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MINANDO A PRESUNÇÃO

"A fé é... a prova das coisas que não se vêem...quot;, Heb.11:1

A presunção é e será sempre o maior inimigo do homem. Até na oração este tentáculo da perversidade se manifesta sem escrúpulos nem dó. É aqui que se manifesta o pior de todos os desterros na oração concludente. Se o diabo já não pode evitar que alguém ore, então o plano B será a presunção na oração.

Este tipo de presunção pressupõe que se está a ser ouvido sem se estar; que se foi ouvido quando não se foi; que Deus se manifesta quando não se manifesta; transporta uma transparência de conclusões falsas e sem verdade para que quem ora, ore mal. São estes os tais que "tendo a aparência de piedade negam a eficácia da mesma", tendo a aparência da oração, negam na prática a eficácia da mesma, dos quais nos devemos afastar sem demoras 2 Tim.3:5, a menos que os possamos salvar sem nos perdermos nas suas próprias teias.

Como se poderá eliminar um inimigo da oração tão eficaz, tão real e tão sorrateiramente desleal para com qualquer manifestação de qualquer verdade? Pela certeza das coisas! Não se pode pedir outra coisa senão uma simples resposta verdadeira para contrapor a uma falsa; não será pois resistindo à falsidade que nos sobreporemos a ela. Na Bíblia lê-se que o alto retiro dos fieis nem sequer se manifesta quando provocado pelo mal. Lemos também que "não te deixes vencer do mal, mas vence a mal com o bem". E também "não resistais ao mal". Ora, isto tem muito que se lhe acrescente e diga. O crente nunca terá de contrapor mas sim de dispor sempre antecipada e continuamente. A noção do estar a fazer o bem e o correcto da maneira certa, aufere-lhe uma certeza que não dá qualquer lugar a um qualquer olhar menos próprio e menos conveniente para a maneira do praticar o erro e o inócuo. Mas como será tal coisa possível? Tendo em conta que há maneiras de não nos desligarmos do que está errado seguindo os nossos próprios instintos e que "há um caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte"; e também o de seguir os instintos do novo que vão sendo recriados e restaurados de plenitude em nós, dentro do nosso peito e através dum entendimento iluminado para sempre. Vamos por partes então. (Prov.16:25; 21:2; 30:12).

A melhor ilustração do poder de enganar e do que a presunção será capaz, é a idolatria. Imagine-se que a pessoa passa a adorar um pedaço de pedra ou de barro de um qualquer oleiro sem sequer se aperceber que adora uma mentira que nem sequer se mexe por si quanto mais pelos que lhe imploram! Pessoas de bom senso serão capazes de passar horas intermináveis a rezar e orar com súplicas e lágrimas até, a um boneco de pedra inerte e sem qualquer possibilidade de se mover por si. Ora, se o tal objecto de oração nem se pode mover dum lado para o outro, o que poderá levar alguém a pensar que o mesmo pedaço de engano à vista possa transportar dum lado para outro o que lhe é pedido?

A presunção de quem a estes pede é que faz com que assim se pense! Se é preciso transportar um santo de um lado para o outro porque este mesmo inerte é (e será sempre, diga-se desde já), o mal só poderá estar com quem se deixa enganar mesmo! Por essa razão lemos em Isaías que a tais pessoas não lhes convém perguntar se por acaso não "tem uma mentira na sua mão" quando o transportam. A desculpa frequente destes mesmos idolatras é que estas peças de morte (que nem mortos são, porque a morte se manifesta real e activa!) serão apenas símbolos de algo que supõem ou pressupõem como se o mandamento de Deus não dissesse claramente "não farás para ti qualquer semelhança do que há em cima nos Céus nem te prostrarás diante delas", (Ex. 20). Pois, se Deus condena veementemente tais coisas, como se poderá ainda buscar Cristo contra o seu próprio mandamento e de Bíblia na própria mão ainda? É obvio que Deus não se irá manifestar nem estar onde impôs uma condenação muito clara. Só a presunção será capaz de tal feito. Não será tal feito já de si suficientemente absurdo ao ponto de poder levar alguém a parar ao menos só para pensar na inocuidade do que está a tentar fazer? Decida por si e dê uma resposta à sua própria consciência! De que lhe valerá a presunção que aprendeu com quem nasceu e cresceu? Você é crente por tradição ou pela realidade das coisas? Pelos amigos da catequese ou por Jesus Cristo ressurrecto, vivo e real? Decida por si "pois se haveis de mostrar beneficência e verdade ao meu Senhor; e se não também o fazei saber para que (Ele) olhe à mão direita ou à esquerda" (Gen.24:49). Haverá mais por aí quem queira ser verdadeiro e leal para com verdades inconfundíveis!

