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RELAÇÃO ENTRE ORAÇÃO E ESPERANÇA

"Mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão, e não se cansarão; andarão, e não se fatigarão", Is.40:31

Que significa a palavra "esperar"? De onde vem? Para onde vai, porque razão se espera? Com que expectativa se espera?

Sabemos que Deus não se atrasa. Porque temos de esperar então? Que é isto de esperar em Deus? É nem mais nem menos, não um esperar de tempo, mas sim de expectativa, de aguardar, de certezas fixas, "Porque agora vemos como por espelho, em enigma, mas então veremos face a face; agora conheço em parte, mas então conhecerei plenamente, como também sou plenamente conhecido", 1Cor.13:12. Qualquer mulher grávida sabe que o seu tempo chegará, para bem ou para mal - não tem como se ver livre dessa expectativa. Isso é esperar um bebé, como será, para um crente, esperar (em) Deus.

Assim serão os crentes renovados e, também, aqueles que se engravidam do mundo: todos sabem o que os espera, mesmo que nunca o reconheçam por medo, por superstição ou mesmo pelo egoísmo da alegria que vão poder usufruir quando vier. A única diferença entre uma gravidez e aquilo que vamos discutir aqui de forma muito resumida mesmo, é que na gravidez se sabe o dia - naquilo que vamos discutir, apenas que vem e muito raramente sabemos qual o dia que chegará. De resto, sabe-se e sente-se que se tem algo em nós mesmos que se mexe mas que não se controla, que a partir de certo momento não nos passa mais despercebido. É assim a esperança viva, da qual quero falar - não da outra que é falsa e é daqueles caminhos que parecem certos ao homem mas cujo fim é a morte eterna e eternamente justa, Prov.16:25.

Ora, este esperar de expectativa, implica e inclui aquele esperar no tempo. Mas não é este o sentido da verdade sobre este assunto. Esperando em expectativa segura, implica que a pessoa saiba o que espera acima de quando, mais do que o tempo, sabe o que espera receber e de Quem. Por essa razão, pode optar por ser fiel noutras coisas, pois sabe que as principais estão para chegar a qualquer momento. Se uma mulher grávida optar por fazer outras coisas durante o seu dia-a-dia, outros afazeres, isso não impedirá  a criança de nascer. No mundo dum crente limpo, tudo se processa do mesmo modo. Sabe que quem promete é fiel não apenas porque crê, mas porque conhece a pessoa em quem crê pessoalmente e de maneira real e realista e não porque acredita simplisticamente. Sua fé tem fundamento como prova suficiente. Um crente é uma pessoa grávida de Cristo e de Sua vontade. Se não for, precisa limpar-se, isto é, se a gravidez não for real.

É essa a razão da sua segurança: "porque eu sei em quem tenho crido e estou certo de que ele é poderoso para guardar o meu depósito até aquele dia. Por esta razão sofro também estas coisas, mas não me envergonho; 2Tim.1:12. Este esperar é nada mais que esperar de Deus em Deus. Implica que não se espera durante determinado tempo, querendo então desistir se esse certo tempo que a si mesmo propôs já houver passado, mas que se espera de Deus de forma segura e inabalável, chova ou faça sol, demore ou não. Não é uma questão de tempo, mas do óleo da certeza, da vida que ela tem nela mesma. Se vier, é igual a se não vier, tal será a confiança de quem O conhece realmente. E as provas e tribulações que provam, não nos permitirão veleidades, pois qualquer fingimento de fé, descalçar-se-á e sairá nu da real presença de Deus. Por isso " por muitas tribulações nos é necessário entrar no reino de Deus", Act.14:22. Quando a dádiva vem, a pessoa nem se manifesta demais, tal como uma mãe quando lhe nasce um filho, tal era a certeza não enganosa que tinha sobre a conclusão daquilo que lhe foi prometido por Quem cumpre tudo milimétricamente até ao fim. Quem se entusiasma descabidamente não está errado, mas era incrédulo. É por essa razão que as pessoas exclamam palavras com "eu não acredito" quando algo de bom lhes acontece. É desta forma de expectativa que quero aqui falar, da Esperança que vem descrita nas Escrituras. Ele vem, essa é a certeza de qualquer fiel, a verdade pela qual se guia, embora possam ser as palavras de muitos que não sabem sequer o que dizem. A razão das muitas tribulações e perseguições terão uma vertente satânica de perseguição real à qual não teremos como escapar. Mas, ao mesmo tempo, tal coisa não nos permite andar fingindo.

