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ARREPENDIMENTO
"Na verdade que, depois que me converti, tive arrependimento; e, depois que me conheci, bati na minha coxa; fiquei confuso; sim, envergonhei-me, porque suportei o opróbrio da minha mocidade", Jer.31:19

Na verdade, um mentiroso só terá como ver por si a dimensão do seu próprio pecado assim que se tornar inteiramente verdadeiro e real, deixando todo tipo de fingimento; um perverso só terá como se sentir mal por aquilo que é a perversidade quando estiver curado e a praticar o oposto de livre vontade e por natureza, sem preconceitos. Só podemos comparar um dos lados estando inteiramente embrenhados dentro do outro, vendo o seu ponto de vista. Por essa razão vemos muitos dos santos chorarem ainda por haverem pecado, mesmo anos depois de haverem sido perdoados. Logo, o verdadeiro arrependimento nunca virá separado duma conversão – se esta for interna, a partir de dentro e onde apenas o próprio e Deus têm acesso contínuo e continuado.

Grande polémica existe em volta deste tema da conversão e do arrependimento. É um tema que separa crentes, mas acho que quem discute isto dum lado e do outro da barricada, só o faz para não se ter de arrepender e converter ele próprio. Que importa quem começa primeiro, se Deus se o homem, que importa qual o caminho que leva o homem a olhar para dentro (mas não de qualquer forma) se é isso que leva a uma conciliação de ser e de coração entre homem e Deus?

O caminho que leva ao arrependimento, em vez de ser decifrado, defendido por esquemas doutrinários e delineado a ver quem faz ou quem não faz, deveria era ser proposto fazer-se em sede própria (pois todos querem que apenas os outros se arrependam de algo). Assim, porque sabemos que é pela graça que nos salvamos de todos os nossos pecados, deveremos empregar todo nosso ser e coração naquilo que nos é proposto por Deus e por Seus servos (os verdadeiros), sem perder tempo com mesquinhices de doutrinas e de pregadores que mais buscam seu próprio interesse, proveito e honra que uma real comunhão futura entre arrependido e Cristo. Se um bombeiro vê sua casa ardendo, ele vai se preocupar se a água está quente ou fria se vem da torneira da própria casa ou do seu tanque? Ele irá perder seu tempo precioso a discutir qual a composição da água (como se fosse aula) se seus filhos estiverem lá dentro dormindo enquanto o fogo se alastra? E eis aqui algo mais grave: os homens estão perecendo e caindo com os dois pés juntos num lago de fogo, o qual jamais se apagará e as pessoas ficam a discutir coisas óbvias e que se explicam por elas sem intervenção sua depois de haverem sido achadas e vividas. Os pregadores querem apenas fazer de Deus hoje e por essa razão pregam apenas sobre aquilo que é Deus quem faz para deixar todo o homem inactivo porque ficam responsabilizando deus por aquilo que o homem tem de fazer. Todos tornam Deus inactivo desse jeito também e verificamos que, as igrejas que vivem pregando sobre a graça de Deus são as que menos graça real e experimental usufruem. Tenhamos em conta que Deus dá Seu Espírito aos que lhe obedecem e não a outros, Act.5:32.

Todo homem só tem de fazer e promover tudo quanto lhe cabe dentro de si mesmo, tudo quanto pode, cansado ou não, acordado ou não, disposto ou não, para se converter, pois ele nunca precisará de se preocupar e ocupar com a parte que cabe a Deus fazer porque Deus é fiel (e sempre o será) e sim com a parte que lhe cabe a ele mesmo. É terrível de se ver que os pecadores estão apenas preocupados com aquilo que é Deus que tem de fazer, discutindo isso na praça publica até, como se Ele fosse o único que nunca irá cumprir Sua parte e como se o mais fiel fosse o pecador contaminado e minado pelo pecado dentro de seu próprio ser! Mais triste é ainda quando o modo de vida, a forma de pregar, a amargura que brota de muitos sermões incutem precisamente esse estado de espírito a quem tem de se arrepender e já, dando assim toda a glória a Deus por isso. É um facto assumido, porém, que o pecador pode tentar fazer a coisa certa sem a bênção de Deus, por exemplo, tentar abandonar o álcool apenas porque seu dinheiro não chega para cigarro (qualquer pecador pode regenerar-se exteriormente tendo o egoísmo como motivo maior).

