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ENSINAR A GUARDAR TUDO QUE JESUS ENSINOU

"Mas o que tendes, retende-o até que eu venha. Ao que vencer, e ao que guardar as minhas, obras até ao fim, eu lhe darei autoridade sobre as nações", Apoc2:25-26

Não é comum encontrarmos pessoas que tenham como fazer várias coisas ao mesmo tempo, estar em locais distintos ou falar em simultâneo alto e baixo. Acho que é impossível. Mais impossível se torna, se as coisas que temos que fazer mexem em sua maioria com aquele nosso sistema de fazer essas mesmas coisas. Seria o mesmo que esperar dum carro que andasse enquanto está a ser reparado numa oficina. Não é possível tal coisa - ou uma, ou outra. A obra de Deus é essa: arranjar quem anda para que ande bem - depois apenas. "Toda vara que dá fruto, Ele a limpa, para que dê mais fruto", João 15:2. Não convém andar quando se estiver a ser reprogramado pela nova vida, para que andemos em novidade de plenitude, de força e poder simples.

Mas se vemos que ninguém gosta das ferramentas que Deus usa, pois são sempre muito pessoais - determinadamente pessoais e vão até ao fim - nada mais podemos senão questionar a vontade de quem diz querer servir Deus.

O que Deus quer, será apenas aquilo que um bom mecânico deseja: tempo e disponibilidade duma qualquer viatura para ser arranjada - e que a viatura não se ache em condições de andar quando não está. Mas assim que estiver em plenas condições de o fazer, que também não queira mais ficar por lá parada, saindo para dar glória a quem a reparou.

Porém, se a viatura não estiver disponível, como se arranjará? E se estiver com pressa de sair daquela oficina que chega mesmo ao fundo de todas as questões e avarias? E se a viatura ou seu dono não gostarem do cheiro da oficina, do jeito do mecânico, das ferramentas que usa? Na obra de Deus em nós será a mesma coisa - ou fazemos a nossa revisão instalando novos e diferentes programas em nós mesmos, ou andamos conforme aquilo que nos apetece, conforme o poder precário do qual dispomos. Então, se quisermos poder conviver com mais poder, melhor poder, teremos de ter uma viatura que possa suportar os muitos cavalos novos em sua estrutura.

Para isso, temos de entender muito rapidamente que ou estamos ocupados com Suas obras em nós mesmos, ou nos dedicamos a outras antes de podermos ser usados. Podemos servir um mestre apenas. Ou entramos naquele ciclo dum novo emprego que desejamos, duma esposa, dum novo carinho, duma ilusão, ou tão só seguimos Deus naquele emprego, naquela realidade que nos é propícia em dado momento encetar e empreender, uma obra duradoura em nós mesmos, porque é feita em Deus pelas suas provações numa obediência contínua, a qual Deus pretende assegurar desde logo. Uma das características duma qualquer obra Sua, é que tem como permanecer - permanecer para sempre. Mas lemos que, da própria boca de quem dizemos ser nosso Senhor, "Se guardardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor; do mesmo modo que eu tenho guardado os mandamentos de meu Pai e permaneço no seu amor", João 15:10. Será preciso saber e aprender a obediência à verdade, sob pena de não termos como mantermo-nos na rota até ao fim do longo e difícil caminho estreito, que é Cristo em pessoa, o Qual tem como conduzir à vida, de tal forma que lá se seja eterno e constante dentro dessa vida que agora é, constante e eterna. Não será possível permanecer em algo do qual nos é contrária a sua natureza, pois ou mudamos antes, ou caímos eventualmente se encetamos sem mudança, se entramos no curral, mas não pela porta. Essa vida é eterna - nós teremos necessariamente de ser constantes e permanentes também.

O que Deus nos ensina não será fazer as coisas, mas sim o jeito de permanecer fazendo sempre e em qualquer circunstância. Se bem nos recordamos, a oração modelo de Jesus, ensina-nos a orar que a "Sua vontade seja feita aqui na Terra como ela é feita lá no Céu" e não apenas que a Vontade seja feita. Mais importante será o jeito, o à-vontade na difícil tarefa, o poder com que se faz e o acesso a tudo isto - incluindo acesso a esse poder; será de importância primordial, pois para um pecador será importante aprender, sendo, os contornos, os meios e recursos de uma nova vida, mais do que a Vontade em si; como se tem acesso a ela, mais do que tentar empreendê-la sem jeito e sem poder e ajuda de Quem é Salvador, isto é, sem bênção de cima. Depois de quebrar a barreira dos nossos pecados não confessados - o acesso a tudo isto através do sangue de Cristo - há que nos apoderarmos de tudo aquilo que nos pode ser promessa a qual pode estar ao alcance duma oração de todo o coração. É óbvio que se apreendemos a fazê-la e aprendemos a saber como fazê-la, também teremos como aprender qual a Vontade a fazer.

O contrário não garante nada disto, isto é, se soubermos qual a vontade, nada nos garante que a vamos poder encetar na perfeição, porque, saber apenas qual a Sua vontade, nunca nos dá acesso direto a ela, à sua efetivação pois lemos sobre "aqueles servos que sabiam a vontade do Mestre e não a fizeram" os quais sofrerão maior dano e mais açoites que aqueles que não sabiam , consequentemente, não a fizeram por essa razão. Mas, sabendo fazer, sabendo guardá-la num coração puro e em fogo real, o como e o porquê, a disponibilidade e o interesse interior, um coração que se torna voluntário e inconscientemente constante na Sua feitura, através do Seu poder, tudo subsistindo n'Ele e através d'Ele para Ele, sendo Ele mesmo tanto a própria meta como também o próprio caminho para ela, no encetar daquilo que Deus quer e o poder e a bênção daquela presença real de Deus em nós, dá-nos sempre acesso automático a esta vontade, sem a qual nunca veremos Deus sequer.

