Esta é uma humilde tentativa de revelar como o nosso
relacionamento com Deus se estabelece, cresce ou termina. No entanto,
depois de escrever algo, fica sempre em nós aquela sensação que alguma
coisa ficou por dizer ou que algo ficou pouco claro. Mas, é apenas uma
tentativa séria de descrever fielmente como subimos até ao céu.
Creio que cada etapa em seu devido tempo pode ser
terminada abruptamente tanto quanto podemos passar facilmente para uma
fase seguinte ou, dependendo da elasticidade espiritual de cada um, até
mesmo pular por cima de um ou outro degrau. Existem pessoas
espiritualmente mais atléticas que outras. Mas, todas terão de terminar
esta subida, sejam mais ou menos ágeis. Quem não tem agilidade vai ter de
usar a sabedoria que precisa pedir. É necessário terminar a subida com a
perfeição que lhe convém. Na verdade, creio que é necessário terminarmos
mais frescos, mais leves e mais espontâneos do que começamos. O caminho
de Deus não cansa se voarmos como águias. Temos tudo para terminarmos
mais frescos do que quando começamos a corrida.
Muitos começam a descer para terra e para o mundo achando
que sobem para o céu. Outros, no entanto, sobem, queixam-se e
questionam-se como fariam os que descem se fossem honestos (pois, as
pessoas em erro nem sempre se questionam para se lamentarem e duvidarem
da direcção que escolheram seguir, achando que se estão a corrigir
mudando de direcção). Outros dos que descem crêem que, ao estarem na
escada que leva para o céu, nada terão a temer se forem apanhados a
descer. Para eles, o importante é estarem na escada. Esquecem que não é
a escada que será levada para o céu carregada de pessoas, mas, as pessoas
é que devem subir até haverem entrado. Custe o que custar, devemos subir
até o último degrau.
Não devemos, também, ficar a pensar que dispensaremos um
degrau depois de o havermos subido. Esta escada é a escada da
experiência de vida. Estes degraus não são dispensados ou dispensáveis
depois de haverem sido escalados ou conquistados - eles são acumuláveis. Cada degrau
de uma escada, para além de servir para subirmos, torna-se indispensável
para segurar a escada no lugar. Isto é, a vida toda é segurada através
do acumular de experiências anteriores. Se retirarmos os degraus
anteriores de qualquer escadaria, ela ruirá.
Quanto à descida, na verdade, o que custa é dar o primeiro passo para
descer. Depois, começa-se a crer que é bem mais fácil descer que subir.
Entretanto, as portas do céu fecham-se e, quando alguém recomeça a
subida por haver mudado de ideias (de novo), é tarde demais. "Este povo
maligno que recusa ouvir as minhas palavras (…) atirá-los-ei (…) não
terei pena nem pouparei, nem terei deles compaixão para os não
destruir", Jer.13:10,14. Espero que, no mínimo, alguns ainda se achem
subindo e nunca se acomodem sempre que alcançam o degrau seguinte por
haverem vencido, isto é, porque venceram uma etapa. "Ao que vencer e ao que
guardar as minhas obras até o fim, Eu lhe darei autoridade sobre as
nações...", Apoc.2:26.
-
Ouvimos falar de Deus (talvez de outra maneira) e
começamos a gostar.
-
Começamos a sentir que não somos nada bons e
ressentimo-nos disso. Gostaríamos de ser bons em vez de achar que
devemos confessar todos os pecados e restaurar a justiça para
estabelecer aquela paz especial em nosso coração. Ser bom torna-se
substituto de nos apoderarmos da graça porque não queremos
reconhecer os nossos pecados pelo nome e sentimo-nos descobertos
(alcançados pela luz) e com tendências para tapar e encobrir.
Choramos por não havermos sido bons e
por necessitarmos ser salvos. Mas, isso não lágrimas de
agradecimento pela existência de salvação e antes lágrimas de
lamentações. São lágrimas que dizem: "Oh, quem me
dera não estar numa situação de precisar ser salvo de meus pecados!
" Começamos a perceber que não
podemos esconder mais nada e isso pode chamar a amargura a
nós. Aqui instala-se a duvida, pois, as pessoas prefeririam
que o caminho fosse outro ou de outro jeito. Uns viram as costas, outros são mais audazes e
persistentes e seguem em frente. Outros, aqui, entregam-se à
discussão de doutrinas e ficam por ali o resto da vida na terra.
Outros, ainda, desejam que já houvessem sido salvos para que não
tivessem que passar pela limpeza que é indispensável e necessária.
No entanto, há que entrar pela porta que é estreita. Para os que
seguem em frente, vem aí o próximo degrau, pois será aqui que se
decide do que queremos ser salvos: do pecado ou do inferno.
-
Não temos alternativa: confessamos pecados pelo seu devido nome, um a um.
Não dá para escapar ou fugir e esquecer! Entregamos aos outros tudo o que lhes tirámos e rectificamos todo o
nosso passado pela justeza e justiça que nos é possível nesta fase; pedimos
perdão a quem magoámos, explicando que nos estamos a arranjar com
Deus, também. Abandonamos o pecado ou tudo aquilo que vemos como
pecado. Esta explicação da razão por que estamos a fazer o que
estamos a fazer serve para que nos entendam e para que nos sintamos
justificados no que fazemos por ser ainda tão humilhante para nós
fazê-lo. Ainda não nos apercebemos que glória não é humilhante, pois
ter vergonha de fazer o que está certo é engano no qual não
deveríamos acreditar. Mas, Deus em Sua misericórdia usa tudo
isso para darmos testemunho da Sua verdade. Chega-nos uma paz muito boa porque estamos no bom
caminho. Somos incentivados por essa paz a prosseguir porque, por causa
dela, somos tentados a ficar por ali mesmo porque nos é agradável
tudo quanto começamos a sentir. Isto é mais do que esperávamos
receber e muito menos do que é necessário obter. É muito pouco ainda, mas,
está muito acima daquilo que esperávamos encontrar ou acima daquilo
que imaginaríamos ser possível existir. Caso deixemos um pecado por
confessar ou caso achemos por bem não confessarmos certas coisas a
pessoas devido à vergonha, a paz que experimentávamos decresce ou
diminui significativamente. A nossa estabilidade espiritual e
emocional fica abalada pela nossa recusa. E Deus aqui usa a emoção da
pessoa para exemplificar as coisas do espírito apenas porque a
pessoa ainda não sabe distinguir entre emoção e espírito. Mais
adiante, Deus recusará usar a emoção para se explicar e para se dar a
conhecer. Muitos ficam-se pelo confessar dos seus
próprios pecados e até deixam de pregar sobre outras coisas da vida com Deus,
tal é a revelação - isso por causa da paz que apenas começaram a
sentir do lado de dentro - e acham que não existe mais nada pela frente,
pois, todos gostam de sentir-se seguros quando ainda não estão no
céu.
Temem que esta experiencia de paz total cesse e tentam mantê-la por
meios fraudulentos, isto é, tentam mantê-la pela força sem se darem
conta que a paz se manterá por si própria em qualquer coração,
contando que se mantenha limpo. A paz veio para ficar e não será
abalada em quem permanecer achando tudo que ainda está escondido e
oculto mais adiante. Que difícil e perigosa é esta encruzilhada, este
cruzamento onde se cruzam emoção e espírito vivo! Somos levados pela
emoção e sabemos que, depois da emoção, chega a ressaca que nos
atormentará com algum tipo vazio. É só
emoção que buscam e isso em substituição de obediência simples e
imediata. Tudo que obtivemos deve-se a pura obediência. Por que
tentar manter tal experiencia pela força ou pelo engenho então? Sentimo-nos felizes
e satisfeitos com pouco. Fervemos em pouca água ainda. Contudo, o
que faz qualquer recém-nascido regozijar-se nesta fase é divino e
nunca devemos menosprezar nada do que acontece. Deveremos ser
pequenos com os pequenos e considerar grande aquilo que é grande
para um recém-nascido. Pregar para os outros também dá aquela segurança
(falsa) que
muitos procuram obter nesta fase por causa da experiência da paz
real que temem perder. Ao começarem a ensinar os outros, dão a
impressão que chegaram ao fim do saber e que não existe mais nada
para descobrir neste filão de tesouros ainda escondidos e
encobertos. Os humanos só buscam ter felicidade e quando acham aqui
uma gota de água da vida ganham a certeza que acabaram de achar um
rio inteiro. Basta de querer pregar para os outros! Ensinemos o
nosso próprio coração! Chega de engano! Vamos seguir em frente?