A simplicidade das coisas nunca atrai quem não quer ser conciso e verdadeiramente preciso naquilo que ainda não pode ver. As pessoas não questionam a realidade da existência do ar que diariamente respiram, mas fazem sempre questão em ver o invisível para que possam crer nele e assim parem de ser tolos e desvairados, mesmo tendo em conta que quem não crê no real que não vê, nunca vai ter por real o que vê a menos que seja irreal, inerte e irracional, sendo essa a forma que "recebendo o galardão da injustiça... tais homens têm prazer... em seus enganos..."!

Mas, se a idolatria é um dos expoentes máximos da mentira e da presunção, não será só aí onde reina orgulhosamente a ilusão misturada com alucinação e com egoísmo saturado de soberba. Não é só na idolatria que convém crer que se está certo enquanto se segue fielmente atrás da morte. Tendo por verdades infalíveis a presunção e o engano daquelas coisas que todos desejariam fosse verdade e real, qualquer meio serve para ter uma ou mesmo outra presunção que flutue dentro dos parâmetros daquilo que se pode desejar ser real para quem se contenta com o engano de hoje que sempre faz esquecer que amanhã também é dia. É um contra-senso que vamos ter como um enigma simples de resolver, bastando para isso tão só sermos verdadeiros e reais. Não quero com isto recriar a sua imaginação com palavras bonitas que não concentram qualquer outra intenção que não seja tornar a verdade explicita a quem quer ser sincero consigo mesmo, tendo sempre em conta que tudo o que aqui digo deverá sempre ser posto à prova da verdadeira luz que ilumina todos os homens, não vá Deus estar a querer falar-lhe sobre algo diferente daquilo que está agora a ler.

Ora, falemos daqueles cegos em Jericó. Sabe-se que eles não se deixaram iludir pelo simples facto de haverem sido mandados ficar calados já que Cristo supostamente não os atenderia. Mas, nada vendo, creram, porque sabiam que estavam cegos. Quem acha que não está cego, também vai achar que vê. E caso seja cego de nascença, nunca vai saber o que será ver. Por se saberem e reconhecerem como cegos, eles nunca permitiram que os ludibriassem para aquele silêncio profundo que só os confundiria mais ainda no que toca a verdade e permaneceram clamando até haverem sido ouvidos. Podemos dizer mais deste tipo de pessoas que nunca dão descanso a Deus a menos que sejam ouvidos mesmo, cumprindo assim o mandamento de Deus em Isaías 62:6,7 que diz "ó vós que fazeis menção do Senhor, não haja silêncio em vós... até que confirme... até que ponha...". Mas o essencial será tão só o facto de que ficaram a ver e não só a creditar que viam. Se o acreditar que viam seria a presunção descarada, o ver mesmo não daria qualquer margem de manobra a que tal presunção chegasse a existir sequer, quanto mais a reinar futuramente em quem não acedesse às suas exigências inócuas por conclusões sem resposta possível. Se houver um cego que reconhece e sabe que não vê diante de Cristo, eis que nascerá ali mesmo quem vê, mas dum cego.

Se alguém explicar a um cego um caminho qualquer com exactidão, tal pessoa poderá sempre passar pelo mesmo sem sequer tropeçar - bastará para tanto apenas explicar também onde se encontram os tropeços dos quais se deve cuidar. Ora, é isto ver o caminho? Mas é assim que muitos crentes vivem e é com isto que se conformam e se dão por satisfeitos. A presunção traz mais do que se lhe pede e se alguém ajudar de vez em quando (o padre ou o pastor que também é cego!), ter-se-á uma noção errónea do que é viver vitoriosamente para sempre. E será assim que muitos passam os seus (in)termináveis dias aqui na terra - caminhando sendo cegos.