Transparece que é aquele acesso a esta Vontade Suprema que nos está vedado como a Árvore da Vida estaria pela espada flamejante à volta dela. Estamos, pois diante de algo como "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados, de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor", e "Deus suscitou a seu Servo e a vós primeiramente vo-lo enviou para que vos abençoasse, desviando-vos, a cada um, das vossas maldades", Act 3:19,26. Uma fé natural não se admira, não se acanha diante e perante uma real presença de Deus, não imaginada, não imitada por forças satânicas ou emocionais, nem endoutrinada apenas. Será diante desta real presença onde as pessoas terão de ser achadas com naturalidade, com à-vontade aceitável diante do Próprio. As pessoas separaram-se de Deus pelo pecado - agora terão de reaprender a perfeição de estarem cercados e envolvidos com a Sua presença que é novidade, mesmo embora nunca o devesse ser. Não só o espírito voluntário será necessário, mas um que seja governável pelo próprio Espírito Santo. Daí que a vontade de Deus seja que se consiga como fazer as coisas de forma idêntica à maneira que ela é feita nos Céus, acima de tudo, mas de forma eterna e constante, para sempre e não apenas temporariamente. Há que ensinar a guardar, a permanecer, mais do que ensinar o que guardar.

Sem o acesso tanto a ela como ao espírito voluntário que a pode preceder e permitir fazer como Deus quer que seja feita, do jeito que Deus aceita de nós, isto é, segundo a nova natureza e nunca segundo o nosso parecer, segundo o que agora somos e nunca segundo obras às quais nos entregamos contraditoriamente e também segundo aquela disponibilidade e desejo de serem feitas em Deus somente, nunca poderemos aspirar a uma real presença de Deus - mas a uma fictícia sim. Daí que se comece na carne não é de admirar, mas que se acabe e termine no Espírito é de esperar de seres completamente regenerados, pois este Espírito só é dado àqueles que têm como Lhe obedecer, Act.5:32. É esta voluntariedade espontânea e sem preço que Deus busca em nós pela renovação que em nós começou, "aprendendo a obediência" desde a confissão dos nossos muitos pecados anteriores até àquele praticar espontâneo de justiça celestial, aquela justiça que buscamos acima daquelas coisas que nos podem ainda vir a ser acrescidas, das quais nem sempre tomamos consciência. Daí que lemos que Jesus fala dos que nem sequer sabiam que O haviam visitado na prisão, nem que Lhe haviam vestido e dado de comer quando estava nu e com fome. Tudo começa em um inicial negar da carne, passando para um mais adiantado estado de coração e natureza de apenas não mais ter como ceder a ela, para depois chegar a abominar - que será mais que um simples ódio dela - não apenas a carne, mas até a roupa manchada dela. É como alguém que gostava tanto de chocolate que enjoando por haver comido demais dele, chega até a sentir vontade de vomitar com aquele simples cheiro do chocolate. Há pessoas assim. "E, ainda que tenhamos conhecido Cristo segundo a carne, contudo agora já não o conhecemos desse modo", 2Cor. 5:16.

No início, mais do que as obras, aquele coração que as pode encetar voluntariamente, espontânea e alegremente, muitas vezes sem estar apercebido sequer das suas próprias capacidades e feitos em Deus, é a prioridade de toda a Obra de Deus. Daí que lemos que "a obra de Deus é que creiais naquele que O enviou" e que o fim do mandamento será uma fé não fingida. Também lemos em Apocalipse algo que parece estranho demais à luz dos evangelhos modernos que proliferaram desde tempos incoerentes. Lemos que "Conheço as tuas obras, e o teu amor, e a tua fé, e o teu serviço, e a tua perseverança, e sei que as tuas últimas obras são mais numerosas que as primeiras". Apoc 2:19. Não apenas que tipo de amor, que tipo de perseverança e fé, mas também que as obras já são mais numerosas, como se antes não houvesse qualquer acesso a poder empreender e que o acesso às tais obras aumenta conforme o achar dum coração plenamente dedicado a elas, como se Deus nos retribuísse por obras interiores, assimilando que poder e ter como fazer as coisas de Deus é graça e privilégio de seres santos e que Deus vai permitindo na medida do coração de quem as busca fazer - mas à Sua maneira, do Seu jeito. Daí que lemos ainda mais uma coisa estranha em 1Sam. 12:14: "Se temerdes ao Senhor, e o servirdes, e derdes ouvidos à sua voz e não fordes rebeldes às suas ordens, tanto vós como o rei que reina sobre vós, continuareis seguindo o Senhor vosso Deus"; daqui deduzimos que seguir ao Senhor depende de podermos ouvir e de podermos seguir o Senhor, de sermos plenamente capacitados para o fazermos. "Senhor, tu hás de estabelecer para nós a paz; pois tu fizeste para (em) nós todas as nossas obras. Ó Senhor Deus nosso, outros senhores além de ti têm tido o domínio sobre nós; mas, por ti só (através d'Ele!), nos lembramos do teu nome", Is.26:12,13.

É à luz desta forma de ver as coisas que quero despejar tudo aquilo que dentro de mim ferve para sair, destila para dar e tornar bebível. Também levaremos em conta as últimas palavras do Senhor Jesus em Mat 28:20 "ensinando-os a guardar (observar) todas as coisas que eu vos tenho mandado". Não será tanto ensinar as coisas, mas sim ensinar a guardar as coisas - o jeito, como e porque razão, levando em linha de conta que a isto Ele acrescentou as palavras "e eis que eu estou convosco todos os dias, até a consumação dos séculos". Sem Ele estar, nada feito e só vêem Deus aqueles que são e estão limpos de coração (Mat.5:8). Por isso é um processo gradual, mais rápido em uns do que em outros, que começa com aquele confessar de todos os pecados anteriores, a tal "cédula a qual nos era contrária", Col.2:14, terminando e culminando sempre numa santificação real de tudo aquilo que o pecador é e pode ser em Deus por Ele, para que tal santificação sirva de rampa de lançamento para as tais obras grandiosas que Deus ainda tem para nós sem a qual nada será aceite, pois tudo assim foi feito em vão. Sem esta santificação ninguém verá Deus, por muitas vezes que haja levantado as mãos em determinados cultos para "aceitar o Senhor". Sem uma paz de espírito inicial, real e nunca deliberada e forçada, sem uma consciência tranquila por estar limpa e tranquilizada por obra Deus e nunca através do próprio costume perverso e pervertido do próprio pecaminoso em se auto-tranquilizar, ouvindo e dizendo "Paz, paz; quando não há paz" curando superficialmente a ferida de quem poderia ser Seu povo, Jer.6:14, nunca se obterá aquele acesso desejado de poder efetuar, não apenas aquelas obras que nos salvam e nos reprogramam divinamente, mas também as que podem salvar os outros para agradarem a Deus pela santificação - antes e depois dela. Apenas aqueles que trazem verdadeira paz entre homem e Deus e homem e seu próximo, serão chamados filhos de Deus. Mat 5:9, Heb 12:14. Há sempre palavras de grande importância que nos passam sempre despercebidas. Por exemplo, as palavras em "Mas, a todos quantos o receberam, aos que crêem no seu nome, deu-lhes o poder de se tornarem filhos de Deus", João 1:12. Não que já sejam considerados filhos de Deus.

