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PORQUE DEUS SE CALA?
"O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo", Sof.3:17

Existem pessoas, entre a maioria das gerações da terra, que por culpa própria nunca tiveram Deus por perto e se O tiveram alguma vez, não notaram. O caso de Israel era peculiar apenas porque Deus havia prometido à descendência de Abraão tudo aquilo que estava tentando conseguir cumprir entre um povo duro e obstinado, que, assim sendo, dificultava toda a acção do Criador em todo o resto do mundo. Ele propôs salvar o mundo entrando nele por Israel. Mas, o grande dilema de quem está permanentemente em pecado grosseiro, é que nunca vê Deus, pois lemos que "Bem-aventurados os limpos de coração, porque eles verão a Deus", Mat.5:8.

Logo, sob repreensões apenas, viam a poderosa mão de Deus manifesta contra eles, porque eram um povo obstinado e sem escrúpulos, amados por amor a Abraão. Não era assim que quereriam ver esta mão de amor, em ira, pois raramente se entende que, porque Deus castiga, Ele está por ali, por perto. Podemos concluir que, se não castigasse haveria abandono de Sua parte ("pois o Senhor corrige ao que ama e açoita a todo o que recebe por filho", Heb.12:6). Quando castiga, Deus também é Emanuel, Ele está connosco. Há muita gente a quem Deus não permite pensar que estarão a ser castigados, pois a ira contra esses é grande demais para que a sua vida cá na terra lhes possa correr mal! Deus só não quer que se sintam mal, pois assim buscariam Deus e não escorregariam para dentro do inferno da sua condenação, Sal.73.

Mas Israel nunca deixou a Deus outra alternativa, caso Deus os quisesse salvar. A ira de Deus tem aquele poder de salvar, depois, tudo aquilo que restar. Será como quando uma tempestade estraga todo o campo de colheita e sobra trigo, o qual se colhe com muito mais carinho porque sobrou. Porém, a estes que restam, depois duma grande manifestação de ira sob amor, há que vir confortar quem se arrependeu e modificou seus caminhos, de facto, para bem do resto da humanidade. Isto foi o que aconteceu com Israel. Havia esperança para todo mundo sempre que Israel se virava para Deus. É caso para dizer deles, como o foi dito sobre Moisés, "E vendo o Senhor que ele se virara para ver, chamou-o do meio da sarça", Ex.3:4. E se Moisés nunca se resolvesse ir ver o que ali se passava? Num mundo de pecado, há que nos virarmos para outro lado, para Deus, para sairmos dele, caso queiramos ver a sarça e o fogo de Deus em nós pelos outros. Aí Ele fala connosco. Se são as ovelhas ouvem a Sua voz, há então que virar ovelha, pois quem não o é, nunca ouvirá. Quem não se virar para a sarça, nunca ouvirá nem verá Deus.

Entendemos assim estas palavras de Deus em querer confortar quem já se virou para Ele pela repreensão. Haverá muitas maneiras de fazer as pessoas pender para o lado da verdade e da pureza: Moisés foi pela curiosidade. Mas quem se torna para Deus pela repreensão, recebe um mesmo galardão, necessitando apenas dum certo carinho na reafirmação daquele amor que é de todos para todos os que queiram, mas não à sua maneira, pois a mão grossa de Deus destituiu a esperança de quem ainda é fraco.

Lemos então estas palavras seriamente escolhidas: "calar-se-á em Seu amor". Porque razão se mantém o amor num silêncio estranho quando necessita ser manifesto, isto na opinião de muitos? E caso Deus se cala em Seu amor, que meios usará para o manifestar, já que terá necessariamente de ser manifesto?

Imagine você que era Israelita. Imagine que ama a sua história, de geração em geração como ama agora a de seu país. Imagine que sabe que as pessoas que entraram no Egipto, filhos de Israel (Jacó), eram setenta pessoas; imagine também que sabe muito bem que os filhos de Israel eram doze homens dos quais nasceram as doze tribos de Israel. Imagine que depois de quatrocentos e trinta anos estas setenta pessoas provenientes de doze, se multiplicaram para mais de um milhão, contando apenas os que eram homens. Então, chegou Moisés a dizer-lhes que Deus os ama e ouviu todo o seu clamor e sofridão. As pessoas sob escravatura intensa só crêem por necessidade – por essa razão não crêem de verdade.

Agora imagine que saiu do Egipto e entrou num deserto inóspito e sedento. Toda a sua sede é manifesta e multiplicada psicologicamente vendo areia quente sem fim à vista e nenhuma água por perto. Mas é um deserto no qual os Israelitas teriam de passar, pois a opção era entre o deserto onde Deus cuidaria deles, ou a guerra se fossem por outro caminho. Lemos que "Ora, quando Faraó deixou ir o povo, Deus não o conduziu pelo caminho da terra dos filisteus, se bem que fosse mais perto; porque Deus disse: Para que porventura o povo não se arrependa, vendo a guerra e volte para o Egipto", Ex.13:17. Deus já sabia que o povo, pela dureza de seus corações, iria preferir a escuridão da escravatura permanente em vez dum deserto passageiro. Ele bem quis evitar o pecado da parte deles, cumprindo assim as palavras "ao que nos conserva em vida e não consente que resvalem os nossos pés", Sal.66:9.