Esta ilustração serve para ajudar a revelar o contrário daquilo que se deve ter. Na oração pode existir muita coisa presumida demais até, as quais serão uma falsidade para quem se deixa enganar facilmente ou deseja ardentemente sê-lo porque tem por fundamento que não é cego. Por isso Cristo diz que para os tais Ele será sempre como um ladrão na noite escura, quando aparecer. A surpresa será tão grande que quando despertarem do seu sono já se encontrarão a queimar no inferno, antes mesmo de se poderem explicar. Não é que lhes fosse valer algo, mas o certo é que nem se aperceberiam do que lhes sucedeu. É desta geração que fala Prov.30:12: "há uma geração que é pura a seus próprios olhos e que nunca foi lavada da sua imundície".

A verdade é que se alguém não se deixa levar por falsas respostas, nunca verá a presunção apoderar-se da sua existência peculiar cá na terra, isto se deixar que a verdade abunde pela realidade das coisas e não pela sua congénere que contrapõe sempre pela suposição. Se alguém nunca se deixa enganar por seu próprio coração, nunca será enganado, presumindo. E se a verdadeira resposta não traz vida a quem a deseja, deixa qualquer um em maus lençóis, pois será necessário santificar sempre o Senhor diante do povo em questão. Se um cego não vê, então porque terá o mesmo de crer que vê ou que poderá viver sem que veja? Pergunte-se se aqueles cegos em Jericó tiveram que conviver com a presunção depois de haverem sido atendidos. Veja-se se teriam margem para duvidar de tudo o que lhes ocorreu depois de Cristo lhes haver tocado. Questione-se se a sua alegria seria falsamente produzida. E porque não foi? Porque o Senhor seu Deus foi santificado como está escrito "e se santificou neles" Num.20:13). Porque à verdade foi dada uma oportunidade de se manifestar como ela é - real mesmo - e com fatalidade contra a mentira, presunção e não só. Nunca mais tais cegos viriam a tornar-se ludibriados a menos que fosse por livre arbítrio. Mas apenas porque se reconheciam cegos antes de verem. E o que leva as pessoas então a encontrarem e a relatarem esta plenitude de verdade e de vida?

Em primeiro lugar, nota-se um desejo ardente de destronar o que qualquer um não acreditaria ser possível. Mas então, o que levou os cegos a clamarem a alto e a bom som até serem ouvidos? O facto de Cristo fazê-los pensar que não os atenderia ou de se sentirem constrangidos pelos apelos ao silencio impostos por outros transiundos que seguiam a multidão apenas para poderem ver mais alguns sinais? Nada disto os fez calar porque sabiam quem era que passava ali, mesmo nunca o havendo visto e até o que este poderia fazer por eles sem mais demoras!  

A necessidade levou-os a desejar ver. Mas esta necessidade ficou patente a partir do momento em se reconheciam como cegos e na escuridão. A necessidade ficou assim visível e falou abrindo as portas à coerência da fé. O desejo sem uma concretização do mesmo torna-se porém ainda mais doloroso que se ser cego apenas. Mas, passando por nós Alguém com quem é muito fácil lidar e para quem é muito fácil (isto só entre nós, claro!), pôr um cego a ver, anula-se duas ou mais dores de dentro dos nossos limites de vida. Não só se destoa a cegueira, como se destrói a dor endossada do desejo não concretizado - e não sei qual das duas coisas dá mais alegria ao coração! Mas há uma terceira coisa que a Deus apenas é visível se bem que nós é que vivemos nela no nosso dia a dia e a qual é a única que Deus tenciona resolver visto os cegos mais tarde ou mais cedo irem perder o que supostamente lhes foi ali concedido quando chegar a hora da sua futura morte. E se Jesus consegue bater na tecla certa através deste melodrama que os cegos dentro de si mesmos criaram ao longo dos anos de cegueira e de desejos nunca concretizados, tanto melhor ainda. Este terceiro (e único!) problema, é as pessoas não conhecerem Deus a não ser de ouvir apenas que Ele de facto existe (falamos aqui precisamente de quem vem ter com Ele para ser curado e não de outros!) e de que também "é mau" porque os fez cegos. Ora, aqui, quando Cristo passa deveras, as pessoas esquecem sempre tudo aquilo que pensam d'Ele, das doutrinas que aprenderam e atiram-se a Ele como única tábua de salvação real, independentemente de tudo o que sobre Ele ouviram e disseram ou ouviram.