Também veremos que o verdadeiro cessar das obras de Deus será tão só perder o acesso santo e santificado a elas e não deixar de ser crente ou de ir à igreja. As pessoas desviadas de Deus, por norma tornam-se hiper-ativas dentro da igreja. É com essas pessoas que as igrejas se enchem hoje, o verdadeiro tropeço da salvação do mundo que vê e observa a hipocrisia de tudo aquilo que dizem fazer para Deus por Deus, sem que nada real se manifeste entre eles, com exceção das suas muitas palavras. Quem não permanece nas obras com todas as características do seu primeiro amor, estará irremediavelmente condenado, pois decaiu daquela graça "Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o que está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados", 2Pe 1:9. E muitos há que nem sequer nessa purificação dos seus muitos pecados chegaram, quanto mais a esquecerem-se dela! E se ele próprio se esqueceu dessa mesma purificação dos seus pecados, como se lembrará Deus do perdão dos mesmos? Apenas vê o que está perto e não sabe como sair de qualquer tentação que começa a achar normal para não deixar a igreja que frequenta. Daí que, se Deus se empolga em ensinar como guardar, com que poder e como ter acesso a esse poder real, mais do que guardar, o crente deve manter todas as suas baterias apontadas e atentas para o manter do jeito, do poder e da habilidade e destreza através dum coração puro e plenamente purificado para que a plenitude de Deus possa abundar, habitar e operar em nós e através de nós, sem tropeços daqueles que nos fazem balançar entre verdade e mentira. Será precisamente isto tudo que lemos no Sal. 51: 10-13: "Cria em mim, ó Deus, um coração puro, e renova em mim um espírito estável. Não me lances fora da tua presença, e não retire de mim o teu santo Espírito. Restitui-me a alegria da tua salvação, e sustém-me com um espírito voluntário. Então ensinarei aos transgressores os teus caminhos e pecadores se converterão a ti". Este é o evangelho, o único que deve ser promovido e vendido de graça, sem dízimos nem ofertas, pois " de graça recebestes, de graça dai", Mat 10:8. Quem nunca recebeu será quem cobra para dar. Como não tem como dar, engana-se a si mesmo recebendo em troca. Se recebe, acha sempre que tem o que não recebeu para dar, pois é recompensado e acha que tal recompensa é aquela bênção de Deus.

Sabemos que quem sustenta qualquer fruto será a árvore com Sua seiva, tanto na época embrionária da flor, como no crescimento e de seguida no amadurecimento total do fruto - tudo sem pressa, mas a seu tempo sem atraso também. "Não és tu que sustentas a raiz, mas a raiz a ti", Rom 11:18. Há que "haver estas coisas" em nós, para que as possamos encetar negando apenas os nossos anteriores afazeres juntamente com a sua múltipla forma e fórmulas de fazer as coisas da mesma maneira, fazendo aquilo que nunca é, nem será. Aquele em quem não há estas coisas, será sempre cego demais para ver que aquilo que acha que faz é e será em vão por ser fingido e não aceite por Deus. Foi o caso de Caim do qual descaiu o rosto para sempre por culpa própria, pois não fora achado digno por não saber como poder praticar o bem de maneira aceitável, pois não nos esqueçamos que ele sacrificou em tudo de igual forma como Abel também o fez. Não se humilhou diante de quem sempre teve como modificar os corações dos homens pecadores, não se reconciliou antes de oferecer a Quem nunca se tem como comprar. Não fazer as obras é perdê-las, não de vista, mas sim de poder fazê-las da única maneira que a Deus agrada - em Cristo para Ele e por Ele. "Aqui na Terra como no Céu" deixou de ser normalidade pois algo abominável a Deus e talvez querido e despercebido aos homens, parecendo bem a seus próprios olhos apenas, penetrou em seus aposentos, separando o novo homem do seu Recriador. Esta nova natureza sem Deus nunca funciona, pois Deus avisou desde muito cedo que "a terra a que estais passando para a possuirdes é terra de montes e de vales; da chuva do céu bebe as águas", Deu 11:11. Nada aqui funciona ou tem o poder de funcionar como no Egito se fazia e manifestava.

Cessar de fazer as obras nunca é deixar de estar ativo na mesma, mas sim de perder o jeito do primeiro amor. Vamos, então, ver e recapitular todas as coisas que sabemos e não sabemos, para vermos se não se perdeu nalguma encruzilhada antes de chegar ao fim. É que lemos sobre alguém de quem Deus diz "Conheço as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua perseverança; sei que não podes suportar os maus, e que puseste à prova os que se dizem apóstolos e não o são, e os achaste mentirosos; e tens perseverança e por amor do meu nome sofreste, e não desfaleceste. Tenho, porém, contra ti que deixaste o teu primeiro amor", Apoc. 2:2-4. Não sei se você consegue fazer tudo o que esta igreja fazia, desde a perseverança a achar os apóstolos mentirosos como tais mesmo, nunca conseguindo ser fingido diante deles. Mas sendo nada é, havendo sido feito, sem a força na alegria e poder daquele amor perdido num cesto dum qualquer pecado, na esquina duma qualquer maldade. Este amor em vez de se perder, haveria de crescer e tornar-se árvore forte onde os pássaros achassem onde se aninhar e descansar, aprender justiça e retidão.