A razão porque quero falar sobre isto, é as Escrituras falarem muito sobre "esperar em Deus" como se de algo indispensável se tratasse. Descobri então que não é aquele esperar que conhecemos, mas sim aquele que é esperar d'Ele - do Justo e fiel. Diz-se esperar NO Senhor apenas porque é inteiramente feito em Espírito, com a força da certeza da alegria que não dissimula mas é sempre viva e real - que não engana! "E a esperança não engana, porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado", Rom.5:5. Ninguém tem como obter este tipo de capacidade sobrenatural, mas real, a não ser que seja verdadeira, efectiva (permanente e fundamentadamente vivente), a qual exista mesmo por haver sido dada e sem outros realces de qualquer género.

Para ter como descrever aquilo que queima como fogo em mim, quero usar as palavras que o Senhor usa sobre a verdadeira e única fé, para transpor o espírito semelhante sobre a esperança, visto que, junto com o amor que é derramado em nós - e nunca outro - é das coisas que funcionam do mesmo jeito, prevalecem através da mesma força e provêm daquela Vida que é Cristo em nós de forma real e vivente, isto é conhecendo e havendo conhecido O Pai como Ele é, recusando a ideia de como o imaginamos até e de como ouvimos d'Ele. Isto é a Vida Eterna, constante e permanente e que começa aqui dentro de nós de forma palpável e real, que agora começa e nunca mais acaba. Daí que lemos sobre "a vida que agora é", ou "os dias do Céu sobre a Terra", ou "assim na terra como no Céu". Também extraímos luz sobre isto naquelas famosas palavras do Senhor Jesus: "e a Vida Eterna é esta: que te conheçam a Ti (...) e a Jesus", João 17:3. Nota-se que esta Vida de plenitude se experimenta já e agora, antes da morte, mas não daquela vida que gostaríamos que fosse. Vida para nós são os afazeres e ocupações, mas para Deus são uma essência nuclear de tudo aquilo que fazemos, d'Ele mesmo, Vida em forma liquida e realmente quente e aquecida com a alegria que lhe é devida para glória de Deus. Por isso lemos dos discípulos de Emaús que "disseram um para o outro: Porventura não se nos abrasava o coração, quando pelo caminho nos falava e quando nos abria as Escrituras?" Luc.24:32.

Por essa razão lemos em Pedro muito sobre "esperança viva" e nas cartas de Paulo sobre "esta esperança não engana, pois temos derramado em nós o amor de Deus". Mas voltando às palavras do Senhor Jesus que queria usar para transcrever para papel um pouco daquilo que fervilha em meu espírito, lemos em João 5:24, "Em verdade, em verdade vos digo que quem ouve a minha palavra e crê naquele que me enviou, tem a vida eterna e não entra em juízo, mas já passou da morte para a vida". Parece até que antes de se crer já se passou para o lado da vida e por isso crê, por nos havermos limpo pela vida que há n'Ele. A pessoa crê porque tem a vida eterna dentro dele e não tem a vida eterna porque crê. Jesus disse, "Quem pode crer...", Marc.9:23. Por isso lemos palavras como "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que (...) de sorte que venham os tempos de refrigério, da presença do Senhor", Act.3:19. E também "Arrependei-vos e crede" e não crede e arrependei-vos, Marc.1:15.

Também lemos a outra face da mesma moeda em João 3:15 "para que todo aquele que nele crê tenha a vida eterna". Há quem creia porque tem aquela vida em si mesmo, não se enganando a si mesmo sequer, pois há também quem queira crer sem a ter. O Seu mandamento é a Vida Eterna e não a fé, pois lemos da Sua própria boca que "E sei que o seu mandamento é vida eterna. Aquilo, pois, que eu falo, falo-o exactamente como o Pai me ordenou (ou vai ordenando!)". João 12:50. Isto quer dizer que temos que crer tendo vida que nos leva e faz crer, "havendo quebrado a barreira de separação entre nós em Deus e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz", Col.2:14. Não tendo como não crer, a partir daí, entendemos a que se referiam os apóstolos com aquelas singulares palavras em Act.5:29: "Respondendo, disseram: Importa antes obedecer a Deus que aos homens" como se nada tivessem porque e como não poder fazê-lo. Recordemo-nos que eram estas aquelas pessoas que fugiram, um deles nu até, quando foram provados pela morte do Senhor, na qual Ele ficou só. O que os transformou assim tanto, sendo ousados mesmo perante ameças reais de morte? Parece que já nem eram as mesmas pessoas, na verdade.