Vamo-nos acalmar? Só assim poderemos abrir espaço para alojarmos o
céu inteiro dentro de nós um dia. Por isso Jesus disse: "Aqui na
terra como no Céu". É melhor habituarmo-nos a coisas que nunca
conseguiríamos imaginar existir sequer.
-
Começamos a ficar ligeiramente cansados da nossa vida
antiga ao confessarmos todos os nossos pecados e, embora isto possa acontecer tanto antes quanto depois
deste degrau, tanto em simultâneo quanto em outras fases iniciais
desta vida que já é nossa e a qual encontra-se
em fase crescente, temos a ligeira percepção que é a vida que
levámos até ali que nos cansa e não o labor. A verdade começa a ser
nossa aliada e conhecida e, quanto mais a conhecemos e obedecemos,
mais as feridas que ela nos fez saram. Os golpes e os cortes
profundos feitos pela verdade eram precisos e bem intencionados.
Sempre foram. Uma aversão e um ódio contra pecado em nós começa a
surgir das profundezas da nossa alma e torna-se cada mais intenso na
medida em que a Vida Eterna se estabiliza e solidifica dentro de
nós. A vida eterna mal começou. Ela ainda vai apoderar-se de nós
integralmente. Ela deve reinar em nós. E será sempre uma preciosa
ajuda que apressa os tempos caso nós nos esforcemos para nos
apoderarmos dessa Vida. Isso ajuda a Vida Eterna a apoderar-se de
nós. Vamos ver até que ponto Deus nos consegue reinar. Também
obtemos aquela noção da certeza que esta vida deveria ter sido
sempre nossa. Deveríamos estar a viver com ela desde sempre. Parece
ser aquilo que sempre nos faltou. Ela é-nos familiar. Parece que
sempre a conhecemos! A verdade é que a conhecemos pela criação que
somos. Por essa Vida nos ser tão familiar, o diabo tenta-nos
facilmente a negligenciá-la. Contudo, sentimos cansaço só
de pensar e imaginar a vida antiga. Era essa vida que nos cansava e
não as coisas. O cansaço aumenta sempre que os olhos do nosso
coração são colocados nas perdas que sofremos ao invés do lucro, isto é, Cristo e a Vida real. Agora, podemos perceber
porque razão é necessário pregar sobre perseverança aos novos
convertidos nesta fase. Realmente precisam saber como funciona
a paciência, a perseverança, a motivação e todas as coisas
relacionas com a persistência espiritual no encalço dessa verdade. É
necessário ensiná-los como fazer as coisas e não apenas ensiná-los
a saber das coisas. Jesus disse: "...Ensinando-os a observar todas as coisas
que eu vos tenho mandado",
Mat.28:20. Isso seria o mesmo que dizer,
"ensinando-os como observar as coisas". Ele não disse
para ensinarmos as coisas e antes ensinar a guardar as coisas que
Ele ensinou. E logo após havermos completado esta parte da vontade
de Deus, alcançaremos a promessa do descanso em Deus,
Heb.10:36.
-
De repente tudo parece confuso. Vezes sem conta nem
sabemos qual o rumo a tomar para a nossa vida futura porque ainda
confundimos o céu com a terra facilmente e Deus não nos está falando
das coisas da terra enquanto entendemos que sim; desejamos a bênção
para os alvos anteriores e Deus abençoa, sim, mas, para outros voos e
aspirações mais solenes e mais definitivas e eternas. Existe um desencontro
de ideias entre nós e Deus. Muitas vezes,
nesta fase, não sabemos o que ler nem como orar porque queremos
ouvir como nos convém e não porque a Bíblia ou a oração sejam
enigmas. Mas, a Bíblia torna-se fácil de entender se for através da
luz. O próprio entendimento das coisas precisa ser anulado
rapidamente. A falta de fé é uma saída para se poder explicar o que se passa e
tentar perceber porque razão Deus tem outras ideias a nosso
respeito. A confusão faz-nos achar que não sabemos o que fazer. Na
verdade, isso acontece porque misturamos uma vida com a outra em
nossa cabeça pequena. Muitas vezes, aplicamos a força para termos fé
quando a fé só se substancia e se evidencia pela iluminação e pelo
entendimento do que vemos de Deus. Não existe força capaz de
substituir o entendimento iluminado das coisas de Deus. A
incredulidade é um problema difícil de resolver nos descrentes
precisamente porque preferem a força acima da sabedoria que vem de
Deus através da limpeza de coração. Não podemos querer levantar uma pena usando a força de jumento
que ainda insiste em nós. Teimosia não é perseverança e não poderá
resultar em fé.
-
Muitas vezes apercebemo-nos que Deus, em vez de dar,
tira-nos as coisas e das coisas - até de algumas que Ele acha
importantes. Esquecemos que importante, para Ele, somos nós. "Pois,
que aproveita ao homem ganhar o mundo inteiro e perder-se ou
prejudicar-se a si mesmo?" Luc.9:25.
As causas de Deus são muito importantes, mas, Deus é mais. Então,
Deus aplica o mesmo princípio e a mesma regra a nosso respeito: nós
somos mais importantes para ele que qualquer tipo de trabalho ou
acontecimento. Se tiver de optar, opta por nós.
-
Ainda estamos subindo. Apercebemo-nos que o céu pode descer sobre nós a
qualquer momento porque a terra morreu para nós (nem que seja
aparentemente) e o céu começa a fazer sentido - finalmente! Isso
chama-se virar o nosso rosto para o lado certo, para onde devemos.
Mas, não significa que chegamos lá - apenas começamos a achar que
chegamos. Que nos serviria crer em mentiras? Não seria isso uma
mentira forte para fazer-nos parar de caminhar?
-
O diabo, por vezes, diz-nos que Deus está morto e
prosseguimos confiando no Senhor sem saber muito bem como.
Conhecemos a verdade profundamente e é essa verdade a base da fé.
Contudo, ainda precisamos muito para aprendermos a viver a fé e a
Vida de Cristo de forma natural. Não é fácil reconhecer aquilo que
nos é natural tratando-se de coisas espirituais, as quais ainda não
nos habituamos, pois, são simples e simplicidade ainda pode causar-nos muita confusão nesta
fase.
-
Começamos a amar a Bíblia e a Bíblia começa a amar-nos
também com as suas revelações; o nosso melhor professor agora é
invisível, real e seguro; a Ele queremos ouvir e, agora, também Ele
nos quer ouvir. Por essa razão aprendemos instintivamente a orar do
jeito que devemos. Não nos esquecemos que Ele deseja ouvir-nos tanto
quanto deseja que o consigamos ouvir. A verdade é que, se já
aprendemos alguma coisa d'Ele, certamente já ouvimos a Sua voz de alguma
forma. Agora precisamos aprofundar essa comunhão e esse
relacionamento com Ele e aprender a distinguir a voz d'Ele das
outras.
