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A TOLERÂNCIA
"…E de outros tende misericórdia com temor, abominando até a túnica manchada pela carne", Judas 1:23
"…Com toda a humildade e mansidão, com longanimidade, suportando-vos uns aos outros em amor", Ef.4:2

Não encontrei nenhuma palavra em toda a Bíblia portuguesa que fale de tolerância conforme a conhecemos e temos como prática. O mais próximo de tolerância que se chega é este versículo que diz "suportando-vos uns aos outros", o qual tem um sentido totalmente distinto de tolerância conforme a conhecemos neste mundo feito de egoísmos. Suporte não é algo passivo, mas activo. Quer dizer que suportamos quem tem necessidades, fornecendo o que a pessoa necessita. A tolerância é passiva e permissiva e deixa a pessoa viver no estado em que está vivendo, seja em pecado ou em santidade. Mas na vida de Jesus até os que vivem de santidade precisam ser encorajados a persistirem nessa vida e nem assim deveremos ser passivos para com eles. Quero hoje distinguir entre aquilo que podemos tolerar em nome de Deus e aquilo que deveremos abominar em Seu nome também. Tolerar o pecado seria o mesmo que sermos tolerantes para com uma enfermidade mortal em nosso corpo sem fazermos nada sobre o assunto. É verdade que existem maneiras e mecanismos de se danificar todo tipo de pecado para sempre, que é nossa vida que mais fala quando falamos com alguém verbalmente. Mas nem será por sermos meigos que estaremos tolerando o pecado e se a pessoa entender que estamos tolerando os pecado dela ao sermos meigos de coração (sem fingimento), deveremos tomar uma atitude que assuste a pessoa, pois o pecado é coisa deveras muito séria.

Por norma e por prática corrente, o homem é sempre a estrela da companhia e tolerância significa, para ele, que seja ele quem será tolerado e apreciado, ou então, que no mínimo suas coisas e seus erros e males o possam ser para ele continuar no estrelado que influencia suas ideias e motivações. A tolerância pede, também, que aceitemos o mal. O mal nem se importa de ser amigo de quem é santo. Mas Deus importa-se de ser amigo do pecado e nunca o será. Se nem seus anjos preferidos poupou, porque acharemos nós que nos poupará? Não existe alguém mais tolerante que quem vive bem chegado a Deus de forma real, isto é verdade, aquele que vive "em Espírito e em Verdade". Mas, não existe ninguém na face de toda a terra tão intolerante como quem vive com Deus em seu coração, pois existem coisas que uma vida celestial não tolera nem poderá suportar ou corroborar – nem em pensamento e nem o seu cheiro sequer.

Quando a Bíblia fala aqui de "suportando-vos uns aos outros em amor", entendemos com isso que existem pessoas que lutam contra eles próprios, contra seus pecados e sua fonte de erro estando em vias de chegar "ao conhecimento da Verdade" a qual "torna verdadeiramente livre" do pecado contra o qual nos confrontamos se nos acharmos numa luta de vida ou morte sem tréguas, "resistindo o pecado até ao sangue", Heb.12:4, andando e caminhando para aquilo que Deus nos prometeu que iremos ser através d’Ele já aqui na terra e assim que quisermos e o permitirmos. Se não for assim teremos a maior dificuldade em saber como descobrir o jeito (que se descobre em Deus) de conseguir tal feito único e exclusivamente pessoal de nos motivarmos para conseguirmos tanto aquela sabedoria simples e precisa como, também, a sua aplicação prática através dum certo tipo de carácter simplificado e preciso. Estas são as pessoas que precisam ser suportadas e apoiadas "com temor (de nossa parte), não tocando nem tolerando a roupa manchada pela carne ou através do pecado", Judas 1:23.

Cristo suportou-se a Ele próprio sempre que era tentado e, com isso, entendemos que Ele nunca aceitou ou pensou que o pecado era algo de se aceitar como parceiro e amigo de nossas vidas em comum. Ele preferiu morrer para eliminar todo o tipo de pecado. Ele não suportou o pecado – apenas deixou o pecado pensar o que quisesse pensar d’Ele ou dele próprio, enquanto Ele se suportava a Ele mesmo. "Guarda com toda a diligência o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida. Desvia de ti a malignidade da boca e alonga de ti a perversidade dos lábios. Dirijam-se os teus olhos para a frente e olhem as tuas pálpebras directamente diante de ti. Pondera a vereda de teus pés e serão seguros todos os teus caminhos. (Não quer isto dizer que os caminhos fazem sentir a segurança, mas que são mesmo seguros quer uma pessoa assim os sintas, quer não: são seguros por natureza apenas). Não declines nem para a direita nem para a esquerda; retira o teu pé do mal", Prov.4:23-27.

O maior aliado da tolerância como a conhecemos, é a indecisão – aquilo que a Bíblia chamaria de "homem dobre de coração, inconstante em todos os seus caminhos". O pior cobarde da terra é a pessoa indecisa que, por norma, será sempre tentado a tomar decisões apenas quando estas lhe tocam pessoalmente. E a pessoa indecisa quando se decide é sempre insegura naquilo que faz. Tenhamos em conta que a Bíblia nos diz que devemos "abominar" até o cheiro do pecado. E ninguém abomina uma coisa sem ser de coração. Sempre que as coisas lhe possam sair de feição, o pecador tolera tudo. A força dessa tolerância é a falsa esperança, pois as pessoas quando não se acham em Deus toleram quase tudo porque se amam a elas próprias extremamente e por essa razão apenas crerão que Deus só pode estar com eles em todos os seus muitos caminhos duvidosos, incoerentes com a verdade e inconstantes. Os indecisos também quererão abandonar Deus sempre que Ele não faça as vontades deles ou de seu jeito.

Achei um versículo onde Cristo fala de tolerância, mas em sentido oposto àquele que muitos desejariam ver. "Mas tenho contra ti que toleras a mulher Jezabel, que se diz profetisa; ela ensina e seduz os meus servos", Apoc.2:20. Temos por hábito tolerar e tentar respeitar quem ensina na igreja, quem "ensina Meus servos", conforme Cristo disse. Mas, na verdade, a verdadeira sabedoria estará em não tolerar quando estamos limpos. Se quisermos salvar, fazer com que ponderem seus caminhos, teremos de ser expedientes e fortes ao ponto de confrontarmos abertamente e com poucas palavras e sem palavras que não sejam direccionadas ao coração e à atenção de "quem tem ouvidos para ouvir" – apenas. Assim, confrontando alguém, não apenas com argumentos nem com sentimentos magoados, usaremos de nossa boa conduta e espírito para nunca termos de falar muito e nem muito soltos da razão. Quem não tolera é santo. E quem não tolera em si mesmo, terá toda a autoridade para ser eficaz ao nunca tolerar em ninguém também. Amem.

José Mateus

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