Lemos que existem estas três coisas: esperança, fé e amor, 1Cor.13:13. Do mesmo modo que funciona a fé, assim é a esperança: não existe forma de não se poder esperar com esta a ser viva em nós, no lugar do inteiro galardão estando a caução em forma viva e liquida logo ali dentro de nós: "julgai vós mesmos, se nos é antes lícito obedecer aos homens ou antes a Deus"; esperança quente e repleta e sem emoções estranhas, daquelas e moções que se acham quando saltamos para o curral sem entrar pela porta da limpeza total e incondicional! Pode-se dizer que se crê porque se vive ou se vive porque se crê, que o casamento é a mulher ou que é o marido ou os filhos, mas e porque não os todos em conjunto? É esta a mesma maneira com que quero aqui lidar com a esperança, pois se ela é antes ou depois de entrar vida em nós, real e santa, não tem como ser explicado ainda, mas é viva e faz viver apenas, pois é um simples penhor real daquilo que nos faz realmente exclamar "Abba Pai".

Existem muitas razões porque esperamos - muitas mais porque esperamos assim, através da força da alegria da realidade das coisas eternas já dentro de nós mesmos. Esperamos porque ainda não nos encontramos purificados - nem por isso deixamos de poder esperar de forma viva, pois lemos em 1João 3:3, "E todo o que nele tem esta esperança, purifica-se (ainda) a si mesmo, assim como ele é puro". Acabando o tempo de se purificar, terá de se apresentar para prestar contas a Quem multiplica a caução em Vida real e transformadora, aquele fruto que gera sementes para que gere mais frutos ainda. Aquele fruto que é "auto-domínio" sem deixar de ser um fruto do Espírito sequer apenas porque é próprio e auto conduzido, mas nunca auto produzido. Aquela esperança que é coisa muito nossa mas é fruto do Espírito em nós - somos nós que fazemos e administramos mas tendo realmente! Parece até que é uma contradição, de tão difícil explicação será esta coisa de "Eu em vós e vós em Mim". É uma aliança real da qual não se sabe onde começa a nossa parte e a de Deus em nós, união tão distinta que não se sabe nunca onde acaba um e começa o outro. Tal é a "comunhão dos santos". Como, de outra maneira, será "auto-domínio" fruto do Espírito se é domínio próprio?

Mas sente-se e sabemos que esta esperança é realmente viva, pois dá pontapés dentro de todos nós quando está lá - se a tivermos, se a nossa gravidez não for falsa! Uma gravidez real e verdadeira não tem como vir a ser impedida naturalmente, nem o nascimento. É disso que tem que lembrar quem tem como ESPERAR em Deus - há aqueles que não têm como, no entanto tentam tê-la mesmo assim, constituindo-se assim ladrões e salteadores de preciosas pérolas às quais não terão acesso sequer por se haverem separado da vida pelo amor a outro, homem, mulher, pai, mãe, filho ou apenas pecado. Por essa razão saltam pelo muro para entrarem no aprisco das ovelhas. A esperança que não é, não tem como ser viva e é falsa. Estes serão entregues ao carrasco para serem atirados de onde estão para fora, para onde haverá pranto eterno e ranger de dentes - onde seu bicho de mentira não morre nunca mais. É crente? Prega a palavra? Chama Senhor ao Senhor Jesus? Mas a esperança é morta, nada mais que meras palavras sem qualquer evidência real, apenas de boca e dos desejos mais ou menos profundos que ainda nutre agarrando-se ainda ao pecado que separa sempre de Deus. Terão tudo em medida multiplicada e recalcada, tudo aquilo a que se entregaram aqui na terra em tempo de sufoco mentiroso para se aproveitarem das suas mentiras e ilusões, esperando nelas como se de algo real e bonito se tratasse.