Seria então neste deserto que Deus teria de explicar algo sobre amor a quem não ama , algo sobre ouvir a quem não quer ouvir por causa do deserto que lhes tira a disposição de ouvir. Se Deus lhes fala abertamente, eles rebelam-se em atitudes menos dignas, pois imagine um povo duro e áspero como são talvez os povos do Médio Oriente hoje ou pior ainda, cheios de rancor e angustia pela opressão. As pessoas iradas nem se dão conta de quando é Deus quem lhes fala, pois não ouvem mais nada. Por essa razão Balaão não achou estranho que um burro lhes estivesse a falar – nem se apercebeu de tal brincadeira. O problema das pessoas amarguradas nunca é não terem esperança – é nunca quererem ter essa esperança! Então, há que contorná-los, pegar neles de um outro jeito. Será nestes momentos que Deus escolhe "calar-se em Seu amor", pois Ele nunca muda para os que mudam. Quem terá de mudar é quem nunca O conhece, sendo Deus amor calado. Ele pode modificar Seu jeito, mas isso será para não ter de mudar, pois Ele não muda. E Deus escolhe como objectivo a manter, salvá-los e não ouvir suas muitas lamurias e caso se percam ainda, nunca será porque Deus mudou.

Teria de haver algo em momentos apropriados e sabiamente escolhidos para liderar pessoas obstinadas, com as quais se vai lidando diariamente. Por essa razão, Deus se encobre – mesmo não sendo a única razão porque se encobre. O orgulho do homem, por Deus "nos estar a falar", faz Deus retrair-se também no silêncio, parecendo que seres normais nunca possam aceitar como é normal Deus aparecer em suas vidas limpas. "Verdadeiramente tu és um Deus que te ocultas, ó Deus de Israel, o Salvador", pois os humanos nunca lhe deram outra alternativa a isso, Is.45:15. Deus oculta-se pelas variadas atitudes que tomam os homens injustamente em relação a Ele e caso os queira salvar terá de inventar coisas que se manifestem pontualmente, em momentos apropriados.

Existem muitos momentos de manifesta alegria quando Deus se manifesta em amor, pois quem sai da amargura para a alegria, pode e consegue crer sobriamente naquilo que é verdade. Será o caso deste povo, quando estavam sedentos e achassem um oásis - ali creriam em qualquer coisa devido ao animo que tal acontecimento lhes daria; logo ali Deus escolheria aquele momento para manifestar-lhes o algo do Seu grande amor silencioso por eles. Lemos que "Por isso o Senhor esperará, para ter misericórdia de vós; e por isso se levantará, para se compadecer de vós; porque o Senhor é um Deus de equidade; bem-aventurados todos os que por Ele esperam" (esperam de esperança e expectativa, pois a esperança, a par da fé e o amor, são meios de salvação eterna – mesmo para quem nunca quer ter esperança mas deseja ser salvo), Is.30:18.

Depois de você imaginar pertencer a este povo com uma das histórias maias ricas e completas até ao dia de hoje, (pois não se vê em lado nenhum um povo manter-se como povo ainda havendo estado disperso pelo mundo durante cerca de dois mil anos, desde o ano setenta até 1948 quando se tornaram nação), imagine agora quantos anos levaria a fazer-se, a criar-se um oásis num deserto agreste como aquele, um oásis com setenta palmeiras e doze fontes de água. Quantos anos se levaria a fazer tal coisa? Cem, duzentos, quatrocentos? Não se sabe, mas o que é facto é que para bom entendedor, um Deus silencioso falaria muito, um Deus assim basta. Estas doze fontes de água simbolizam os doze homens que entraram no Egipto e as setenta palmeiras as setenta almas entre filhos e filhas desses mesmos homens.

Lemos de Israel, que quando entraram no deserto, na sua fase inicial, quando tudo seria muito mais difícil de aceitar da mão de Deus que tudo pode, nesta fase inicial que se pode de certa maneira equiparar aos primeiros dias pós circuncisão, (lemos "Ao terceiro dia, quando os homens estavam doridos", falando de quem foi circuncidado, Gen.34:25), foi ali quando Deus se predispôs – não se sabe quantas centenas de anos antes havia planeado isto – manifestar uma prova de que estaria a pensar neles durante séculos. Provavelmente quando Israel e as suas setenta pessoas provenientes de doze filhos entraram no Egipto, logo ali Deus pode ter começado a fazer evoluir este oásis em Elim, do qual se lê que "Então vieram a Elim, onde havia doze fontes de água e setenta palmeiras; e ali, junto das águas, acamparam" Ex.15:27. Deus estava calado, permaneceu calado durante cerca de quatrocentos anos de escravatura, mas tinha amor por eles.

Num momento de alegria, quando saíam dum deserto agreste e entravam num oásis e estavam doridos, foi nesse momento escolhido que Deus determinou manifestar o quanto os amava e há quanto tempo já estaria pensando neles, pois foi logo ali que se contaram as palmeiras e as fontes de água então existentes. Porque razão as contaram no meio daquela alegria, não se sabe ao certo – podemos contar tal acto como um acto providencial da parte do único Deus que é Pai também. Isto é um acto de amor silencioso. As setenta palmeiras que frutificavam (as setenta pessoas que entraram no Egipto), as doze fontes de água (os doze filhos de Israel) num meio agreste e desértico (o mundo inteiro sem Deus), tudo simbolicamente escolhido para falar silenciosamente  a um povo que nunca ouviria palavras de amor a não ser num momento de alegria, num momento muito bem escolhido e apropriado. "O Senhor teu Deus está no meio de ti, poderoso para te salvar; ele se deleitará em ti com alegria; calar-se-á no seu amor, regozijar-se-á em ti com júbilo" - calar-se-á falando muito. Olhem para este oásis e pensem por vós o que se estaria passando nos pensamentos de Deus quanto a eles: há quanto tempo estou Eu a pensar em vós, povo obstinado e descrente? É preciso Eu calar-me no amor, povo rebelde? Amem.

José Mateus

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