-
Agora começamos a acreditar que a nossa vida não foi
criada em vão, para apodrecer, mesmo sabendo que ainda pode
apodrecer. Pedimos, emotivamente, que isso nunca aconteça, tal é a percepção da realidade de que
nos podemos salvar de tudo que é mau! É precisamente nesta fase que começamos
a crer que nada fizemos ainda. As tentações do diabo são nesse
sentido e isso é útil, pois, leva-nos a aprender, a esperar e a ter
fortes expectativas na providência de Deus
de todo coração. As tentações e as acusações de supormos que ainda
não fizemos nada leva-nos a ver, no seu devido tempo, que a obra de
Deus é no coração e não fora dele. Também nos leva a aprender
esperar a em Deus continuamente porque essas tentações tentam fazer de
nós pessoas frenéticas cujos caminhos nunca dão em nada. Em certas
ocasiões podemos pensar que nem no início da vontade de Deus nos
encontramos ainda. E o diabo (muito disfarçadamente) faz-nos pensar
que já temos uma certa idade e que já deveríamos te feito certas
coisas que nunca fizemos. É frequente ouvirmos dizer:
"Eu já tenho muitos anos! Não posso adiar mais as coisas!" E
isso ofende Deus, pois quem conta os anos não leva em conta que
viverá eternamente. O que são uns anos à luz da eternidade? Não
estamos a olhar para as coisas com olhos terrenos? Mesmo assim, o
caminho para uma comunhão permanente e incondicional abre-se para
nós. Contudo, muitos nem se apercebem porque pensam nas coisas da
terra ao invés de pensarem em obedecer e em ouvir a opinião de Deus
para obedecer! E Deus tem o seu tempo de falar.
-
Pressionamos e prosseguimos ora andando, ora cambaleando; ora
orando bem, ora orando mal; ora achando que oramos mal quando oramos
bem e que oramos bem quando orarmos mal. É uma luta tanto contra as
orações do tipo errado como contra a forma certa de orar por falta
de hábitos correctos e de conhecimento. "O meu povo tropeça por
falta de conhecimento", Os.4:6. Enquanto
tivermos pedidos questionáveis à luz da vontade de Deus, não
saberemos o que será orar com poder e com virtude. Também será
difícil sabermos o que é recebermos todos os pedidos que fazemos. As
orações erradas acontecem por força do hábito religioso ao qual a
maioria das pessoas se encontra sujeita. Contudo, mantendo os modos,
os hábitos, os motivos e as forças antigas e lutando através deles,
terminaremos em morte interior e, consequentemente, em morte eterna.
Todas as orações precisam de estar impregnadas com os motivos certos
e com o poder do Espírito. "Orai no Espírito". Iremos começar a orar
da maneira certa a partir de agora? Será que nos apercebemos que
isso se é uma responsabilidade pessoal? Será que Deus pode responder a
todos os nossos pedidos, mesmo que a resposta seja "não"? É muito
importante recebermos respostas concretas. Se Deus disser que "não",
é sinal que Ele nos ouviu e nós a Ele. Um "não" significa que Deus
tem algo diferente em mente, que nos podemos aperfeiçoar e que nós
obedeceremos e nos sujeitaremos a Ele. Um "sim" torna-nos pessoas
responsáveis e humildes. As duas coisas estabelecem o relacionamento
com Deus. Precisamos atingir o ponto onde todas as
orações sejam atendidas. Essa é a promessa de Jesus.
-
Por vezes arriscamos um olhar para trás para nos
certificarmos de que estamos seguindo na direcção certa e que já progredimos em algum aspecto
da nossa vida. Se soubéssemos que Cristo está certo, nem perderíamos tempo dando de comer ao vício de
olhar para onde não devemos, pois quem olha para trás também olha
para outros lados e revela que tem a capacidade de olhar para a
frente quando olhou em sentido contrário. Muitos destes maus hábitos
voltam por causa da dúvida ocasional (da qual o diabo sabe
aproveitar-se); por causa da impaciência; e devido ao facto de
havermos achado que a nossa aprendizagem já estaria perto do fim. A impaciência e a
falta de vontade em cumprir! Ai destas irmãs gémeas! Desejaríamos que tudo tivesse
terminado, mas, o alvo ainda se encontra diante de nós. Contudo, a
misericórdia de Deus acompanha-nos, Gen.19:19.
Todas as coisas de Deus precisam urgentemente de se tornarem o nosso
primeiro e único instinto - a nossa única forma de viver. E Deus
reforça todos os Seus pontos de vista e repete algumas coisas
importantes para aquele momento. E Ele já nos havia falado!
-
Aqui entramos num relacionamento com Deus mais aberto,
mais franco e mais profundo quando tudo nos indicava que nos estávamos afastando.
Mas, é Deus quem comanda e não nós e ainda bem que assim é.
Sentíamos estar prestes a perder, perto da derrota. Mas, afinal vencemos. Lutamos com Deus e
vencemos sem saber como. Na verdade, foi Ele que nos ganhou,
conquistando-nos quando (porque) lutamos com Ele. Também não entendemos
porque razão estamos mais aconchegados em Deus havendo lutado com
Ele. Por havermos lutado, não tínhamos a ideia que nos envolveríamos
com Ele e nos tornaríamos um pouco mais como Ele. Sentimo-nos mais
perto de Deus que nunca. A perda da vida própria começa, aqui, a tornar-se
cada dia mais evidente.
-
Alguns dos muitos rios de água viva começam a fluir livremente de
dentro de nós e começamos a desejar mais. Sentimos que nos rendemos
a Deus e nem é verdade. Isso é Deus ensinando-nos
e demonstrando-nos como tudo deve processar-se, o quanto devemos fazer e a maneira como devemos
fazer.
-
Julgamos o pecado facilmente e achamos que, com isso e
desse jeito, o pecado abandonar-nos-á. Essa tendência para a justiça
própria, esse jeito do mundo de ser sumário para não ser confuso
(agora contra um novo inimigo que conseguimos ver bem ou mal), ainda
existe em nós. Ainda não sabemos o que é lutar com as armas de Deus
e usamos facilmente as nossas ou, então, ficamos estagnados pegando
nas armas de Deus por não sabermos o que ou como fazer com elas. Muitos, nesta fase, escondem os seus talentos por
vários motivos. Na verdade, quando ainda temos um amor secreto para
com o pecado, somos implacáveis a julgá-lo. Falta-nos saber que o
pecado se apoderou das coisas santas e estamos a colocar tudo dentro
no mesmo saco, o santo com o profano, passando ambos a fio de espada. Julgar não é o mesmo que condenar para sempre. A morte do
pecado é ou já foi conseguida através de Cristo e da
sabedoria. "O sábio escala a cidade dos valentes e derriba a fortaleza...",
Prov.21:22.
-
O nosso coração começa a queimar estranhamente e é um
queimar literal e real - parece um fogo físico e real. Por vezes
colocamos a nossa mão no peito para ver se está quente cá fora
também, Luc.24:32. Muitos vão ao médico
confirmar se não estão doentes fisicamente tal é a intensidade e a
realidade do calor no coração.
-
Somos humilhados sempre que esperávamos exaltação.
Achamos isso muito estranho, logo agora que a presença de Deus nos é
real, ou começou a ser.