A hipocrisia multiplicada em termos eternos será a eternidade nas densas trevas. Quiseram e desejaram as suas trevas porque de meia luz se tratava, ainda, pois não criam que se transformaria em algo mais denso que as trevas, que Deus era o tal amor da sua cabecinha oca, enganando-se a si mesmos para que não tivessem que se resolver e decidir pela plenitude dos tempos, pelo fruto real e maduro da luz que tem como fermento ainda não levedado, aquelas armas da verdade e da luz, de sermos verdadeiros e não falsos sobre aquilo que se passa realmente em cada um de nós - sempre! Quando reconhecemos, levedamos para aquilo que devemos conhecer apenas: Ele, a vida Eterna em forma líquida e pessoal, mas que nem por isso deixa de ser real apenas porque existe um do qual nos sugerimos e nos aconselhamos com frequência - com aquele Jesus das nossas cabeças, das nossas orações mortas e de muitas palavras bonitas enfeitadas com lágrimas e versículos egoístas, para que pareçam verdadeiras e vivas quando não são. Emoção passa por vida hoje, porque se perdeu a essência de todas as coisas: Cristo em forma real entre nós, a essência daquela esperança também na oração, que não será por acaso que se chama Emanuel. As palavras "a Minha alegria vos dou, não como o mundo a dá" perderam-se em nossas fantasias por troca de fábulas e fachadas emocionais. Até parece que Cristo precisa ser imitado, regurgitado, como se não fosse real! Será que Deus não se manifesta por Ele mais? "Não existe Deus em Israel"?

Se Ele não estiver deveras presente, nada afirme que o leve a crer que está, pois é assim que morre a esperança - o primeiro passo em favor duma esperança muito própria é negar a real - abrindo sempre caminho para a desonestidade espiritual que nos leva a mentir até a nós mesmos, abrindo a vala por onde se derramarão lágrimas não aceites num altar santo, onde suas muitas orações repetitivas serão nada mais nada menos que fogo igual aquele que os filhos de Aarão usaram depois de serem sacerdotes. O seu fim foi pior e mais vergonhoso que o daqueles que morreram debaixo dos muitos muros de Jericó. Será fingindo que se rejeita o real. Apenas porque se pode purificar quem tem essa esperança, isso nunca lhe pode auferir direitos falsos, muito falsificados mesmo, de se achar no dever de se achar já puro por se esforçar e forçar a ser crente como se Deus fosse comprado a troco duma fé assim, como se Ele fosse infiel. Há quem desista antes do tempo certo, se é que existe algum tempo certo de se desistir a não ser que seja de nós mesmos! Há também os que crêem sem ser através e por causa daquela vida que salta para a Vida Eterna - sempre. Há que crer na verdade e não na irrealidade. Há que rejeitar a nossa forma de viver enganados, a "própria vida" como Cristo diz ainda, aquela que nos é própria, que muito nos caracteriza crendo. Tudo que for "vida própria" é execrável e diabólico.

Mas se a má consciência nos traz naufrágio na fé, (e não à fé, como muitos pensam será, pois somos nós que naufragamos numa fé falsa - na fé real enquanto cremos), (1 Tim.1:19), imagine-se se a esperança se manterá firme e verdadeira havendo o que nos separe da Vida Constante, daquela sem altos e baixos, que é o Santo que é Espírito que é e sempre será Vida sem fim. Esta esperança salta, fervilha para a vida e não tem nem como nem porque ser clonada. Quem a imita, transfigura ou a transforma em algo que não tem como ser, constitui-se réu do justo juízo eterno, pois usa fogo estranho para acender o altar do sacrifício do incenso que se quer seja um cheiro suave ao Senhor e nunca repulsivo. É de se notar que Deus não cospe os ímpios da Sua boca para fora, mas aos hipócritas e mornos fá-lo com o maior dos prazeres, como se tivesse que se aliviar de algo que lhe transtorna aquele estômago santo que não suporta impurezas nele - antes logo as detecta para mal de quem é morno, que não é nem frio nem quente!

Aprofundemos um pouco mais o que é isto de esperar em Deus então. Não é um esperar de tempo mesmo embora que nele esteja implícito tal coisa que faz com que sol e lua se movam a horas certas para glória de Deus. É um esperar de fervilhar de e em expectativa muito alegre porque sabemos - conhecemos - que não seremos defraudados devido à sua simplicidade e segurança constante, eternamente constante e viva. Há algo em nós, de Deus e não só, criado por Ele e para Ele, que salta de alegria como João Baptista o fez ainda antes de ser gente que se visse dentro da barriga de sua mãe ainda. Foi isso e não só, que fez Elisabete profetizar sem ser nem em delírio nem em coma profundo, pois o Espírito Santo que mexeu com o filho dela dentro da barriga consolada da sua infertilidade anterior, foi o mesmo que se apoderou de tal forma do seu coração também que não tinha como não ser ela mesma naquela profecia, sendo ela como era e quem era e não outra fingida e inexistente. Foi ela que profetizou, não estava "possessa". As mães sabem se os filhos se mexem - os outros imaginam. Assim é aquilo que estou tentando explicar - não imagine, engravide e logo verá como é! Creia e logo verá como é também! A mãe sente o peso do seu filho em franco crescimento dentro dela - os outros imaginam. Não tem como impedir nem tão-pouco como duvidar do seu nascimento, mesmo não sabendo em qual dia será. Não admira que Paulo não conseguisse arranjar palavras melhores para aquilo que se passava dentro dele ao referir-se aos Gálatas: "por quem tenho dores de parto novamente!" Da mesma forma que a mãe sente o peso do seu filho, assim um profeta com o Espírito que é Santo e não outro em si mesmo, sente o peso em si que é leve como um jugo do novo testamento. Daí que lemos em vários profetas, "peso do Senhor" quando tinham algo a dizer de Deus por Deus.