Depois da necessidade destronar o caprichos de tudo o que pensavam - porque não deixam de ser apenas caprichos egoístas e mentirosos de cegos - os mesmos dão a paga da indiferença a tudo o que pensavam depois de verem, pois a presunção só morre com o desprezo da indiferença por esta ser mentira e mentirosa quando em nós e através de nós mesmos se manifesta toda a verdade. Mas isto só acontece quando a verdade se realizou em nós mesmos e não apenas quando realizou algo, pois esta tem de se tornar vivente em nós. Apoderando-nos da realidade e da vista real das coisas, quem neste mundo perderá tempo a desmembrar qualquer mentira presunçosa? Ou qualquer verdade aparente mesmo? Perderá alguém algum tempo a coagitar sobre a ciência do mal, a aparência do bem ou as ditas "profundezas de Satanás" (Apoc.2:24), estando em plena alegria de novidade de Vida e Verdade? Não devemos nós também deixar os mortos enterrarem seus próprios mortos? Ninguém de bom senso o fará, creio! A menos que seja para uso da própria sabedoria a favor da salvação dos cativos nessas densas trevas.

Aqui está o grande segredo da vida e da oração que vem de cima. As pessoas deixam de andar a coagitar sobre os caminhos maus e desviadores porque entraram em novidade de vida, a qual já lhes fornece muito em que pensar e alegrar. Mas, são os imitadores destas mesmas andanças que fazem sempre questão de desmembrarem toda a ciência do mal que aflige tanto a eles como o resto da humanidade, por pensarem que por tais métodos legalistas conseguem sempre servir a verdade que perseguem e que só a seus olhos é frutífera - os quais também tentam ser tornados legalizantes, porque o legalizar para proveito próprio, nem que seja só para acalmar consciências selvagens e sem cativeiro, demónios errantes que procuram controlar a qualquer custo como se faz a cavalos nascidos num deserto, traz-lhes um certo sentimento de companhia no mal que lhes espicaça a consciência, pois sentindo-se apoiados sentir-se-ão bem no engano que deliberam para si. É pela dor que colmatam e iludem a dor (de consciência). Mas Cristo disse sobre a oração que "ninguém deita vinho novo em odres velhos, mas o vinho novo deve deitar-se em odres novos e ambos juntamente se conservarão". Só que o mais interessante aqui, é que Ele diz de seguida uma verdade que devemos ter em conta: "E ninguém, tendo bebido o velho quer logo o novo porque diz 'melhor é o velho". (Lucas 5:37-39, Mat.9:17).

A questão a pôr-se a quem não passa por manifestações reais de poder demonstrado em si mesmos (porque se for só nos outros pouco efeito traz a quem presencia devido ao egoísmo que a todos aflige e que terá de morrer eventualmente!), é que existe um vinho novo do qual devemos experimentar por nós mesmos também - e não falo aqui de cura divina, mas sim de cura de cegueira real de facto - quando o velho deixar de servir. Dentro dos muitos enganos que existem, principalmente agora que os apóstolos só deixaram a autoridade daquilo que escreveram sujeito a interpretações de quem se faz passar por sábio para benefício próprio, o mais comum será aquele que tenta promover uma qualquer mistura ilícita dos dois vinhos, isto é do novo e do velho.

Será por esta razão que muitos não se devem admirar que deverão recomeçar tudo da estaca zero mesmo depois do muito esforço que empreenderam nos anos antecedentes de suas vidas infrutíferas e em si mesmo condenadas ao fracasso espiritual e não só. É sabido que o mesmo esforço que os levou ao engano que auferem, bastaria para os levar àquela Verdade de Quem o "jugo é suave" também.

A novidade de Vida que Deus dá, alastra-se também à vida de oração. Será aqui pois que a presunção morre para sempre, pois Deus responde sempre à chamada do vinho novo e das águas vivas dos nossos aposentos fechados. Estas mesmas águas tornar-se-ão tão torrenciais que por elas desfarão qualquer porta de aposento que as tente encerrar e enquadrar em parâmetros e em odres que nunca as poderão suster na presunção e mentira da ilusão, de tão vivas que são. Se sua oração não for vivente, suas respostas serão sempre mortas e você conviverá com elas assim mesmo. Você gostaria de conviver com um esposo ou uma esposa morta em sua casa? Porque não? Então porque vive ainda com um deus morto em sua cabeça? Só existe uma maneira de lidar com a presunção mesmo: é nunca lidar com ela, mas apenas com aquilo que é real e consegue ser verdadeiro e fiel à concretização. Experimente e obtenha respostas reais dum deus vivo e vivificante acima de tudo aquilo que espera ou sonha ainda. Amén.

José Mateus
Portugal