-
Mas, apercebemo-nos que existe amor real para com Deus e
para com aquilo que Lhe é querido também. No entanto, por vezes confundimos
as coisas. Somos tentados a amar do nosso jeito antigo, porque a
nossa memória programada ainda nos trai e o nosso jeito antigo de
andar, de viver, ainda quer dominar porque a vida antiga ainda nos é
familiar e recente. Somos compulsivos no que está certo e vem de Deus e
tentamos fazer o que está certo do nosso jeito ou do jeito de
outros. Essa compulsividade é prova disso. Mas, não é o jeito de Deus (ainda),
pois, recusamos optar por
sermos eternos, calmos e activamente constantes de imediato. Temos pressa e agimos
de maneira impaciente com as coisas espirituais. Essa pressa é a
defesa da carne, é a sua sobrevivência. Mas, quem tenta fazer
o que está certo de seu jeito próprio, também se esforça para que
Deus faça as coisas da carne de Seu jeito, isto é, que Deus use Seu
poder para servir o que é profano devido aos amores do coração do
homem. É aqui que a chama de muitos pode
esfriar-se caso não abdiquem de todos os seus direitos e modos conscientemente,
para além de abdicar de sua própria vida, claro. Uma coisa é
abandonar a vida própria, outra é abandonar os modos dela. E o diabo
leva-nos a crer que temos de fazer coisas do nosso jeito para Deus e
para os outros - não que as coisas sejam erradas, mas, porque o diabo
sabe que o nosso jeito será repudiado por Deus
solenemente. Ainda nem nos passou pela cabeça o que significa “aqui
na terra seja feito como no céu”, isto é, do mesmo jeito e com as
mesmas finalidades e em Seu próprio ritmo. Aos que vencem e negam-se,
aos que se apoderam de Deus depois de se negarem e não ficam
ociosos e inactivos por se haverem negado, aos que não ficam sem
saber para onde ir depois de se haverem distanciado dos seus modos
próprios e nem ficam perdidos porque se perderam a si
mesmos, a todos aqueles que podem dar o próximo passo e sabem que o
têm de o dar e o que precisam de fazer, incentivemos a que continuem
subindo todos os nossos degraus. Dos outros despedimo-nos aqui,
pois, mesmo que prossigam sendo crentes, mesmo que consigam ser
crentes, os nossos caminhos serão diferentes e separam-se aqui.
-
Assim que damos o primeiro passo como se tudo estivesse
começando de novo, apercebemo-nos que, na verdade, nem existia amor
verdadeiro e exclusivo para com Deus em nós. Havia amor, sim, mas era o nosso
misturado com o de Deus, aquele que Ele ainda está a derramar em
nós. Achávamos que esse amor era para nós, mas, na verdade, é
para ser através de nós direccionado para os outros e para Deus - não somos o
alvo desse amor, antes os distribuidores e os canais, pois somos
feitos para amar e refeitos só para sermos amor e não para sermos amados. Por
havermos pensado que o amor se destinava a nós,
nasceu a confusão. É aqui que muitos dos nossos
caminhos se tornam apertados, pois, nem sempre se abdicou do amor
antigo e do jeito de amar que aprendemos com o mundo, aquele seu jeito
contaminado e minado de presunção e egoísmos, o qual usava a palavra
amor para fins egoístas tendo o próprio como alvo e exclusivo beneficiário
final. O mundo ensinou-nos a ser amáveis e queridos para nos
aproveitarmos e recebermos algo de volta. Por essa razão somos, muitas vezes,
prestáveis. Mas, com Deus isso já não funciona assim,
mesmo que tenha funcionado até aqui para sermos alcançados, pois Deus tornou-se Judeu para
os Judeus e Grego para os Gregos para que se tornassem como Ele. E
após havermos sido alcançados já não somos nem Judeus e nem Gregos - somos celestiais. No Seu
Reino já não existe Grego ou Judeu. Ou tornamo-nos logo como Ele ou
arriscamo-nos a estar perdidos, futuramente, em raciocínios e
doutrinas, achando que sabemos tudo. Ele tornou-se Judeu para o Judeu
para que o Judeu pudesse tornar-se como Ele.
-
Também é aqui que começamos a orar pelas coisas certas do jeito certo.
Isso deve-se principalmente ao facto de havermos colocado toda a
forma de egoísmo de lado de forma real (e não apenas de forma
teórica). O poder do verdadeiro amor e da visão que obtemos por
causa da luz que brilhou ao nosso redor faz-nos temer a indisciplina
e a negligência. Por isso fazemos votos renovados diante de Deus e
prometemos-Lhe ser-Lhe fiéis. São votos renovados. É necessário que
sejam renovados de vez em quando. E Deus tenta terminar toda a obra
que começou. Orar desta maneira certa ainda parece-nos algo
estranho, pois nunca fomos habituados a tal coisa. E porque isso
assim acontece, as nossas orações começam a fazer sentido. Ele
também corresponde com respostas mais claras mesmo em cima do
acontecimento. Contudo, ainda nos parece estranho e dizemos a Deus, (como se Ele se
fosse enganar só porque não conhecemos bem o Caminho novo e porque ainda
não nos habituámos a ele): “Pronto, Senhor, se tu queres assim,
assim farei. Mas, olha que acho que eu posso estar errado!” É o medo de
perder quem fala assim e não a realidade das coisas seguras em
Cristo. Na medida que as coisas se tornam mais reais em nós, começam
a fazer parte do nosso conhecimento (pois, todas as coisas de Deus
necessitam tornar-se reais e concretas, ainda que não do nosso
jeito). Por vezes, agimos como se parecesse que sabemos melhor e que
sabemos fazer melhor que Deus - só não o afirmamos. Deus passa por
cima dessa forma de pensar pretensiosa, inoperante e castrante. Ele prefere
levar-nos a um patamar onde a Sua graça se pode tornar mais clara e
mais evidente em nós. Necessitamos urgentemente de um coração onde
isso possa acontecer. O Senhor conquista o terreno da incredulidade
e da ignorância para Ele e fá-lo frutificar com novos frutos. Jesus
prevalece sobre nós. Na verdade, Deus precisa que
saibamos melhor de outro jeito e, por essa razão, tenta conquistar
todo o nosso terreno para Ele, pois o mundo nada sabe e fica sem
ajuda porque o egoísmo ainda nos comove e sentimo-nos congratulados
quando sabemos mais e melhor. Não seremos ajuda para o mundo
enquanto formos como ele. Se o mundo precisa de ajuda urgente é
porque seu jeito está errado e ser como não resulta. Mas, na exacta
medida de qualquer dos nossos passos concretos de obediência, a
realidade vai-se apoderando cada vez mais de nós e vamos deixando
para trás, exterminados em ordem, todos os preconceitos - esses
frutos do egoísmo que todos aceitam facilmente e dos quais fazem uso
para aquelas guerras fora e dentro dos seus corações e das quais
tanto gostam! Essas guerras interiores e exteriores precisam chegar
a um ponto de plena vitória e paz. Temos de chegar à própria raiz de
cada pensamento e imaginação que não estejam sujeitos a Cristo.
Apercebemo-nos facilmente que temos de ser reais e não apenas
crentes de uma realidade. Deixamos os preconceitos, os conceitos que
os crentes ganham e vivemos experimentando a vida da qual tanto se
fala. E Cristo vai-nos avisando que Ele está a ganhar terreno contra
a nossa própria vida e não a favor dela, para nunca nos iludirmos
acerca do que Ele está a fazer. Ele nunca saiu do Céu para abençoar
essa vida própria e antes para eliminá-la e exterminá-la por completo. A vida própria é
uma ameaça séria e não um doce. Jesus é doce em seu
falar, mas, decidido a levar-nos para Jerusalém (lá onde se morre) e nem temos dúvidas sobre tudo quanto Ele
pretende alcançar com a nossa morte lá. Até aqui achávamos que o único inimigo era
Satanás, mesmo que seja inimigo. Na verdade, éramos escravos de nós
mesmos e Cristo veio-nos libertar da pior das escravidões: a
própria. E achávamos nós que entendíamos as palavras de Paulo que
dizem: “Não vivo mais mas Cristo vive em mim”! Enquanto isso não se
tornar uma realidade natural quando é ponderada, sem resistências,
nunca se tornará Vida real.