Mas, quem neste mundo poderá alguma vez pensar ou enquadrar numa mente sã que, quer o álcool quer o vício de fumar, desistirão de alguém que é criminoso aos olhos de Deus, sem uma abstinência total e incondicional envolvendo todo pecador na sua total regeneração (levando em conta que o importante é a abstinência duma vez por todas e não a quantidade de força que se emprega, isto é, abster-se mesmo que ache que não consegue fazê-lo)? Se o homem fizer a sua parte como deve, Deus estando a fazer, havendo feito ou mesmo indo fazer a Sua como sempre, porque razão iremos dividir o coração de quem se quer arrepender e necessita de TODO ele posto naquilo que faz, diante de Deus e homens, distraindo-o e dividindo um coração que se quer inteiro e completo numa obra, através duma doutrina sobre quem faz e quem não faz primeiro? O pecador pode não necessitar de todo seu coração para deixar seus vícios, mas necessitará dele por inteiro para achar Deus que o muda por dentro, sendo que ele tem de exceder em tudo os fariseus (sejam eles fariseus actuais ou não) e homens de igreja que se regeneram apenas por fora – o crente que acha Deus, de facto, tem de exceder e não ficar aquém duma conduta legalista, pois tem todas as razões para nunca mais necessitar das leis de conformidade, para ser tudo aquilo que a Lei de Deus exige e isto pelo lado de dentro quanto pelo lado de fora. Deus diz que o acharemos se O buscarmos de todo coração. Logo, temo que a maioria dos pregadores e de suas pregações e consequentes congregações são mais hábeis a dividir o coração de quem busca e reparti-lo através de métodos e assuntos que nem aos teólogos salvam, do que tentar arranjar um jeito de reunir num só lugar todo o coração de cada pecador, num só esforço individual, para salvação própria e incondicional – salvação de todo pecado e não apenas do inferno. Os pregadores têm tanta capacidade de dividir o coração que se quer por inteiro na busca de Deus, quanto terão para uni-lo e consolidá-lo num único objectivo de achar Deus - e não apenas de buscá-Lo!

Cada homem tem de saber que existe diferença entre tentar regenerar-se a ele próprio com fins e finalidades lucrativas e fazer o mesmo de joelhos e com todas as suas forças (fazendo o mesmo de outro jeito e com mais determinação e eficácia ainda, porque se acha liberto e sob bênção total e incondicional de Quem consegue tudo em quem se aplica de todo da maneira certa e sob bênção de crescimento e selagem da aprovação de Deus); e por motivos nobres e solenes que honram a Deus e confiança em ir consegui-lo desta vez de facto, porque agora o faz por Deus, em Deus e com Deus. Se é Deus quem fortalece o homem, porque razão iria Ele fortalecê-lo se o próprio homem nunca necessitasse fazer nada para contribuir para sua própria salvação? Porque seria fortalecido então? Porque razão disse Paulo a Timóteo "salva-te a ti mesmo", (alguém que aos olhos das doutrinas actuais estaria salvo há muito)?

Quando algo tem a bênção de Deus, prospera e evolui por si crescendo e nós sabemos que é devido àquela bênção de Deus. Mas, se o que se faz carece da bênção de Deus, nem o ser mais hábil a fará prosperar eternamente (mesmo que tal coisa venha a prosperar por algum tempo). E convenhamos que existe diferença entre fazer uma coisa sem Deus e fazer essa mesma coisa com Deus, tal como existe diferença entre fazer e juntar com Deus e não fazer nada porque achamos que é Deus quem irá fazer.