Este esperar é então uma realidade, um mistério que parece coisa nossa mas não é - é santa. Tudo aquilo que é santo parece sempre coisa nossa, não sendo. Como cuida dela, crente, que faz com os pesos, as esperanças que não enganam? E que faz com as que enganam, mesmo que se baseiem em verdades bíblicas mas sem qualquer vida real nelas por haver pecado entre Deus e si ainda? Se sua esperança é falsa e aprendida teoricamente, porque razão se engana a si mesmo ainda? Que ganhará com isso? Que pretende ainda para si mesmo? Elevar-se aos Céus no lugar de Deus?

O seu coração nunca é anulado, mas sim transformado. As nossas verdades viram incoerências pelo pecado, tal como Adão e Eva deixaram de ser santos dentro do mesmo corpo com que foram revestidos de forma santa. As nossas mentiras viram em coisas coerentes pela Vida Eterna em nós, de forma real e inimitável. Mas também permanecem falando em deus se forem falsas. Digo também, que um homem santo é sempre como uma mulher bela a qual um tarado sexual, o diabo, sempre cobiça. Não existe maior triunfo, melhor arma para o diabo nos seus intentos do que alguém que se desviou e era santo. Sobre isto escreverei ainda quando me pronunciar sobre heresias, suas fontes santas e verdadeiras, juntamente com seu duplo poder de destruir. Agora vamos penetrar naquilo que nos trouxe até aqui: esperar de esperança. Pensava que só com fé se deve manter quem ora e recebe? Como poderá alguém desligar a fé viva da esperança e do amor que em nós é derramado verdadeiramente e sem fingimento para que tudo seja real e em forma de fogo vivo, como fizeram os filhos de Aarão ao tentarem modificar e alterar o fogo que se deve trazer ao altar, caindo mortos de seguida? Apenas separa a fé da esperança quem as tem falsas, como se separa o amor de Deus, criando o sexo de novela ao qual até já chamem de "fazer AMOR"! Ninguém pode separar o amor de Deus e Deus do amor. Onde não estiver Deus não está o amor - nem onde se "amam para sempre"!

Acima de tudo, esperar como vem definido em termos de santidade, é tão só uma expectativa tão forte, como séria e pacificamente alegre e constante, a qual nunca se altera pelas emoções, mas que antes permanece firme que nem rocha inabalável. Sabemos que esta alegria não nos deixa dormir pelo pecado, não nos alerta para o facto de estarmos cansados quando estamos a ser usados por Deus em pessoa - e a esperança também - pois, permite-nos entrar no mundo do conhecimento das coisas reais e invisíveis, como o próprio Deus as sabe, isto é, profeticamente. Tomamos conhecimento das coisas e sabemos como e porque irão acontecer, variando apenas de dom para dom, se estes forem realmente de Deus. As pessoas sabem quando amam assim. Quero usar uma ilustração fora do contexto desta realidade, que não se encaixa nas características das coisas de que aqui falo, mas que lhe serve de ilustração fiel. Estive mais de dez anos sem ver os meus familiares devido àquela guerra em Angola. Um belo dia proporcionou-se estar dentro daquela Vontade inabalável de Deus eu vir para Portugal. Telefonei à minha mãe e disse-lhe que vinha mas não o dia em que chegaria, por não haver marcado o voo ainda. Disse-lhe "mãe agora sim, é da vontade de Deus que eu vá para Portugal; se Deus quiser antes do Natal ainda chego aí, mas não vou telefonar mais para dizer quando. Depois faço-vos uma surpresa. Adeus". Mas a surpresa nunca chegou a resultar porque, para surpresa minha, no dia que cheguei a casa, ouvi minha mãe dizer que sabia que eu chegaria naquele dia. Muito admirado perguntei tanto a ela como a outros como é que sabia, pois não havia dito nada a ninguém. Disseram que ela acordou a saber que chegaria naquele dia e que não saíssem de casa porque podia dar-se o caso de não ter como entrar em casa quando chegasse.