-
Deus revela estar a tornar-se extremamente importante
para nós e percebemos que, talvez, nunca tenhamos sido verdadeiramente
filhos de Deus devido àquela novidade de cada dia, nascendo e
raiando como nunca. Cada dia é novo. Isso é nova tentação para o egoísmo, pois,
o egoísmo busca a felicidade em vez de tornar Cristo alegre por nós. Quando
caímos agora, é mais devido à ausência de tentação que pela presença
dela, pois aprendemos a estar sempre a lutar contra a tentação.
Ainda não aprendemos a lutar pela Vida ou com a Vida para
que ela se torne familiar. O diabo também usa essa
situação, pois sabe que, na ausência de tentação, ficamos inertes.
Mas, quando não ficamos inertes, ele vem para nos apanhar de
surpresa, pois deixamos de contar com muitas tentações. Ele ainda é
o tentador e até achou sabedoria para tentar Cristo, que o derrotou.
Cristo em nós tornará a vencê-lo uma vez mais porque estamos sempre
limpos diante de Deus.
-
Aqui aprendemos a lutar com Deus, talvez de outra forma,
talvez não. A Vida é indestrutível e podemos lutar com Ele que não
muda - mas, ela transforma-nos a nós pela Sua realidade sem ou com
palavras porque nos envolvemos com ela numa luta de vida.
Anteriormente aprendemos a lutar e não a viver porque sempre nos
ensinaram que o pecado seria invencível e teríamos de lutar com ele
a vida toda. Descobrimos que era só mais uma das muitas mentiras do
diabo. Havíamos aprendido a lutar contra a morte, antes, para
vivermos. E caso sejamos achados a lutar contra a morte, nós que
somos assimiladores, assimilaremos os jeitos dessa morte e do
pecado, transformamo-nos em pecado porque lutamos com ele e não
com Jesus. Mas, aprendemos que devemos lutar com a Vida porque somos
assimiladores daquilo em que pegamos. Agora que começamos a saber e
a acreditar no facto de que a morte nem nos deve tocar mais e nem
nós nela, aprendemos a
lutar com a Vida para vivermos como se nada mais existisse contra o
que lutar. Assim, assimilamos a vida.
-
Mais um jeito que tentamos adoptar e aprender a qualquer
custo: viver e conviver com a ausência de algumas ou de muitas
tentações. Existe gente que busca tentações porque não sabe viver sem
elas. Outros não sabem viver com elas sem murmurar tendo aquela vida que
vence facilmente a cada passo que damos. Muitos até acabaram por
começar a crer que orar sem queixumes não seria orar sequer! Outros, ainda, nem sabem viver
de um jeito e nem do outro porque não são honestos com eles
próprios. Muitas pessoas agem e reagem apenas preocupados. Sem
preocupações, adormecem profundamente. Por essa razão, ausentando-se a
tentação, ficamos de novo sem saber o que fazer. E é assim que
começamos a perguntar: como viveremos no céu se reagimos apenas à
tentação, à provação e ao castigo? Lá no céu não existirá nada disso
e precisamos saber viver aqui na terra como no céu.
Temos, agora, a real oportunidade de conhecer pessoalmente um dos maiores segredos
do evangelho, do qual, livrar-nos de todo pecado foi apenas o
começo. Agora, precisamos ou precisávamos mudar de luta, de arena. E
já estamos mudando. Aprendemos a entregar-nos a Deus porque a obra interior cabe a Ele. Agora, contudo, escolhemos
entregar-nos a Deus e nem nos distraímos com caminhos paralelos. E é assim que tudo se torna diferente (de novo,
porque vamos de glória em glória); temos a percepção de que, mesmo
quando todo tipo de pecado não é mais problema real para nós, sendo
antes considerado como uma vida de total ilusão e perdição que não
tem mais a capacidade de nos atrair, que a verdadeira entrega a Deus
e a Seu domínio e forma de reinar (a Seu Reino) é o que precisamos
fazer para Ele, principalmente através d'Ele, por Ele e isso é viver
a favor da Vida e não contra a morte. Anteriormente, havíamos aprendido o jeito que usávamos
contra a morte. Para vivermos, precisamos
entregar-nos integralmente à vida, sem condicionalismos. A única virtude que sobrou
das lutas anteriores foi a consciência da necessidade de permanecermos
entregues e totalmente rendidos para estarmos atentos, mesmo nas
vitórias - algo que vai para além de sermos vencedores para sempre. Não
estamos atentos apenas para vencermos, mas, para vivermos a vida de
vitória. Entrega absoluta ainda não é forma de vida para nós, mas, começou a
ser há muito tempo atrás e o pecado levou-nos a ser realmente
entregues devido à realidade da ameaça de poder-nos destruir completamente
caso não fossemos. A luta contra os nossos pecados ensinou-nos a ser entregues
a Jesus evitando os confrontos com ou contra o pecado. Agora que o adversário fica sem existir em
nossos planos, mesmo existindo neste mundo, o jeito de viver
permanece e a entrega mantém-se real em relação à vida. Agora o
Sal.123
começa realmente a fazer maior sentido para nós e terminamos afirmando
que “O Senhor aperfeiçoará o que me diz respeito” sempre que estamos
entregues, Sal.138:8;
mas, temos a percepção séria de que essa posse da vida só ocorrerá em
nós sendo rendidos a Jesus. Anteriormente,
a entrega era motivo de dúvida para nós, pois
acharíamos facilmente que deveríamos lutar - lutar contra maus e
vilões, contra pecados e tentações. Para nós, a rendição fazia-nos
pensar em perdermos a luta por nossa vida ou a de outros. Mas,
aprendemos que, rendermo-nos a Cristo não é resignação e antes
vitória, é uma rendição à única forma de se obter vitória e à confiança na
realidade do poder de Cristo em nós - se é que é real. É rendermo-nos a Quem está do
nosso lado e é por nós. Esse sabor a vitória dá-nos um sorriso
enorme, pois achámos descanso das lutas anteriores para vivermos. As nossas espadas são transformadas em foices na seara de Deus e
não precisamos aprender mais a guerra, Is.2:4.
Agora percebemos que nem existe perfeição sem uma entrega absoluta e
incondicional em substituição daquelas lutas pelas quais o inimigo pode tirar-nos a vida distraindo-nos
e desviando-nos de sermos somente entregues. Ele manipulava lutas
falsas, usando para isso os nossos medos, culpas, terrores ou
lembranças dessas coisas; o nosso desejo de sermos perfeitos passa a ser o
desejo de sermos entregues, mesmo quando ainda possa faltar alguma
realidade de o sermos. O vilão não está fora de nós e está morto ou morrendo,
apodrecendo sem qualquer capacidade de recuperar. Com isso, alegramo-nos
muito. Quanto maior a alegria, mais se nos revela o quanto desejávamos
estar mortos para o pecado. Quando nos desviamos um pouco de nosso caminho, dizemos a
Deus: “Isto é o que acontece quando me deixas entregue a mim mesmo”
e sabemos do que falamos.
-
Percebemos no ar que agora precisamos acreditar porque
as coisas de Deus são mesmo verdade e não apenas porque precisamos
acreditar ou porque as coisas de Deus são coisas bonitas ou representam
valores que atraem a nossa imaginação. E, só de pensar que tudo é verdade,
dá-nos um temor estranho, pois nem é medo, mas temor e reverência pela
verdade que ainda por cima é real - é um arrepio de amor solene. Não é
mais uma crença, mas, uma realidade na qual antes não críamos
como realidade que é.