A sua terra prometida já não é o Egito - mas diga-me como se rega o fruto daquilo que cultiva? É você quem rega ou será Deus que faz cair sobre ela a Sua chuva? Você dá oportunidade a que seja Deus a regar a sua obra de amor, "por causa da verdade que permanece em nós" como diz João? Esta permanece em si? Tem como? Ou rega artificialmente para não ter que se sujeitar a uma limpeza de espírito e alma na sua totalidade? Quem mata Saul, é você ou Deus? (1Sam.24:6,10; 26:9). Quem faz florescer seu Jardim? Ou se alegra apenas porque tem um jardim para cuidar, mesmo cuidando dele à sua maneira, como fazia quando ainda era Egípcio? Não lemos nós que "O Senhor te guiará continuamente, e te fartará até em lugares áridos, e fortificará os teus ossos; serás como um jardim regado, e como um manancial, cujas águas nunca falham"? Isa 58:11. Mas será muito comum, quando as águas falham por estarmos em discórdia com Deus sem nos apercebermos de tal coisa, nos ligarmos a uma cisterna própria, rota e a qual nunca retém as águas - e por essa razão trabalhamos muito produzindo muito pouco! Por essa única razão não devemos obter confiança na quantidade de trabalho e obra que fazemos, mas na quantidade de fruto que esta produz e mantém de forma eterna. Tudo aquilo que se mantém por ela mesma, fala por si. Daí que lemos sobre os crentes que "Porquanto, não conhecendo a justiça de Deus, procurando estabelecer a sua própria não se sujeitaram à justiça de Deus", Rom 10:3. Também que "Porque o meu povo fez duas maldades: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram para si cisternas, cisternas rotas, que não retêm as águas. Mas o meu povo trocou a sua glória por aquilo que é de nenhum proveito", Jer 2:13.

Vamos começar desde o início então. Para termos um relacionamento com Deus intenso e profundo, há que o ter primeiro, há que O encontrar pessoalmente - sem que seja preciso passar por cima de todas as dúvidas, ou mesmo daquelas duvidosas certezas que temos sempre conosco. Para o encontrar há que limpar nosso coração, do passado, do presente que nos leva a fazer o que nos corrói e corrompe sempre e para sempre, do futuro o qual não temos como controlar - tudo terá que sair de todo o nosso sistema e do horizonte das nossas metas e não só. Vamos ao passado.

O que terá a haver as obras de Deus com nosso passado? E não falo aqui das mágoas, das más e boas lembranças apenas, como também de todos os pecados em seus muitos pormenores pestilentos. Se não for aos pormenores de tudo o que fez a pessoas, a si mesmo, a Deus contra si e a Deus contra homens, como poderá quebrar aquela barreira entre si e Deus, entre si e quem é seu próximo, entre si e aquela vontade de Deus em forma viva para si mesmo? Não terá acesso nenhum a qualquer dos privilégios daqueles que começam a entrar na porta estreitíssima da Vida eterna havendo ainda um pecado por confessar, um centavo por restituir, um relacionamento para restabelecer - apenas um. Se parar de confessar antes que haja obtido aquele aval que apenas os limpos experimentam e do qual se apercebem e dão testemunho e percebem porquê, que se traduz numa confiança audaz que nada tem de fingida e forçada, sendo muitas vezes simples demais e até quase despercebida ao próprio; se parar com um singular pretexto de se haver sido limpo pelo batismo, se sobrar um simples pecado não pode contar que vai conseguir permanecer de pé diante do Filho do Homem por muito tempo. Se parar numa encruzilhada, parando de confessar porque se batizou, porque se congregou, porque orou, porque leu a Bíblia, seja porque razão for, não manteve esta parte importante das obras de Deus até ao fim. Há que se humilhar diante de homens, crianças e Deus - diante de todos sem exceção.

Mas vamos adiante. Passou aquela porta estreita e não saltou o muro para ter outra forma de entrar no aprisco das ovelhas para ter como ser ovelha por fora das regras, exteriormente. Humilhou-se já, é ovelha mesmo? Sabe, assim que tiver que ser tosquiada, nenhuma ovelha dará sinal de si, pois se não for ovelha iremos ouvir murmurações de si em breve. Mas vamos assumir que é ovelha por dentro, só que nunca foi tosquiada ainda, nem tratada, nunca soube o que é seguir um Pastor. Tem a santidade à porta, mas, ainda não a alcançou, mesmo que ache que sim porque não conhece outra vida senão a que levou até aqui. Não sabe ser obediente, aliás, não sabe o que será ser obediente - ter um coração tal que obedece e segue por natureza, sem conflito no ouvir, sem murmúrio no sofrer. Aceita-se, pois acabou de entrar pela porta estreita. Mas e agora? Já pode descansar, perverter a razão porque entrou? E o caminho apertado e difícil que se segue, do qual Cristo falou? Vê, que coisa é esta de "e ao que guardar as minhas obras até o fim"? Será hora de parar porque sentiu, presenciou o descanso de consciência duma confissão de pecado total? Há quem confesse a metade e pare - mas haverá também aqueles que confessam e restituem tudo e param depois. Qual a diferença entre estes dois tolos? Lemos na Bíblia "segui (persegui!) a paz"; tudo bem, fez bem em confessar todos os pecados em todos os pormenores e alcançar esta paz sem igual no mundo, aquela que nos intui para o não temer nunca mais, (Deixo-vos a paz, a Minha paz vos dou; eu não vo-la dou como o mundo a dá. Não se turbe o vosso coração, nem se atemorize". João 14:27).

