença estou", é algo natural para quem está limpo de coração e com tal coisa nunca ninguém se devia admirar, pois é assim que Deus enche nossa vida, preenche todo aquele vazio da Sua própria ausência, por haver estado outro deus menor em nós: o pecado. Por essa razão diz a Palavra e muito bem "Enchei-vos do Espírito", querendo isto manifestar que, se Deus não estiver em nós, estamos na realidade vazios e sem Vida real, mesmo que achemos que vivemos. Mas quando Deus vier conviver em si, consigo mesmo, quando isso for real para a criatura, terá de se habituar a tal convivência de forma real, pois a si e a Deus nada interessa que esteja sempre a remoer a ideia de que Deus está em si, quando está de facto ou mesmo quando não está. Quem não pára de remoer a ideia de que Deus está com ele quando está de facto (porque descrê), é sempre alguém que afirmará que Deus está com ele quando não está (pensando que deve ser crente). A mentira é sempre a opção mais fácil de tornar tal "pessoa inconstante em todos os seus caminhos".

É de esperar que alguém se sinta feliz começando a andar quando esteve paralítico durante muitos anos, como foi o caso daquele homem à porta do Templo de Jerusalém, a quem Pedro disse levanta-te e anda. Sabemos que ele entrou no templo depois de dar um enorme salto inicial, depois do qual ele "Começou a andar e entrou com eles no templo, andando, saltando e louvando a Deus", Act.3:8. Mas, para que lhe serviria aquele milagre se ele nunca mais parasse de saltar e louvar a Deus assim euforicamente? Deus o curou para que se cansasse em vão, ou para Lhe poder dar glória através da sua vida inteira no futuro? Mais tarde ou mais cedo, teria de se ir habituando à ideia de estar são e começar assim uma vida normal para Deus, razão pela qual o Criador se dignificou curando-o naquele momento. O nosso andar serve para que andemos nas ruelas da vida para efectuarmos as obras de Deus. É de esperar que a pessoa pare logo com a experiência do milagre e comece a usar suas pernas para glorificar Deus sem estar mais a pensar que era paralítico.

Assim deverá ser, também, para quem começa a ver Deus: para algo, por alguma razão, Ele se manifesta como é, pois embora seja o acontecimento que maior felicidade pode trazer a qualquer criatura neste vasto universo (mesmo quando já não é algo estranho para essa criatura), devemos encetar um dia-a-dia normalíssimo dali em diante, pois Deus merece que achemos que é normal conviver com Ele em nosso emprego, em nossas alegrias e tristezas todas, em nosso lar, em todo lugar sem excepção, pois foi assim que ele originalmente nos criou a todos - para vivermos com Ele. Vindo a Deus, façamos por esquecer que não estávamos nele. Mas como as pessoas acham que tal coisa lhes é inteiramente impossível (isto é, estar com Deus e conviver com Ele a nível pessoal), logo acham que é algo de extraordinário quando acaba por acontecer. Mas, tenhamos em conta que isso apenas nos é extraordinário porque divagamos entretanto, saindo da origem de toda a nossa existência e que, quando voltamos a Deus, logo devemo-nos munir daquela ideia de que teremos de esquecer que fomos vagabundos em toda nossa existência anterior. "Todos nós andávamos desgarrados como ovelhas, cada um se desviava pelo seu caminho Is.53:6. Se assim não fizermos, dificilmente permaneceremos na verdade, pois Deus não se acercou de nós para nos tornarmos egoístas, mas o oposto. E o oposto do egoísmo é o amor.

Sendo assim, poderemos prosseguir com aquela manifestação dentro de nós, com a razão porque essa mesma presença se manifestou em nós, para fazer de nós mesmos a santidade que é d'Ele também, através da presença dum Espírito que é Santo até de Nome. Logo, estando a fitar a verdadeira semelhança de Deus, poderemos e haveremos assim de ser engolidos por essa mesma visão, sendo transformados e retransformados segundo essa mesma imagem real, 2 Cor.4:4. Nós sabemos como um camaleão se transfigura pelo meio ambiente onde se encontra inserido, pois tem todo o poder de mexer e remexer em suas próprias características naturais manifestando as cores do ambiente onde se encontra; e, tanto assim é, que penso que nunca ninguém se atreverá a dizer de que cor é um camaleão realmente. Vamos então, desse mesmo prisma, falar antes de quem vê Deus continuamente, de quem se transforma apenas numa coisa, que nunca muda de lugar em lugar para que assim esteja se colorindo de Deus e descolorindo do mundo, sempre e continuamente, conforme o lugar onde dormita e pousa: se entramos na real presença de Deus, arranjemos maneira de permanecer por lá então pela santidade e prazer e nunca pelo esforço.

Sendo isso uma ocorrência real, é de se esperar que as pessoas se mudem e transfigurem mediante aquilo que vêm, pois até mesmo Jesus disse que "A candeia do corpo são os olhos; de sorte que, se os teus olhos forem bons...", Mat.6:22. Uns olhos que passam seu tempo vendo (e apreciando mesmo), as coisas que o mundo tem para oferecer, será alguma vez transformado em discípulo à semelhança de Cristo? Ele será um resplendor daquilo que vê, um reflexo da mentira. Pior de tudo, é que deixa de ver Deus, por muito que tal pessoa diga que é crente e que canta e louva ao Senhor - ou que aceitou Cristo. Assim sendo, havendo Deus deixado de existir para essa pessoa, ela vai vivendo de memórias acreditando que é coisa real, se é que alguma vez teve Deus, se é que tem memórias mesmo e estas não sejam meras ilusões de desejo. Nós nos transformamos mediante tudo aquilo que vemos e apreciamos.

Logo, se estivermos vendo Deus em Sua real pose de Vida, vamo-nos transfigurando como um camaleão o faria caso estivesse contemplando Seu Criador – assim vai Deus ganhando Seu terreno em nós, conquistando, galgando todo nosso coração pela Sua manifestação em nós, pois penetra até ao mais profundo de toda nossa alma e será propriamente de lá que o veremos para que assim sejamos transfigurados à Sua imagem: "segundo as riquezas da sua glória, sejais robustecidos com poder pelo seu Espírito no homem interior", Ef.3:16. "Contudo, convertendo-se um deles ao Senhor, é-lhe tirado o véu (para que veja). Mas todos nós, com rosto descoberto, reflectindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor", 2Cor.3:16-18. Veja se consegue entender, ver até onde se estende o verdadeiro significado deste versículo: "Quanto a mim, em rectidão contemplarei a Tua face; eu me satisfarei com a Tua semelhança quando acordar", Sal.17:15.

José Mateus

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