-
Devido a esta nova descoberta prática e muito útil para
nós e para todo o Reino de Deus, (lá onde as coisas se processam do jeito do céu),
cada dia parece-nos coisa nova e vamo-nos habituando a essa ideia de realidade
simples. Todos os dias o sol nasce pela primeira vez. Tudo é eterno e lindo. Tudo
começa sempre, tudo que temos nunca termina. Tudo é novidade para nós e, finalmente,
ganhámos aquele espírito simples de criança do qual Jesus tanto falou; e, caso nos
achássemos presos em uma cela sem nada para fazer, a nossa realidade
nem seria outra, pois, os
nossos afazeres seriam muitos e entendemos o que Pedro queria dizer
quando afirmava "Porque,
se em vós houver e abundarem estas coisas, elas não vos deixarão ociosos nem infrutíferos
no pleno conhecimento de nosso Senhor Jesus Cristo", 2Ped.1:8.
O que conta é conhecer Jesus e isso é o que a Vida Eterna é,
João 17:3;
e mesmo numa cela teríamos grandes novidades para contar a quem
quisesse ouvir. Precisamos viver um dia de cada vez, mesmo quando
nunca nos esquecemos de tudo quanto Deus nos prometeu ou mandou para
o futuro lá no passado. E é no conhecimento de Cristo que nunca nos
tornamos ociosos e não noutras coisas.
-
Agora, até os mandamentos de Deus nos parecem promessas e nem são mais
mandamentos, pois desejamos muito tudo o que Ele deseja. Agora,
começamos a orar com muito fervor para que possamos alcançar as
promessas de Deus e não mais os mandamentos. "Os Teus testemunhos são o meu prazer e os meus
conselheiros", Sal.119:24.
-
Pedimos as coisas porque as
queremos para Deus e é aqui que começamos a perder de vista qualquer
justiça própria, mesmo que já não a estivéssemos a praticar. Agora
perdemo-la de vista, saindo do nosso mundo consciente para sempre.
Perdemos, também, aquela bondade própria ou outra coisa que poderíamos
achar que tínhamos porque, aquilo que Jesus é, é saboroso demais
para nós e tornamo-nos tal qual Ele pela convivência com Ele. Mesmo que tivéssemos
algo próprio, nem seria resistido, antes seria prontamente ignorado com
simplicidade de criança, aquela simplicidade que nem dá explicações
sobre porque razões ignorou um brinquedo para ir brincar com o outro;
não nos importa saber explicar porque a nossa realidade agora é outra. Agora
percebemos que só se preocupa com o bem que tem, aquele que se ocupa
com o mal que teve ou ainda tem. E antes foi necessário ocuparmo-nos
com o mal que tínhamos dentro de nós - ou fora de nós, em caixinhas
de som, de imagens, de recordações. E, por essa razão, tornávamo-nos conscientes de
tudo que fosse bom que saísse de nós. Quem se
ocupa com Deus e de Deus não tem mais mal com que se ocupar e a
consequência é a de nunca mais necessitar competir com Deus por
Deus. Quem luta por alguém, adquire e usa o jeito desse alguém. Agora que lutamos por Deus em Deus, adquirimos o Seu jeito também, o
qual acaba por conquistar-nos integralmente para Deus.
Anteriormente, lutávamos por nós e nem tínhamos como impedir o nosso jeito. Com a vivência e o objectivo real pelo qual lutamos e
que agora foi finalmente alcançado, vem o jeito de atingir o alvo,
como se não tivéssemos alcançado nada ainda. Vivemos em Deus
por Deus e não mais por nós mesmos e como sabemos que a nossa vida tem
mais valor para Ele que para nós e que todo ouro da terra, lutamos por nossa vida e
lutamos pelas vidas de outros porque elas são mais importantes para
Deus que para qualquer outro ser existente. Agora, só agora,
aprendemos a ter imenso amor certo por nós mesmos e as palavras
“como a nós mesmos” ganha outro significado, pois amamos as nossas
vidas que antes eram pródigas, próprias e foragidas, como Deus as
ama e porque Deus as quer e ama. Antes lutávamos pela salvação de quem amávamos.
Agora, porém, lutamos por quem Deus ama e sabemos que, por nossos familiares, Jesus também
morreu.
-
Perdemo-nos dentro de Deus, pois a Sua dimensão em amor
é infinita e parámos de medi-la para usarmos o nosso tempo e
recursos antes para poder vivê-la e poder conviver com ela.
Anteriormente sabíamos disso. Mas, agora vivemos da realidade das
coisas que Deus sempre nos vinha falando e querendo demonstrar de
forma prática. A santidade parece-nos ser a coisa mais fácil do
mundo (mas só agora) e começa a parecer que nunca vivemos de outro
jeito. Pecado parece-nos ser coisa imperceptível, impossível e
inexistente. Até a lembrança do pecado em nós deixa de existir para
vivermos como se nunca houvéssemos pecado e isso (milagre dos
milagres) dentro de um mundo cheio de pecado. Realmente, Jesus
liberta verdadeiramente e não importa onde ou quem. Nem é o
local que importa, pois o nosso pecado existia dentro de nós e não
fora de nós, tal como o pecado de outros, do qual a nossa vida não
depende, é dentro deles. Fazemos tudo de outro jeito, por outros motivos e, agora,
admiramo-nos muito de havermos vivido outra vida quando olhámos para
o mundo exterior em seus afazeres, pois, pelo lado de dentro de nós,
nem nos conseguimos aperceber que já vivemos aquela vida
anteriormente - só olhando para fora nos apercebemos e lembramos!
Não tememos mais olhar o pecado de frente porque aprendemos a viver
do que está dentro de nós e tornou-se real enquanto nos apercebemos
que é firme como Rocha e nunca se abalará. Deixamos de temer perder
esta vida por muitas razões, pois o único que poderia rejeitar ou
impedir a vida de Deus deixou de existir para o mundo: eu. Deus quer dr
vida. A vida de
reclusão ensinou-nos a viver só de Deus para Deus, porque era a
vontade d'Ele em absoluto. Agora dizemos, alegres, "Senhor, isto é
tudo que acontece quando Te dás e Te entregas a mim também, quando
eu sou Teu e Tu és meu! Agora não é somente eu a ser Teu, mas
Tu entregas-te a mim também". E começamos a perceber porque razão
Jesus nunca se entrega às pessoas, João 2:24.
Aos fiéis Ele dá de Seu Espírito. Agora fazem muito sentido as
palavras, "... o Espírito Santo,
que Deus deu àqueles que lhe obedecem", Act.5:32,
isto é, àqueles que têm dentro de si a capacidade de Lhe serem
obedientes. Mesmo em casos onde esta vida nunca se tornou realmente
prática e real, a sua consciência torna-se real e a percepção da sua
existência é uma porta de entrada, como se de nada
mais tivéssemos consciência e percepção. Entramos no mundo do
trabalho de Deus e não nos achamos ociosos só porque não fazemos
mais nada por nós mesmos - antes seria isso que aconteceria.
-
Nós, agora, facilmente depositamos nos Seus pés as
coisas que faríamos para nós e fazemos para Deus; e aquilo que antes
seria uma luta tremenda, agora é uma consequência, uma vida
normalíssima e cheia de prazer sempre que se faz ou se concretiza.
Podemos, agora, fazer as coisas para nós mesmos, também, sem estar
pecando, pois a nossa vida foi ganha para Deus e Ele cuida dela.
-
Já não existe diferença entre as nossas coisas e as de
Deus, pois as nossas tornaram-se d'Ele e as d'Ele tornaram-se
nossas. A salvação daqueles que amamos é importante para Deus e, por isso,
trabalhamos: porque é importante para Ele. Vemos que os filhos dos
outros também são importantes para Deus, tal como os nossos. Agora
podemos orar por eles como pediríamos por nossos próprios
familiares, caso estejam com os dois pés à beira do abismo do
inferno ou às portas do céu.