Mas onde diz "segui a paz" também diz "e a santificação, sem a qual ninguém verá Deus". Então, em que ficamos? Não nos esqueçamos que a santificação, juntamente com a justificação da qual ainda não falamos, faz parte dum processo. Quer apenas dizer que sem a santificação - que nem será a meta final sequer - ninguém tem como ver Deus. O alvo será conviver com Deus e perto de Deus, ter um coração que o permita e faça com um à-vontade natural tudo aquilo que é em Deus e contrário e oposto à carne, será parte das obras de Deus cá na terra. Ver Deus já e agora, essa é a meta, pois Deus não se entrega a qualquer um. Como lemos, "Mas o próprio Jesus não se confiava a eles, porque os conhecia a todos, e não necessitava de que alguém lhe desse testemunho do homem, pois bem sabia o que havia no homem". João 2:24,25. Deus transforma qualquer um, mas não se entrega sem que as pessoas se hajam transformado de fato, para que Lhe sejam obedientes por natureza e não por preceito e princípios de decisão, não decidindo que se obedece a Deus, mas sim tendo como obedecer decide-se depois de obter o tal coração de verdade. Ter um coração que se assemelha ao de uma ovelha, ao de Cristo que obedeceu até ao fim, para então se viver e conviver conforme esse mesmo coração, dentro da Real Presença de Deus, com todas as Suas características de pureza, poder, liberdade e beleza, será essa a única vontade de Deus a alcançar hoje. Muna-se duma concordância e verifique as vezes que lemos as palavras "esta é a vontade de Deus" (esta é a vontade de Deus, que façais as obras do Pai - que tenhais como fazer e empreender sempre; esta é a vontade de Deus - a vossa santificação). Existem vontades de Deus já expressas para si, pois quando estiver a dizer "ah, qual será a vontade de Deus para a minha vida?", lembre-se que pode estar a querer fugir às grandes questões de santificação e pureza, pois quer que Deus guie sem ter como guiar para e por um coração humilde e puro, porque provavelmente prefere manter aquele que não se sabe humilhar ainda, dentro do panorama bíblico onde nenhuma pedra tem como permanecer sobre outra para lá esconder algo. Não acha que as palavras de Elias "Deus, em cuja presença estou" significam muito mais do que aquilo que delas entendemos? Elias marchava, caminhava diante, dentro, por Deus e era aprovado por Alguém que tudo vê. Não é fácil estar na real presença de Deus e manter-se em pé mesmo assim. Daí que lemos em Lucas 21:36, "Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais (...) estar em pé na presença do Filho do homem", pois estar na Sua real presença parece ser pouco ainda.

Então, as obras de Deus serão tão só, não fazer a Sua vontade, mas sim poder vir a fazê-la da maneira, do jeito, na presença, com o aval, pelo testemunho, de Deus em presença real e nunca fictícia nem imitada pelo "anjo da luz" que são trevas no fim das contas. É assim que as palavras na oração do " Pai Nosso" ganham a dimensão que Cristo lhas quis atribuir para sempre. "A Tua vontade seja feita AQUI NA TERRA COMO ESTA É FEITA NO CÉU" - do mesmo jeito, com o mesmo coração. Então, a vontade de Deus para nós, nunca será fazer a Sua vontade, mas sim fazê-la, aprender e ter como fazê-la da mesma forma que é feita lá no céu onde não há pecado, só que aqui onde há - havemos que fazê-la de igual modo. Se Deus lhe der um marido, da maneira como deu a Rebeca e recebê-lo como ela o fez - obedecendo sem o conhecer porque conhecia o Deus de Abraão, que conhecia bem a Isaque e em Quem ela confiava que faria uma ótima escolha por ela, para glória de Deus; se vier a receber um marido destes e ele falecer um mês, um ano depois, que pretendia Deus alcançar senão a sua obediência e confiança n'Ele? Saiba filho de Deus, que enquanto estivermos aqui na terra seremos sempre e tão só "como ovelhas para o matadouro". "Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro", Rom 8:36.

Lembra-se de Cristo, Aquele a quem professamos? Ele que criou o mundo, por quem todas as coisas foram feitas, para glória de Deus, desse nós lemos: "esvaziou-se a Si mesmo, tomando a forma de servo, tornando-se semelhante aos homens; e, achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, tornando-se obediente até a morte e morte de cruz", Fil.2:7,8. Depois lemos "Sede pois imitadores de Deus, como filhos amados", Ef. 5:1; "E vós vos tornastes imitadores do Senhor, tendo recebido a palavra em muita tribulação, com gozo do Espírito Santo", 1Tes. 1:6. Lemos também que "Porque para isso fostes chamados, porquanto também Cristo padeceu por vós, deixando-vos exemplo, para que sigais as suas pisadas", 1Ped. 2:21.

Vamos ter como exemplo de fé e persistência, uma das melhores ilustrações em toda a Bíblia, a meu ver, sobre isto que aqui despejo sem conseguir expor tudo como quereria. Vamos olhar para a vida de José, antes, durante e depois do Egito. Deus deu-lhe uns sonhos, os quais Jacó interpretou fielmente diante de José. Ele, José, ouviu e respeitou o pai como homem fiel a Deus, o qual falava as palavras de Deus. De seguida foi preso, vendido e jogado fora do sítio onde pensava que ia ver seus irmãos encurvarem-se diante dele, mesmo não sabendo porque teriam eles de o fazer. Logo poderia pensar que Deus era impróprio para estabelecer aquilo que revela diante de gente má; poderia pensar também que os irmãos eram fortes demais e que Deus nada poderia fazer para cumprir a Sua palavra; muita coisa poderia ter passado pela sua jovem cabeça. Seria caso para dizer que, desde o início, este homem sofreu muito e sempre inocentemente. Ele mais que ninguém poderia fazer uso das palavras de Naomi, "vazia o Senhor me fez visto que o Senhor testemunhou contra mim e o Todo-Poderoso me afligiu". José não pediu que seus irmãos se viessem um dia encurvar diante dele; não pediu que Deus lhe viesse trazer essa mensagem em sonho; ou estaria errado quando a contou a estes? "Agora, José, a vontade de Deus nunca mais se fará porque falaste demais e os teus irmãos anteciparam-se a Deus! Porque não ficaste calado, antes isso que não deixar que Deus consiga os Seus intentos". Foi assim, neste estado de espírito que José foi levado para o Egito. Mas desde logo notou aquela Mão inconfundível, estando com ele na escravatura, tanto de Potífar, como dos seus próprios pensamentos e muitas dúvidas. Tudo se ordenava onde punha a sola escolhida de seus pés. Havia uma escravatura interna de dúvidas e pensamentos ruins também, dos quais Deus o tiraria com a chegada dos seus filhos - muito antes da chegada de seus irmãos ainda. Depois foi mandado preso pela sua inocência, havendo sido fiel em tudo. Na prisão viu de novo a Mão que tudo lhe impingia e de novo tudo lhe seria confiado como a um mordomo fiel. Até aqui, ele nada entendia. Só quem passa por tais coisas pode testemunhar da dificuldade delas - quem delas ouve o testemunho achará que é uma história muito bonita e emocionante, logo agora porque sabe qual o seu fim. É diferente quem ouve de quem passa pela história real. Quem ouve não tem o mesmo espírito de quem vive e vice-versa - são pessoas que nunca se irão entender por natureza.