Isto serve de ilustração para transmitir aquilo quer quero partilhar do fundo do meu coração. É que as mães sabem tal como os gémeos, o que se passa com quem amam. Mas, muito mais quem tem a plenitude do Espírito de Deus tem como e porque saber as coisas de Deus. Será por essa razão que lemos onde Paulo diz "Se alguém se considera profeta, ou espiritual, reconheça que as coisas que vos escrevo são mandamentos do Senhor", 1Cor.14:37, como se fosse dever fácil e de fácil acesso, uma maneira acessível de saber das coisas de Deus, incluindo a Sua vontade para nós.

Mas será preciso que todo o coração da pessoa seja espiritual, pois pode vir a ser enganada facilmente. É por esta razão que lemos de Paulo que "e a esperança não desaponta, (não deixa enganado) porquanto o amor de Deus está derramado em nossos corações pelo Espírito Santo que nos foi dado", Rom.5:5. E, "segundo a minha ardente expectativa e esperança, de que em nada serei confundido", Fil.1:20. De Pedro lemos que fala "Bendito seja o Deus e Pai de nosso Senhor Jesus Cristo, que, segundo a sua grande misericórdia, nos regenerou para uma viva esperança", 1Ped.1:3. De Paulo outra vez, "A quem Deus quis fazer conhecer quais são as riquezas da glória deste mistério entre os gentios, que é Cristo em vós, a esperança da glória", Col.1:27; "lembrando-nos sem cessar da vossa obra de fé, do vosso trabalho de amor e da vossa firmeza de esperança em nosso Senhor Jesus Cristo, diante de nosso Deus e Pai", 1Tes.1:3; "Não queremos, porém, irmãos, que sejais ignorantes acerca dos que já dormem, para que não vos entristeçais como os outros que não têm esperança", 1Tes.4:13; "para que por duas coisas imutáveis, nas quais é impossível que Deus minta, tenhamos poderosa consolação, nós, os que nos refugiamos em lançar mão da esperança proposta", Heb.6:18. Aqui lemos que nos será necessário propor alcançarmos esta coisa viva que é a esperança que nunca engana sem uma pequeníssima sombra ou margem para a dúvida, dependendo da nossa comunhão em pureza com Deus apenas. E daí em diante "retenhamos inabalável a confissão da nossa esperança, porque fiel é aquele que fez a promessa", Heb.10:23; "antes santificai em vossos corações a Cristo como Senhor (que Ele nos seja real!); e estai sempre preparados para responder com mansidão e temor a todo aquele que vos pedir a razão da esperança que há em vós", 1Ped.3:15. Nada tem como imitar isto que se passa desde o mais profundo do nosso ser, transbordando até ao mais superficial pensamento e casca do nosso computador espiritual, da nossa casa espiritual, do sacerdócio santo que somos nós por dentro e por fora, se estivermos purificados por Ele e não por nossa própria conta; por nossa conta não temos porque reconhecer nossos pecados diante de mais ninguém que possa afectar a imagem egoísta e descabida que queremos sempre dar de nós próprios! Nota-se então que o ímpio não tem acesso a essas armas da luz porque elas não enganam e qualquer ímpio só se familiariza com aquilo que possa enganar.

Existem, no entanto, perigos reais apontados directamente contra este edifício que se chama esperança viva, onde se tem como esperar de Deus. Ele é fiel - desse lado nada teremos a temer; nós estamos a ser purificados, se é que já não o somos. Então, que mais nos poderá ocorrer? Que ou quem nos poderá separar do amor de Deus, daquele que nos é derramado de tal forma que permite que a esperança seja viva e imutável?