-
Orar agora é fácil e estamos mais conscientes das
respostas que das petições e recebemos porque pedimos; pedimos da
maneira certa como também já sabemos pedir no tempo certo. Temos a
mente de Cristo ou começamos a tê-la. Tudo se fez novo e tudo se faz
novo sempre que oramos também. Mas, o maná de hoje apodrece se o
guardarmos para comer ou dar de comer amanhã, seja por negligência
ou por medo de perder, mesmo que a nossa desculpa seja válida e
concludente. Finalmente entendemos as palavras de Jesus: "Minha
comida é fazer a vontade daquele que me enviou e terminá-la",
John 4:34. Já nem sabemos o que seria
sermos egoístas, pois até a consciência de não sermos egoístas
perdeu-se. Conhecemos a vida, a única, quando antes só tínhamos o
desejo de conhecê-la. Agora é vida aquilo que antes era desejo
intenso pelo qual chorávamos e pedíamos para a poder ter de forma
abundante e sem cessar, constante e eterna. O sonho tornou-se
realidade.
-
Conforme vamos recebendo
aquelas coisas pelas quais oramos intensamente, já nem nos admiramos
de as receber tão facilmente. A única duvida, por vezes, é se é para
distribuirmos ou se é para nós - isso porque nem existe egoísmo nem
pecado mesmo quando aceitamos algo para nós. Somos inocentes,
simples. Orgulho que recusa dar, também recusará receber e
como já não existe em nós, tanto nos faz que seja para dar ou para guardar
ou usar juntamente com outros ou separado. Tudo que vem de Deus é
bom e Ele só dá porque é bom para nós e não porque gostamos.
E gostamos porque é bom.
-
Não temos mais peixinhos para distribuir e nem pão e
parece-nos muito estranho. Na verdade, estávamos à espera de ser
exaltados nesta fase. Mais uma vez escolhemos viver para Deus porque gostamos
de viver para Ele. Aqui recebemos uma leve repreensão, pois devemos
viver, sim, mas, não apenas porque gostamos. O gostar é consequência
e fruto e nunca deve ser deixado tornar-se motivo ou motivação e
nem melindrá-Lo com isso, nem exclui o prazer como fruto e
consequência. O caminho estreita-se para os dois lados para acharmos
o nosso caminho da maneira certa e só o fanatismo se perde aqui -
tanto o fanatismo que se vira para gostar como o que se encaminha
para desgostar. O diabo só quer que haja desentendimento e a falha
nos motivos é o passo que se dá para depois discordarmos uns dos outros.
(Discordamos uns dos outros e não apenas uns com os outros - ache a
diferença, pois somos diferentes em essência. Se discordamos até
somos iguais naquilo que fazemos por fora e o problema e a diferença
está no interior. "Acaso andarão dois juntos se não estiverem de
acordo?" Amos 3:3).
Mas não irei explicar isto aqui.
-
Aqui podem começar as listas de algumas orações
pendentes, as quais podem ficar sem resposta - até sem um não. Nem
assim temos como ou porque descrer ou ficarmos desanimados e nem
tão-pouco nos conformamos com isso, mesmo porque nunca nos
esquecemos dos pedidos que fizemos - e isso é importante. (Se nos
esquecêssemos dos pedidos que fizemos, nunca seríamos pessoas de
oração. Se nos lembrarmos deles teremos a opção de aprender ou de
descrer caso Deus não responda). Temos de chegar ao ponto onde todas
as orações obtêm respostas, pois essa é a promessa de Jesus. A
esperança necessita ser tão sólida quanto a fé e o amor para outros
e para Deus será o vínculo que une tudo. Em casos ou ocasiões
pontuais começamos a achar que somos hipócritas, ou que os outros
acham que somos, porque falamos que Deus responde a tudo (e é
verdade) e parecemos Jó diante dos seus amigos; mas, no nosso
caso, algo de muito estranho acontece e nem conseguimos descrer e
sentimos que seríamos hipócritas caso disséssemos que Deus não
responde - mesmo quando as coisas tardam em chegar. Era o que
acontecia com Jó também; essa capacidade de descrer nem existe mais
em nós, a menos que nos afastemos de Deus, pecando, pois a fé é
fruto da comunhão com Cristo e naufraga através do que nos separa
d'Ele, 1Tim.1:19 -
não nasce por ver sinais ou prodígios e nem morre pela ausência ou
abstinência de milagres. As coisas de Deus parecem-nos distantes,
por vezes, quando Deus nos está tão perto. Tudo ensina-nos a viver
só para Deus e não para o que Ele dá. Mas, os que aprenderam a viver
só para Deus desde o início verão milagres toda a vida como os
apóstolos viram.
-
De repente, quando a paciência termina o seu trabalho e
a
obra de solidificação garante o seu crescimento futuro pela
esperança e pela perseverança que irradiou sob pressão para desistir
e que se instalou em vez de nos deixar, o céu invade o nosso ser e
até acordamos de noite queimando como fogo. Ainda nos custa muito
alcançar Deus, mesmo sendo Ele o nosso único desejo. Os diamantes são
formados sob grande pressão do calor da terra. Assim acontece com a
fé e com a esperança. Quando duvidamos, o fogo diminui correndo o
risco de se apagar, pois Deus apenas permite-nos duvidar de algo que
não é verdade; e quando é verdade que não é real, Ele permite-nos
apenas crer que não temos o que Ele promete - nunca nos permitirá
achar que a Sua realidade é mentira. Mas, a contradição pode
instalar-se dentro de nós, pois nem temos mais como ou porque negar
que é verdade que Deus nos segurou.
-
Oramos sempre com os olhos virados para a presença de
Deus, sendo que tudo serve para nos aproximarmos d'Ele. Quando não
sabemos algo ou não sabemos o que fazer nem nos preocupa tanto, pois
pedimos e podemos receber facilmente. Mas, quando a presença de Deus
parece diminuir, assustamo-nos e entramos em apuros e trabalhos de
parto em nosso interior. Parece-nos o fim do mundo ficar sem Deus. E
não é?
-
Apoderamo-nos de Deus como se Ele quisesse fugir para
algum lado. Mas, na verdade, é Ele que se está apoderando de nós
passo a passo através desses golpes de sabedoria. E Ele dá os passos
todos e sabe o que faz.
-
Deus parece-nos um degrau
acima daquilo que podemos subir. Estranho, logo agora que estava tão
perto e nos distraímos um pouco na beleza de Vida que achámos e
com a qual não sonharíamos nem usando toda a nossa imaginação. Logo
nos apercebemos que temos de subir e não ficarmos a lamentar-nos.
Ele não tem intenção de desistir de fazer aquilo que achamos que nos
magoa e que, na verdade, é o bálsamo pelo qual trabalhamos. Este
degrau, difícil de subir, só sobe quem não murmura e quem não se
lamenta, nem em silêncio sequer, isto é, quando não se murmura, caso
ainda existe um coração murmurador. Lemos que “nenhum murmurador
entrará no Reino dos Céus” e, quem murmura, também se congratula e,
por isso, quem se congratula também fica aquém desse reino precioso
sempre que recebe algo. Apercebemo-nos que Deus tem algo diferente
em mente e que, agora, nem é o nosso
pecado que precisa ser limpo e antes o nosso ser. Nem buscamos mais
pecado em nós, tal é a nossa confiança em quem salva de todo pecado
e purifica através da Sua sabedoria actuante. Sabemos o que
significa "E isso faremos, se Deus o
permitir", (Heb.6:3),
quando deixamos as coisas básicas dum relacionamento para trás porque
sabemos instintivamente e confiantemente que não existe caminho de
volta - nem o bom caminho que já trilhámos antes, voltará.
-
Deus pega bem fundo em nós desta vez, quebrando os laços
que ainda tínhamos com o resto do mundo e que ainda existem dentro
de nós sem nos apercebermos. E isso quando até achávamos que o mundo
havia morrido para nós! Estaria ele ainda escondido de
nossos olhos? Mas, Deus nunca desistiu nem tirou Seu olho do que não
víamos.