De seguida, quando tudo estava sob a sua mordomia e descrição (a tal preparação para uma obra maior onde iria ser mordomo, mas de milhões), aparecem dois homens de quem ele interpreta fielmente aqueles sonhos. Tudo bateu certo, com exceção daquelas palavras inspiradas "Mas lembra-te de mim, quando te for bem; usa, peço-te, de compaixão para comigo e faz menção de mim a Faraó e tira-me desta casa; porque, na verdade, fui roubado da terra dos hebreus; e aqui também nada tenho feito para que me pusessem na masmorra", Gen 40:14,15. Mas, como sabemos que naquele momento Deus lhe revelara instantaneamente os segredos das revelações - pois haja homens a quem Deus tenha como revelar instantaneamente - soube a razão da vinda destes mancebos para aquela prisão. De novo, uma nova revelação vinda de Deus que não batia certo. A razão porque estes dois homens vieram parar naquela masmorra, seria para a sua saída dali. Não encobriu que era inocente. Pediu ao que seria copeiro de Faraó de novo, que se lembrasse dele lá no palácio, sendo ele inocente. Mas este homem esqueceu tudo, pela alegria de também não haver sido morto como o outro. Como é que alguém se esquece de algo assim, dum sinal destes? José poderia pensar que as pessoas seriam sempre assim, assim que se dão bem se esquecem de quem passa mal. Mas não podia pensar desse jeito sabendo que quem se "esquecia" dele seria Deus em pessoa e nunca o homem em questão.

Dois anos passaram até que se lembraram dele porque Deus deu um sonho a Faraó! De seguida, mais sete anos de trabalho de palácio e de poder - tudo para Deus salvar muita gente. Que faria José se fosse brasileiro, português, ou hebreu e não peregrino apenas? Ele tinha poder de ir visitar seus parentes, de os ir buscar antecipadamente até. Mas não, José aprendeu aquilo que lemos no Sal. 131: "Senhor, o meu coração não é soberbo (metendo em afazeres que não provêm de Ti), nem os meus olhos são altivos; não me ocupo de assuntos grandes e maravilhosos demais para mim. Pelo contrário, tenho feito acalmar e sossegar a minha alma; qual criança desmamada sobre o seio de sua mãe, qual criança desmamada está a minha alma para comigo. Espera, ó José, no Senhor, desde agora e para sempre".

Passaram-se nove anos e o dia da concretização dos seus sonhos proféticos desenrolou-se diante de seus olhos. E foi assim que um simples condenado à desgraça salvou o mundo inteiro. Mas antes disso tudo, aprendeu a obediência ao Senhor no Senhor, a seguir apenas Seus passos quando e como Ele os proporciona - nem antes nem depois, batendo certo como um relógio purificado e restabelecido que nem se atrasa nem nunca se adianta. Antes de restabelecermos a vontade de Deus na Terra, há que estabelecer e restabelecer nossos corações na verdade, há que estabelecer como fazer tal como esta é feita lá nos céus. Uma coisa de cada vez e com toda a paciência, crente. Não pediu, nunca cantou "faz Tua vontade em mim"? A maioria dos crentes será condenada, disso não tenho qualquer dúvida, pois muitos são chamados, poucos serão os escolhidos no fim. Mas serão condenados porque apenas oravam "Senhor, faz Tua vontade em mim" para logo de seguida insinuarem ao próprio Deus qual seria essa vontade! É a sua, ou a vontade de Deus a qual tem de vir a ser estabelecida desde logo? José aprendeu, não a gerir, mas a gerir o seu coração no Senhor, na esperança. Geriu a casa de Potífar, geriu a prisão, depois o Egito e todos os bens de Faraó - salvou assim o mundo. Foi fiel no pouco e mau da prisão, foi estabelecido sobre muito. Uma formação acadêmica dar-nos-ia conhecimentos de gestão - mas naquela escola da santificação, ganhamos um simples coração que nada sabe, mas que ouve Quem sabe. Obter estes corações, deste jeito, são essas as tais obras que teremos que levar até ao fim. Sem este coração, nunca teremos como habitar nos céus. Esta é a vida eterna: que se conheça (que se possa vir a conhecer Quem a nós não se entrega nem se confia). Lemos isso mesmo: "E a vida eterna é esta: que te conheçam a Ti, como o único Deus verdadeiro e a Jesus Cristo, aquele que tu enviaste", João 17:3. A Vida eterna não é só depois da morte. "A vida que agora é" começa já. "Pois a piedade para tudo é proveitosa, visto que tem a promessa da vida presente e da que há de vir", 1 Tim.4:8. Leia estas palavras que se seguem com atenção, de joelhos se necessário, para as ver com luz própria delas: "ensinando-nos, para que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras", Tito 2:11-14.