Ora vejamos. Esta esperança tem como ser afectada por uma pessoa apenas, já que Deus não o fará a não ser afectar para bem, fortalecendo em vez de enfraquecê-la. O diabo também não, porque lhe foi retirado esse poder de manter nas trevas. Quem será esta pessoa, este monstro que consegue mexer naquilo que nem Deus mexe para mal? Não, não é o diabo, mas sim o próprio, aquele vaso da esperança, onde esta coisa viva e saltante para a vida eterna até, cresce como uma flor sem preço. Apenas você, caro amigo, tem como se desviar olhando para as circunstancias que o levam a Deus. Não olhando as circunstancias, nem a profundidade, nem a fome, nem o frio, nem o diabo, nem a família, nem a morte, nem a vida, nada nos poderá separar deste amor em Cristo, que é e sempre será real, liquido e transbordante. É assim que voa alto como as águias quem tem este tipo de esperança transbordante nele mesmo, será assim que renovam suas forças voando acima de qualquer fricção e atrito, voando bem alto onde ninguém chega senão o próprio e Deus apenas. E se a sociedade, a associação for perfeita, potencialmente aperfeiçoada no dia a dia, nada nos poderá afectar a esperança viva e vivente em nós mesmos. Mas, Deus espera de todos nós que mantenhamos esta esperança viva em nós mesmos, mantendo-nos livres daqueles pecados que fazem com que nosso óleo escasseie no momento em que menos deveria escassear - quando ele chega e nosso tempo de espera terminou e nos achamos dormitando e dormindo profundamente em pecado.

Lembremo-nos das dez virgens e aprofundemos porque estariam elas com sono na hora de cansaço interior, como se Deus colhesse onde não semeia, pois na hora de sono exige-se que se durma - excepto Deus! Sabemos como as pessoas alegres não conseguem dormir nem descansar. Esta alegria que é o nosso óleo, a nossa força - apenas nossa, não podendo ser repartida com ninguém - faz-nos estar atentos e alegres na Sua chegada. Há quem se entristeça com ela, pois acabam ali todos os seus prazeres. Será ali onde uma mãe, de tanto amor, não sentirá aquela perda dum filho ímpio, isto se ela estiver sã nela mesma. Lembremo-nos de Esaú que foi cuspido para sempre para longe das promessas de Deus, chegando-se ao ponto de se ouvir de Deus "aborreci a Esaú e fiz dos seus montes uma desolação e dei a sua herança aos chacais do deserto", pois há pecados para a morte, Mal.1:3.

Será aqui então onde devemos de nos precaver em cuidar e tratar bem quem tem poder na mão de se afastar, isto é, o nosso próprio coração. Por essa razão lemos: "Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida". Prov.4:23. Mais, "O caminho dos ímpios é como a escuridão: não sabem eles em que tropeçam. Filho meu, atenta para as minhas palavras; inclina o teu ouvido às minhas instruções. Não se apartem elas de diante dos teus olhos; guarda-as dentro do teu coração. Porque são vida para os que as encontram e saúde para todo o seu corpo. Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Desvia de ti a malignidade da boca e alonga de ti a perversidade dos lábios. Dirijam-se os teus olhos para a frente e olhem as tuas pálpebras directamente diante de ti. Pondera a vereda de teus pés e serão seguros todos os teus caminhos. Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal", Prov.4:19-27. É daí que lemos o cumprimento da profecia em Is.32:1-5, "Eis que reinará um rei com justiça e com rectidão governarão príncipes. Um varão servirá de abrigo contra o vento e um refúgio contra a tempestade, como ribeiros de águas em lugares secos e como a sombra duma grande penha em terra sedenta. Os olhos dos que vêem não se ofuscarão e os ouvidos dos que ouvem escutarão. O coração dos imprudentes entenderá o conhecimento e a língua dos gagos estará pronta para falar distintamente. Ao tolo nunca mais se chamará nobre e do avarento nunca mais se dirá que é generoso". Não mais se pode confiar no homem, mas naquilo que Ele é de facto, quando se conseguir distinguir entre o justo e o ímpio de novo, Mal.3:18.

Então, não se deve concentrar as nossa forças e nosso tempo que já é escasso, em distinguir se as coisa vêm de Deus ou não, isto dentro de nós, mas sim em sermos ovelhas, pois são as Suas ovelhas que ouvem aquela voz mansa. Quem quer perder tempo em distinguir vozes, não quer perder em ser ovelha, pois tenta que não se perca mantendo o seu pecado próprio - apenas quer ter como não estar perdido em seu próprio pecado. Quem se purifica, quem vira ovelha, não tem como se enganar sequer. Que se purifiquem os homens, que não se pregue sobre mais nada em nossas igrejas, dos nossos púlpitos, que não se ensine o caminho aos cegos, mas sim a quem abriu os olhos. Os cegos têm sempre como decorar e aprender os caminhos que lhes são ditados - as ovelhas sabem e vêem o Caminho, as veredas dos seus pés; elas vêem o caminho, não o memorizam! "Pois aquele em quem não há estas coisas é cego, vendo somente o que está perto, havendo-se esquecido da purificação dos seus antigos pecados", 2Ped.1:9.