-
Perdemos a nossa vida por completo agora e nem achamos
difícil cumprir debaixo do Seu Jugo leve e suave demais. Nada é
pesado, nada do que fazemos pode ser pecado.
-
E agora pensaríamos que só
nos falta o céu e que o próximo passo seria dado lá. Mas, não é
verdade. Agora estamos quase prontos para o trabalho de Deus, para
aquela obra que Deus preparou para nós, para o Céu aqui na terra. A
vida cá na terra começa a fazer sentido agora, pois vivemos do jeito
de Deus
e para a finalidade que fomos criados para vivermos. Em vez de
subirmos para o Céu, o Céu é que desce a nós, vindo para ficar e
aconselhar. Sabemos o que significam as palavras de Moisés: "Os dias
do céu sobre a Terra".
-
De tanto que nos
familiarizamos com esta nova Vida que nem tememos e nem impedimos
reviver e relembrar muitos detalhes da nossa carreira de perigos
constantes até aqui. Vemos detalhadamente como Deus nos protegeu e, em vez de ficarmos ressentidos e magoados pelos males que
passámos, vemos o bem que nos trouxeram e nós alegramo-nos n'Ele
porque deciframos quais os motivos de muitas coisas e de tudo que
passamos porque nem era culpa Sua. Foi uma obra de amor de Sua parte. Agora revivemos os males dos
outros como se fossem nossos e apercebemo-nos do que é feito um
profeta de Deus: alguém em quem os problemas dos outros são reais,
para que os apresente diante de Deus como são e ache as soluções em
Deus para tais problemas, orando assim, abrindo os caminhos de seu
próximo, vivendo-os pessoalmente com um toque de poder e de
observação interior pessoal mais independente - mais para alguém sair dos seus
problemas, do que achar descrições e vantagens do caminho a seguir.
Sempre que ajudamos outros, agora, estamos apenas um passo à frente
de quem ajudamos e não dois. Não explicamos as coisas a não ser que
seja necessário fazê-lo. Antes vivemos as coisas recebendo
respostas de forma prática. Temos aquela paciência de dar passos que
nem são nossos, de falar como se estivéssemos vivendo tudo aquilo
que vivem os oprimidos ou outros que se alegram, vivendo as soluções
deles porque achámos os seus caminhos e modo de eles saírem de pecados e
problemas e nada disso afecta-nos em nosso próprio caminho, pois
estamos mortos e temos a nossa vida nova paralela, a qual não
negligenciamos. Mostramos obra fazendo-a e concretizando-a e, muitas vezes, nem usamos palavras
e antes os meios que Deus colocou à nossa disposição. Nunca nos
achamos muito à frente de quem tem de dar um passo connosco (ou nós
com eles) e parece que sabemos instintivamente que cada passo para
qualquer pessoa é penoso demais para não termos aquela paciência de
esperar por quem anda. Parecemos Jacó lidando com seu rebanho: "...estes
filhos são tenros e tenho comigo ovelhas de leite; se forem
obrigadas a caminhar demais por um só dia, todo o rebanho morrerá",
Gen.33:13.
-
Mesmo que olhemos para trás agora, não é pecado,
pois nada temos que nos prenda lá para onde olhamos. O nosso coração
está limpo e vemos Deus a quem preferimos até inconscientemente. Não era pecado
para Abraão olhar para onde a esposa de Ló olhou. Ela virou estátua de
sal, mas, Abraão não. Abraão não virou estátua de sal porque ele já havia renunciado Sodoma e Gomorra muito tempo antes de serem destruídas. Olhando,
recebemos sabedoria para contornar os obstáculos pelo
rebanho, aqueles que nós não soubemos contornar em devido tempo,
(principalmente esses, pois precisamos vencer tudo que ainda não
vencemos e ficou para trás - só que vencemos de outra maneira); e
nós sabemos onde e porque erramos desse jeito. Agora, usamos todos os
nossos sentidos apurados para sermos úteis ao rebanho de Deus como o
mundo usaria os meios apenas para ele próprio; e tudo que fizemos de
mal ou de bem é matéria e comida para acumular à nossa experiência
actual. Ficámos atentos a cada passo que já demos e a nossa
sabedoria e perspicácia aguçou-se
e prontificou-se a servir sem interesse. Somos extremamente honestos e sinceros sem
esforço, algo que atrai o mundo perdido até nós. As coisas
processam-se dentro de nós mais ou menos do jeito que se processam
no Céu.
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A nível pessoal, percebemos que a morte não nos assusta
mais e atrai-nos a ideia de ir viver com Cristo e até ficamos imaginando
como será lá. Ao pensar no céu, exultamos! Mas, a vontade de Deus é o que nos impele e nos faz
movimentar e não nossos desejos muito profundos de estar com Cristo
para sempre. Ora, Ele também está aqui connosco! São com palavras
assim que nos confortamos. Na verdade, sabemos instintivamente que
nosso caixão ficará vazio depois de entrarmos nele. Sabemos que o
céu está a um pequeno passo de nós e isso torna-nos humildes e
simples em nossa fé e vida.
-
Chegámos a um ponto que quase não falamos orando. Cristo
está tão perto de nós que sussurramos e Ele ouve-nos facilmente. Na
maioria dos casos, antes de falarmos, Ele já nos ouviu e, sempre que
suplicamos, há tremores e trovões diante do Trono de Deus, tão forte
é o som das nossas súplicas nos céus,
Is.65:23,24.
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Somos tão sensíveis à vontade de Deus que nos tornamos a
própria vontade d'Ele. Muitas vezes, descemos alguns degraus por
causa dos outros que nos são próximos e se tornaram nossos
familiares e irmãos muito chegados. Muitas vezes, de tão sensíveis
que estamos em relação à vontade de Deus, fica parecendo que
chegamos antes de Deus a um certo lugar ou a uma certa conclusão,
como se nos tivéssemos antecipado e Deus deixa que isso
nos pareça ser verdade.
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O toque mais leve do Espírito Santo é o maior dos
mandamentos para nós e sabemos, instintivamente, que nada tem como
impedir um servo sujeito a Deus. Temos a plena certeza que iremos
cumprir tudo até ao fim. Sabemos que poder, perspicácia e eficácia
nunca nos faltará - nem o que cabe a Deus dar faltará e nem aquilo
em que nos tornamos falhará.
-
Mesmo se estivermos numa idade muito avançada e cheios
de rugas, sentimos como se houvéssemos nascido ontem. Somos seres
naturalíssimos numa Vida que o mundo não tem como dar. Em nossa
mente e aptidões nem existe inicio de nada, nem fim de nada e apenas
vivemos sendo eternos (constantes). Nunca nos cansamos, nem mesmo quando ficamos
noites inteiras adorando (deitados, ajoelhados ou sentados) na Sua presença. Tudo
de Deus é real e faz sentido. Também faz tempo que todas as coisas deixaram de ser
crença e esforço. Esta vida não tem igual, nem o jeito de a viver
existe nesta terra. Para experimentar tudo isto abandonamos o jeito
terreno.
-
Deus movimenta-se em nós como se fossemos o céu. Jesus
vive sem impedimentos em nós.
-
Meu conselho a quem leu até aqui: nunca pare num degrau
para gozar o momento, pois, tudo se goza apenas enquanto caminhamos.
O alvo não é ter gozo e antes andar em Jesus. O céu, dentro de nós, não termina e só goza o momento quem acha que é
algo que vai acabar. O espírito do mundo é que usa essa desculpa
quando quer prazer. Por essa razão, nem devemos prendê-Lo dentro de
nós - nada tem como prender nem o momento e nem Deus, para
sempre. Ámen.