Ora lemos sobre muita coisa relacionada com aquele testemunho de Cristo em nós mesmos. O Senhor disse "sem Mim nada podeis". Isto implica que temos de estar com Ele, que o temos de ver. Mas sabemos que apenas os limpos de coração o terão como ver e para O vermos em nós, por nós algo muito mais substancial terá de ocorrer de fato - não haverá aqui pessoas especiais, mas sim limpas. Limpas de culpa, de pecados antigos e recentes, de estado de espírito incoerente e auto-desviante - limpos do seu futuro também. Mas e agora? Sabemos que a estes limpos foi dado "um novo mandamento". Logo agora que tudo estaria a correr do nosso jeito havíamos de receber uma tarefa mais árdua ainda que a humilhação diante de homens e Deus. Lemos que a estes a quem o Senhor Jesus disse "Vós já estais limpos pela palavra que vos falei", João 15:3, a estes acrescentou logo de seguida "permanecei em Mim e Eu em vós, como a vara de si mesma não pode dar fruto, se não permanecer na videira, assim também vós, se não permanecerdes em mim". Ainda é possível ficarmos sem óleo, apesar de sermos virgens com óleo e à espera do Noivo.

Ora, aqui temos aquele segredo guardado durante séculos (o verdadeiro e único Novo Testamento!): "Mas este é o pacto que farei depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei a minha lei no seu interior, e a escreverei no seu coração; e eu serei o seu Deus e eles serão o meu povo. E não ensinarão mais cada um a seu próximo, nem cada um a seu irmão, dizendo: Conhecei ao Senhor; porque todos me conhecerão, desde o menor deles até o maior, diz o Senhor", Jer 31:33,34. Então, qual será o segredo desta corrida? Como chegar àquela meta vencendo ao mesmo tempo? Suponhamos que entramos numa corrida de carros, onde nos é garantida vitória absoluta se permanecermos no seio de Quem é Mestre e poderoso para, por intermédio de muitos contratempos, apenas assim, nos garantir a vitória, pois o que conta não será a simples vitória mas sim sermos iguais tanto nela como na derrota aparente - o alvo é o nosso, o tipo de coração coerente apenas com Ele, em nada depositando qualquer esperança para além de Quem é e será sempre Vida Eterna apenas. ("...Dizendo que por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus", Act 14:22). Temos a chave na nossa mão, a chave do carro, que será a nossa confissão integral de todos os nossos pecados. Mas, tal como o carro sem chave de nada vale, muito menos a chave sem carro. A santificação é o carro, a qual se liga pela confissão de tudo aquilo que está gravado em nossa consciência e, Deus, a pista, o Caminho onde esse carro pode e deve ser usado - única e exclusivamente. Mas e o óleo do carro? Chegaremos à meta sem óleo, sem combustível? Sabemos das cinco virgens que ficaram para traz quando se apresentaram com sua alegria e poder esgotados na impaciência da sua tolice preconceituosa, pois não se haviam precavido porque eram virgens a quem, pensavam, nada mais iria ou podia faltar. De que nos valerá saber onde e como chegar à linha de chegada, se nos falta qualquer um destes muitos ingredientes duma vida santa e devidamente purificada? Ganharemos o prêmio cortando a meta? Não teremos de, lá em cima da linha de chegada, estarmos frescos como no início? Isso será ganhar para Deus. O coração que temos será apenas a razão da corrida e nunca a vitória em si. A vitória será terminarmos com um coração simples e como se ainda fosse recém-nascido. Se o coração não estiver ainda puro e simples ao cortar a linha de chegada em primeiro lugar, por certo perdemos a corrida e o nosso tempo - em vão.

Vamos fazer uma pequena pesquisa sobre aquelas igrejas em Apoc.2, com a exceção da Igreja de Éfeso e Tiatira, as quais já mencionei acima, e às quais, todas se lhes é seriamente avisado de que terão de vencer - mas nunca a qualquer preço. Mas qual será a vitória então, como e de que gênero de vitória falamos aqui? Qual o segredo do acesso a ela? Persistir sob tribulação não será vencer, pois se fosse Deus não apontaria as Suas baterias ao fato de, apesar de todas haverem vencido a tribulação, o seu castiçal lhes vir a ser removido na mesma. O haverem sido fiéis em muita coisa d'Ele, dava-lhes direito a um aviso de que não estariam bem, para que não viessem a ser surpreendidos. Poucas pessoas há no mundo inteiro, a quem o Senhor pessoalmente se dirigiu com as palavras "Eis que venho". Habitar onde Satanás tem o seu trono e mesmo assim manter o Seu Nome e a Fé em vida, não é vencer. Havia algo mais que ficou para trás nesta igreja, pois se por acaso for o Senhor a ter de fazer o que deveria estar feito de antemão, quando chegasse, estaremos sob suspensão eterna de vida, daquela que só Ele dá. Lemos que "Arrepende-te, pois; ou se não, virei a ti em breve, e contra eles batalharei com a espada da minha boca", Apoc. 2:16. Não pode ser o Senhor a batalhar com a espada da Sua boca quando vier - terá de ser ouvido da nossa boca antes que venha! O trabalho haverá que ser feito até lá e muito bem feito mesmo. Mas qual o segredo disto tudo que parece que temos de ser nós a tudo fazer? Sabemos que vencer será ter um estado de espírito tal que está sempre atento, sempre na disposição de ser fiel em tudo e não apenas em algumas coisas, como se o primeiro dia fosse igual ao último e vice-versa. Recorda-se daquele primeiro dia de trabalho num ambiente com o qual sempre sonhou? Lembra-se como, depois de muito tempo e depois do ambiente se haver tornado familiar e sem interesse, de como o trabalho estaria a tornar-se pesado, o ambiente insuportável ou mesmo apenas desagradável e que o seu pastor (que será tido como enganador perante a luz destas coisas!) lhe deu umas palmadinhas nas costas como se você estivesse bem não estando, dizendo que a culpa seria dos outros colegas seus.