Se esta alegria que não nos deixa dormir, se ela nos mantém activos e diligentes naquilo que temos para fazer para o Senhor, tudo aquilo que sabemos ser saber a Sua vontade, a que nos foi confiada antes de nosso Senhor se "ausentar" para longe, sabemos que tipo de óleo deveriam ter as dez virgens. Esse óleo não se compra, obtém-se sempre pela limpeza de nossos corações. Advém duma comunhão real com Deus. Advém sempre duma humilhação santa e nunca aparente apenas. Advém duma limpeza de coração tal que se vê Deus em pessoa continuamente como Estêvão viu, como Elias via, na presença de quem sempre estava, de tal forma que nem se importunou na presença dum rei, fazendo-lhe saber diante de quem estava, acima de tudo. "Importa que agrademos a Deus e não aos homens", sejam estes reis ou senhores, filhos ou pais, pastores ou mendigos. "Bem-aventurados os limpos de coração, pois eles verão a Deus", Mat.5:8. "Por isso convém atentarmos mais diligentemente para as coisas que ouvimos, para que em tempo algum nos desviemos delas. Pois se a palavra falada pelos anjos permaneceu firme e toda transgressão e desobediência recebeu justa retribuição, como escaparemos nós, se descuidarmos de tão grande salvação?" Heb.2:1-3. De início, nunca confie no coração que tem, sequer! Confie em Deus.

Nesta alegria verdadeira é fácil orientarmo-nos nas labaredas de fogo que é o nosso Deus que habita apenas com os contritos de coração, perto da sombra da morte, na meia luz das igrejas, no mundo do trabalho e do roubo, de facto, em qualquer circunstancia, acima de qualquer duvida - nada mais nem nada menos que real e nada, mas nada mesmo, terá o poder de abalar quem tem esta pureza que será sempre uma porta aberta para a entrada fluida e continuada daquele óleo que nos pode faltar num momento dramático, desta alegria sem par, calma, sadia e sem fim à vista. Será aqui onde os crentes devem viver eternamente, de forma coerente com aquilo que nunca mais vai acabar até ao dia que pequem, onde e quando nenhum ímpio terá aquela paz em forma real e não fingida. É assim que "sabemos que nos ouve em tudo o que pedimos, sabemos que já alcançamos as coisas que lhe temos pedido". 1João 5:15. Será assim que agradecemos sem fingimentos mesmo quando ainda pedimos. É assim que nos responderá antes de falarmos até, pela esperança que há em nós mesmos e não engana nunca. É assim que o óleo não acaba. É assim que cremos que recebemos até antes do pedido se haver tornado visível. É daqui que nasceu a heresia que diz "crê que tens e terás" das igrejas ultrajadas no mal. "Por isso vos digo que tudo o que pedirdes em oração, crede que o recebeis e tê-lo-eis". Marc.11:24. Há sempre quem nunca possa crer assim e tente, fazendo-se transgressor de coisas santas, usando fogo impuro naquele altar de incenso que nunca deve ser corrompido por ninguém, pois nem os sacerdote ficarão impunes. São apenas os sacerdotes que usam este fogo, apenas porque será deles que Deus espera não fingirem. Não é por causa do sacerdote, mas por causa de quem nunca finge.

"Espera tu pelo Senhor; anima-te e fortalece o teu coração; espera, pois, pelo Senhor", Sal.27:14. "Espera no Senhor e segue o seu caminho e ele te exaltará para herdares a terra; tu o verás quando os ímpios forem exterminados. Descansa no Senhor e espera nele; não te enfades por causa daquele que prospera em seu caminho, por causa do homem que executa maus desígnios, desviando-se do Deus da sua mocidade", Sal.37:34-7. "Àquele que bem ordena o seu caminho eu mostrarei a salvação de Deus", a lamparina como o óleo, Sal. 50:23. "Este é o descanso, dai descanso ao cansado; e este é o refrigério; mas não quiseram ouvir". Is.28:12.

"Agora, pois, permanece (...) a esperança (...)", 1Cor.13:13. Esta esperança é algo que permanece e nunca se abala com nada. A sua é daquelas que tem como permanecer? Tem como esperar em Deus, meses, anos, eternidades com fim? Quem tem Deus pode tudo, até crer e esperar assim, sabendo que tudo logo acaba. Ámen.

José Mateus
Portugal