O homem endureceu-se através duma conduta de segregação da bênção e da vida, separando-se do convívio com o Criador, pois pecando Deus se afasta dele (e não o contrário). Por isso temos que O buscar, porque foi Deus quem se afastou. Com este afastamento, a dureza dentro do homem torna-se evidente por vezes até ao próprio. Esta dureza instala-se e remove todo sentir e todo bom senso da esfera do sentimento que reside como réstia de criação dentro de cada um. Ora, se é uma conduta, um modo de pensar, um pecado que transforma ou vai transformando e endurecendo o homem para um ser que não mais sente arrependimento, é só de esperar que o oposto dessa mesma conduta, desse modo de pensar e actuar, consigam trazer de volta algo da essência de cada homem e mulher a nível do sentir e experimentar o arrependimento de forma real e séria, de obter os pensamentos e sentimentos que levam ao caminho certo dentro de si, sentindo-se arrependido. Na verdade, tanto mais isso irá acontecer se, por essa mesma conduta, um Deus vivo agora também acha nela razão para se aproximar do ser que criou, Is.59:20.

Eu não sou a favor duma auto regeneração, mas também sou totalmente oposto à simples ideia de que o homem não se tem de regenerar e empenhar com todas as suas forças porque recebe de Deus melhores recursos para uma regeneração de si mesmo. Através do poder de Deus podemos ter a certeza que Ele e esta Vida que começa por entrar em nós para habitar lá permanentemente, os mecanismos e o empenho que desfrutamos e sentimos n'Ele, darão um melhor e maior contributo para a regeneração que em nenhum caso poderá ser considerado auto-regeneração. Uma coisa é fazê-lo a sós porque não se está a fim de receber o amor de Deus dentro de nós como única e bastante recompensa; outra coisa é conseguir fazer e empreender melhor ainda e de forma mais eficaz e com efeitos duradouros porque Deus nos liberta interiormente para o podermos fazer e ainda abençoa quando e sempre que fazemos. "Levanta-te, pois e faz a obra; o SENHOR estará contigo", 1Cron.22:16; "Desperta, desperta, veste-te da tua fortaleza, ó Sião; veste-te das tuas vestes formosas, Sacode o pó, levanta-te e assenta-te, ó Jerusalém; solta-te das ataduras de teu pescoço", Is.52:1,2. Cada homem pode fazê-lo de forma mais eficaz, mais rápida e com resultados mais eternos e mais práticos se os fizer de joelhos e pelos motivos certos, através de todo seu empenho porque Deus está consigo, com paz e confiança de que Deus o assistirá em tudo nessas coisas (e não noutras) assim que se levantar de seus joelhos – ou mesmo antes disso ainda, dependendo do tipo de resposta que obtém enquanto lá.

É triste verificar que as pessoas empregam todo seu esforço numa formação académica, todo seu dinheiro em algo que perecerá eventualmente mas, quando se trata de salvar suas vidas logo acham que é Deus quem tem de fazer e que é pecado empregar todo nosso ser e recursos na nossa própria salvação (com calma e simples precisão, de joelhos e com total confiança num, agora, Emanuel, isto é, Deus connosco).

Os sentimentos de vergonha (os quais podem ser falsamente considerados como arrependimento); os sentimentos adjacentes e interligados ao tipo de arrependimento promovido em Deus (pois acho que em vez de se discutir se era Deus a origem desses sentimentos, deveria antes instalar-se e verificar diligentemente como fazê-los em Deus de forma prática e presente e deixar de lado a discussão da origem que muitas vezes já é passado e irrelevante); os pensamentos e o pesar que envolvem uma regeneração que inclui Deus pelo meio, necessitam de todos os recursos de todo coração de todo homem (pois não haverá uns melhores que outros) para ser estabelecido para sempre dentro do sistema interior da criatura que ele é. "…De toda tua alma, de todo teu coração, de todo teu pensamento" ainda continua a ser a lei de Deus.

"Assim diz o SENHOR: Mantende o juízo e fazei justiça, porque a minha salvação está prestes a vir e a minha justiça, a manifestar-se. Bem-aventurado o homem que fizer isso e o filho do homem que lançar mão disso", Is.56:1,2. Amem.

José Mateus

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