Existe tão só uma maneira de encetarmos as nossas obras até ao fim. Eis que lhe transmito o segredo, um tesouro para as mãos. Sabemos qual será aquela meta a atingir; sabemos como e com que armas; sabemos por Quem, porquê e para quê; sabemos que apenas os limpos permanecerão nessas obras, embora a limpeza seja apenas parte da obra; sabemos de antemão que se houver algo a separar-nos minimamente d'Ele em pessoa, de forma real, e não de "fé" apenas, cedo desistiremos sem sabermos porquê. Então, que mais necessitamos fazer para além de praticar? Amigo, não seja pretensioso e escute-me: "O Deus de nossos pais", Ele mesmo terá de ter porque e como permanecer em si para sempre - se não for para sempre, duvido que entre em si, até. Não seja pretensioso apenas porque se batizou, ou mesmo porque confessou seus muitos pecados com alguém - tudo isso fará parte dum bolo do qual nunca poderá ter como perder uma única fatia dele! Um coração onde Ele mesmo em pessoa possa estabelecer-se para sempre e nunca temporariamente, será a meta a atingir, agora. "Porque a graça de Deus se manifestou (para isto apenas, para isto mesmo), trazendo salvação a todos os homens ensinando-nos, a que, renunciando à impiedade e às paixões mundanas, vivamos no presente mundo sóbria, e justa, e piamente, aguardando a bem-aventurada esperança e o aparecimento da glória do nosso grande Deus e Salvador Cristo Jesus, que se deu a si mesmo por nós para nos remir de toda a iniquidade, e purificar para si um povo todo seu, zeloso de boas obras", Tito 2:11-14.

Então, qual o resto desse segredo? É que estamos a lidar com Vida Eterna, "por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas", Heb 2:1. Lidamos agora com algo mais. Muito mais substancial que um negócio, uma aventura, umas férias no além. Por isso, vamos dar e prestar atenção a isto, não vá tal coisa escapar-nos de vez. Qual será a sua primeira reação quando alguém lhe mostrar a meta que tem de atingir custe o que custar, vencendo ainda por cima, sem que possa desviar a sua atenção dela por um minuto sequer? E se toda a sua vida depender disso realmente? E se a sua eternidade depender disso? Ou não leu "Àquele que vencer, Eu lhe darei de comer do Maná escondido"? Então, qual será a sua única reação? Se bem conheço o ser humano, a primeira coisa que se passará em seu coração, depois de estremecer profundamente, será ficar obcecado com a visão da meta. A partir daquele momento em que tudo se tornou sério demais, assim que perder a meta de vista entrará em pânico. Mas será esse o segredo, entrar em pânico? Não, acho que nunca, pois o segredo será outro. A meta não sairá do lugar onde está; Deus e o combustível haverá sempre e em abundância, a menos que nos falte da promessa por outra razão que não Deus ("Eu vim para que tenham vida e a tenham em abundância", João 10:10). Aquela distância que nos separa de ver Deus será sempre a mesma, se nos preocuparmos com ela ou não, pois somos nós que temos de mudar desde aquilo que somos até no que nos devemos tornar sob supervisão de Quem tudo vê e não sob a nossa própria, que muito nos permite por amar em demasia quem protege e defende sempre - não podemos fingir e enganar e ainda bem que assim será, pois tal coisa Deus nunca aceitará de nós que temos como ser puros e purificados por Ele que já uma vez nos criou, pessoalmente, sabendo melhor e como ninguém como funcionamos! Estas coisas que não falham, não nos deverá afetaro espírito mais do que o normal. Então, se nos impacientarmos-nos nada acrescentaremos, ou retiraremos, do ou no percurso que ainda está diante de nós todos. É precisamente aqui que reside o principal segredo, pois até Jesus disse "não vos inquieteis, ora, qual de vós, por mais ansioso que esteja, pode acrescentar um côvado à sua estatura?" Lucas 12:25. Se Jesus o diz, é porque está certo. Então, o grande segredo será tão só conseguir enfrentar o dia-a-dia com poder e lealdade, com poder e fidelidade e não apenas enfrentar e passar um único dia. Um coração fiel no primeiro dia, sê-lo-á no último também. Se formos firmes no dia-a-dia, se em tudo formos fiéis hoje, como poderemos escapar de atingir a nossa meta? Se formos capazes de fazer tudo hoje, se sabemos como, se aprendemos como, se temos as armas, os meios, para hoje, se sabemos que Aquele que concebe também virá para fazer o parto e dar crescimento, pois não se move da Sua fidelidade, se sabemos tudo isto, nada mais que sermos aprendizes em sermos fiéis apenas e tão só, no uso e usufruto daquilo que estará ao nosso dispor há muitos séculos, mas só no dia de hoje. De tal modo que até mesmo no dia em que nosso Senhor chegar, estaremos com a mesma força, o mesmo à-vontade e na mesma disposição do primeiro amor sempre, "nada nos faltando" sequer, (e a perseverança tenha a sua obra perfeita, para que sejais perfeitos e completos, não faltando em coisa alguma", Tiago 1:4. "Portanto tomai toda a armadura de Deus, para que possais resistir no dia mau e, havendo feito tudo, permanecer firmes", Ef 6:13; "Vigiai, pois, em todo o tempo, orando, para que possais escapar de todas estas coisas que hão de acontecer e estar em pé na presença do Filho do homem", Lucas 21:36.

Lembro-me de que me contaram, penso que de Martinho Lutero, que quando lhe perguntaram o que faria se soubesse que o mundo acabaria no dia seguinte e que vinha o Senhor Jesus, respondeu calmamente que faria tudo aquilo que tinha para fazer naquele dia como se nada de anormal fosse ocorrer. O que tinha para fazer, faria com o mesmo coração, com a mesma prontidão de sempre. É caso para dizer: "Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo", Lucas 12:43. O que o Senhor busca num servo, não será o que está a fazer, mas sim, o saber fazer, o coração que permanece na obra, mais que a obra em si. O estado de espírito no qual é encontrado, é que determinará o destino do homem quando o Senhor voltar - não só a obra que fez. Eis o aviso cortante de Quem vai julgar o mundo sob Seus estatutos e visão das coisas: "Contudo quando vier o Filho do homem, porventura achará fé na terra?", Lucas 18:8. E essa fé será sempre um estado de espírito. "Bem-aventurado aquele servo a quem o seu senhor, quando vier, achar fazendo", e o achar crendo também; Lucas 12:43. Amém.

José Mateus
Portugal